Na segunda parte, formada pelos
versos 4 a 7, encontramos o exame médico, destacando-se as dificuldades
respiratórias do paciente, indiciadas pela aliteração do som /t/ e pela linha
pontilhada que sucede ao verso 7.
Na terceira parte, entre os versos 8
e 10, o médico apresenta o diagnóstico ao doente: “– O senhor tem uma escavação
no pulmão esquerdo / e o pulmão direito infiltrado”. O paciente deposita toda a
sua esperança de cura num tratamento: “– Então, doutor, não é possível tentar o
pneumotórax?” A resposta do médico é irónica de brutal: qualquer tratamento
será inútil. E, eufemisticamente, diz-lhe para “… tocar um tanto argentino”. Ou
seja, o clínico está a dizer-lhe que não há qualquer esperança de cura para a
sua doença. E porquê a alusão a um tango argentino? Este era a música das
tragédias. Assim sendo, o diagnóstico sentencioso do médico é, simultaneamente,
irónico e eufemístico, visto que anuncia de forma indireta e até sarcástica a
iminência da morte do paciente.
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