Mãe d'Água é uma figura mitológica, um elemento do indianismo e do Romantismo, que valorização do elemento indígena.
O poema está dividido em várias partes, marcadas por uma diferença de metro e ritmo. Temos uma descrição da mãe d'água, que é um elemento indígena, sob dois pontos de vista:
=> O do menino, como um ponto de vista positivo: é uma bela moça e boa. Ele fala dela num tom carinhoso e é vista como uma menina.
=> O ponto de vista da mãe, que é negativo: considera a mãe d'água uma sombra. Aconselha o filho a não a fitar, para não se deixar enganar.
A descrição da mãe d'água é feita quase sempre através de comparações:
- com elementos da natureza brasileira;
- com elementos neoclássicos, que predominam através dela ser um elemento da natureza brasileira.
II:
O menino lembra-se dos conselhos da mãe e turva a água para obedecer à mãe, porque ele só a podia ver na água límpida. Mas logo se arrepende de ter feito desaparecer uma imagem tão bela e é repreendido pela mãe. Mas o clima que fica é o da sua tristeza.
III:
Mãe d'água torna a aparecer e é descrita com um vocabulário clássico que remete para a Idade Média: harpa, luzeiros. É uma descrição feita em termos especiais, porque estamos perante um poema indianista e sobre uma figura mitológica índia e, como tal, era de esperar que o vocabulário fosse brasileiro. Prevalece a ideia de luz, que envolve a mãe d'água. Ela exerce um poder de fascínio sobre o menino e, quanto mais dela se aproxima, mais se afasta da mãe, de quem ouve a voz ao longe.
IV:
Esta parte do poema é cortada por uma estrofe, que marca a oposição entre o encantamento e a voz da mãe, da qual se afasta cada vez mais. Esta estrofe vai ainda reforçar mais a ideia de encantamento.
Continuo o uso de vocabulário medieval: donzela angelical, luz, cristal. A luz e a riqueza cega captam a atenção. A mãe d'água consegue captar a atenção do menino através de um discurso que o leva a desejar coisas que não tinha e que ela lhe podia dar.
V:
O menino acede à sedução, apesar da mãe o tentar dos perigos.
Conclusões:
=> Toma uma figura da mitologia indígena, o que torna o poema indianista.
=> A descrição da mãe d'água é essencialmente romântica. Assim, o poema, além de indianista, é romântico:
- descrição e recurso à mitologia;
- prevalência de um ambiente luminoso;
- vocabulário medieval, tom de diálogo coloquial;
- uso de diversos ritmos e metros.
Se, em todo o poema, o motivo é indianista, o modo como se constrói e trata esse motivo é romântico. Pode concluir-se que o Romantismo brasileiro surge como faceta do Romantismo universal. Gonçalves Dias é um romântico, embora tenha poemas indianistas e de caráter urbano, mas sempre de índole romântica.
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