Em virtude da opressão e da
repressão ideológica promovida pelo Estado Novo, não havia liberdade de
expressão, pelo que era necessário encontrar uma forma de passar a mensagem de
modo sub-reptício e não acarretar problemas.
Os cães representam os donos, tal como
na fábula os animais simbolizam os homens. Por exemplo, no capítulo VII, estes
animais são associados aos donos, logo são tratados de forma simbólica, enquanto,
no oitavo, se volta de novo para o nível mais concreto.
O narrador conduz o leitor no
processo de leitura da obra, instituindo explicitamente alguns elementos como
simbólicos ou escrevendo certas palavras em itálico, para as destacar e elas
não passarem despercebidas. O leitor ideal, aquele que o autor busca, é o
leitor-furão, pois este pode aperceber-se do nível subversivo do texto, porque
está atento e vai “juntando as peças deste jogo até completar o seu puzzle
narrativo.”
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