Este
capítulo centra-se de novo na figura de Leonardo Pataca, envolvido em atos de
feitiçaria por causa de um novo amor. Não sendo bem sucedido nos seus propósitos,
recorre à feitiçaria e é surpreendido pelo Vidigal, que o leva preso.
De
facto, o narrador leva-nos até à tapera de um feiticeiro: trata-se de uma casa
coberta de palha da mais feia aparência, com dois cómodos e uma mobília
bastante rudimentar – dois ou três assentos de paus, algumas esteiras e uma
grande caixa de madeira que servia, simultaneamente, de mesa de jantar, cama, guarda-roupa
e prateleira. Este episódio é usado por Jorge Amado para criticar as práticas
de feitiçaria, a que recorriam com grande frequência tanto as gentes do povo
como parte da alta sociedade.
Uma das
pessoas que procura o velho caboclo feiticeiro é, pois, Leonardo Pataca, por
causa das contrariedades de um novo amor. De facto, apaixona-se por uma cigana
que conhecera após a fuga de Maria, porém, tal como sucedera com esta, que
fugira com o capitão de um navio de Lisboa sob o pretexto de sentir saudades da
pátria, também a nova paixão lhe é infiel e o abandona. Assim, Pataca recorre
aos serviços do feiticeiro para conseguir a cigana de volta, a troco de
dinheiro e da realização de diversas ações: submissão a fumigações de ervas
sufocantes; tragar de bebidas enjoativas; decorar de milhares de orações, que repete
várias vezes ao dia; depósito quase todas as noites de determinadas quantias e objetos
em lugares determinados, tudo com o objetivo de colher a ajuda de certas
divindades. No entanto, a cigana parece imune a tudo e não há maneira de voltar
para os braços de Pataca. A derradeira prova acontece à meia noite de certo dia:
Leonardo desloca-se a casa do feiticeiro, é forçado a trajar como Adão e a
envergar um manto imundo; depois, ajoelha e reza em todos os cantos da casa do
velho. De seguida, aproxima-se da fogueira, enquanto quatro figuras saem do
quarto, juntam-se-lhe e, todos juntos, começam a dançar ao redor do lume.
Subitamente, batem levemente à porta: é o Major Vidigal.
Neste
capítulo, Jorge Amado critica também o vocabulário romântico, a propósito da
figura de Leonardo Pataco: “… mas o homem era romântico, como se diz hoje, e
babão, como se dizia naquele tempo.” A comicidade é uma das características
fundamentais do discurso, o que marca já uma oposição ao Romantismo, de que é
exemplo Iracema.
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