Nessa noite,
Hamlet junta-se ao grupo de atores e instrui-os sobre como representar os
papéis que escreveu para eles, lamentando os atores que exageram as suas
representações ou procuram suscitar o riso fácil, em vez de representarem de
forma genuína.
Entretanto,
chegam Polónio, Rosencrantz e Guildenstern. Hamlet dirige-se-lhes e questiona
Polónio se o rei e a rainha assistirão à peça. Após resposta afirmativa, diz
àquele que passe a informação aos atores e manda Rosencrantz e Guildenstern
apressarem os atores.
Horácio
entra em cena e o príncipe, satisfeito por o ver, elogia-o calorosamente,
destacando as suas qualidades de espírito, a capacidade de autocontrole e
reserva, bem como a sua lealdade e racionalidade. Depois de lhe contar o que o
fantasma lhe disse, isto é, que Cláudio assassinou o seu pai, informa-o do seu
plano de usar a cena que escreveu e que será adicionada à peça, a qual recria o
que o espírito lhe revelou. Assim, pede a Horácio que observe cuidadosamente a
reação de Cláudio durante aquela cena específica para avaliar a sua culpa. Se o
rei parecer inocente, tal quererá dizer que o espectro será, afinal, um
demónio. Horácio concorda, dizendo que, se o monarca, evidenciar algum sinal de
culpa, ele irá identifica-lo.
As trombetas
tocam uma marcha dinamarquesa enquanto os membros da corte e o casal real
entram no compartimento. O rei dirige-se a Hamlet e pergunta-lhe se está bem,
ao que o príncipe responde de forma indireta e intrigante, antes de questionar
Polónio sobre a sua experiência enquanto ator nos tempos de faculdade. Ele confirma
que participou em peças e que chegou mesmo a desempenhar o papel de Júlio
César, o que leva Hamlet a refletir sobre o assassinato do imperador romano e a
ação impiedosa do seu filho Brutus no crime.
Rosencrantz
informa que os atores estão preparados. Gertrudes convida, então, o filho a
sentar-se ao seu lado, mas ele opta por o fazer junto a Ofélia, provocando-a
com uma série de trocadilhos eróticos, que a rapariga desvia, aludindo ao bom
humor do companheiro.
A pantomina
pré-peça inicia-se e os atores representam uma cena em que um rei e uma rainha
trocam afeto carinhosamente. Depois, a monarca sai e deixa o marido a dormir.
Enquanto dorme, um homem rouba a sua coroa, derrama veneno no seu ouvido e
foge. A rainha retorna, descobre o rei morto e chora o sucedido. Entrementes, o
assassino regressa e começa a cortejar e a seduzir a viúva com presentes até
ela ceder. Ofélia mostra-se perturbada com aquilo a que assistiu. A
representação prossegue, entrando agora na peça propriamente dita: um rei e uma
rainha discutem a duração do seu casamento e o amor que sentem mutuamente. O
monarca reflete sobre a sua idade avançada e a morte que se aproxima e sugere que
a esposa se deveria casar novamente após a sua partida. A rainha responde que
um novo casamento seria como uma maldição e que cada beijo do outro marido
seria semelhante a matar repetidamente o primeiro. O rei incentiva-a a manter a
sua mente aberta e a não excluir hipóteses, visto que os seus sentimentos podem
mudar após a sua morte, mas a esposa recusa terminantemente um novo matrimónio.
A rainha sai, deixando o marido dormindo. Hamlet aproveita e pergunta à mãe se
está a gostar da peça, ao que ela responde afirmativamente, acrescentando,
porém, que a soberana refilava em demasia. Cláudio faz-se ouvir também e
questiona se a peça não pode ser considerada muito inquietante e ofensiva,
todavia Hamlet afirma que não passa de uma representação teatral que não
incomodará ninguém cuja consciência esteja tranquila.
Nesse ínterim,
entra no palco um novo ator, representando uma personagem chamada Luciano, que
é sobrinho do rei e que derrama veneno no ouvido do tio, matando-o. Nesse
momento, Cláudio levanta-se e sai. A representação da peça é interrompida por ordem
de Polónio e todos abandonam a sala, exceto Hamlet e Horácio. Os dois dialogam
e concordam que a reação de Cláudio é reveladora de culpa.
Rosencrantz
e Guildenstern regressam e informam Hamlet que o rei está muito aborrecido e que
a rainha ficou bastante irritada e solicita a sua presença nos seus aposentos.
Polónio chega e informa Hamlet que a mãe deseja vê-lo imediatamente. O príncipe
responde que irá ter com ela em breve e pede-lhe um momento a sós. Sozinho em
cena, Hamlet decide ser absolutamente honesto com a mãe quando falar com ela,
sem, no entanto, perder o controle e agir violentamente.
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