O poeta, para tratar o motivo da saudade romântica, escolhe o ambiente de baile.
Temos duas situações:
=> Descrição do ambiente, não exterior, mas interior do salão, marcado pelo brilho e aspetos sensoriais: odores, perfumes, música, etc. As personagens são concebidas em termos medievais: donzela e trovadores. Também os instrumentos são medievais, uma das principais características do Romantismo europeu: valorizar os elementos captados pelos sentimentos, música, multidão, festa, prazer, etc.
=> Solidão do poeta romântico. O sujeito da enunciação é romântico e a sua atitude é de contemplação e não de participação. Consegue fazer uma correspondência entre o que vê e o que se passa no íntimo de cada um e essa correspondência não existe: o exterior é de alegria e prazer e o interior de choro e aflição. Tudo isto causa no poeta grande tristeza e solidão. Tudo aquilo é falsidade, enquanto a morte é o que há de mais definitivo.
Temos, neste tipo de poesia, três vetores importantes:
=> ritmo ágil e vigoroso;
=> métrica variada;
=> linguagem precisa.
Estes três vetores dão uma enorme força à poesia de G. Dias e através deles se faz uma organização das sugestões do mundo exterior num sistema coerente de representações plásticas e musicais. Isto tem a ver com o apelo do aspeto sensorial. É uma poesia universal pelos temas, mas consegue ser particular pela expressão dos sentimentos: solidão, contemplação do mundo, apelo à eternidade e procura da verdade.
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