quinta-feira, 14 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Sofia Faustino recria um poema de Torga
Que desgraça, meu Deus!
Tenho o livro de português aberto à minha frente,
Tenho a memória cheia de poemas,
Tenho as respostas que encontrei
Que todo o santo dia me rasguei
À procura não sei
De que palavra, síntese ou imagem!
Que desespero dentro de mim
Não sei analisar poemas!
E sempre o mesmo trágico desejo
De ver passado o teste de português!
Sempre a mesma vontade de gritar,
Embora de antemão a duvidar
Da exactidão das respostas que guardei!
Tenho o livro de português aberto à minha frente,
Tenho a memória cheia de poemas,
Tenho as respostas que encontrei
Que todo o santo dia me rasguei
À procura não sei
De que palavra, síntese ou imagem!
Que desespero dentro de mim
Não sei analisar poemas!
E sempre o mesmo trágico desejo
De ver passado o teste de português!
Sempre a mesma vontade de gritar,
Embora de antemão a duvidar
Da exactidão das respostas que guardei!
"A Canalha", Jorge de Sena
Como esta gente odeia, como espuma
por entre os dentes podres a sua baba
de tudo sujo nem sequer prazer!
Como se querem reles e mesquinhos,
piolhosos, fétidos e promíscuos
na sarna vergonhosa e pustulenta!
Como se rabialçam de importantes,
fingindo-se de vítimas, vestais,
piedosas prostitutas delicadas!
Como se querem torpes e venais
palhaços pagos da miséria rasca
de seus cafés, popós e brilhantinas!
Há que esmagar a DDT, penicilina
e pau pelos costados tal canalha
de coxos, vesgos, e ladrões e pulhas,
tratá-los como lixo de oito séculos
de um povo que merece melhor gente
para salvá-lo de si mesmo e de outrem.
Jorge de Sena, 07/12/1971
por entre os dentes podres a sua baba
de tudo sujo nem sequer prazer!
Como se querem reles e mesquinhos,
piolhosos, fétidos e promíscuos
na sarna vergonhosa e pustulenta!
Como se rabialçam de importantes,
fingindo-se de vítimas, vestais,
piedosas prostitutas delicadas!
Como se querem torpes e venais
palhaços pagos da miséria rasca
de seus cafés, popós e brilhantinas!
Há que esmagar a DDT, penicilina
e pau pelos costados tal canalha
de coxos, vesgos, e ladrões e pulhas,
tratá-los como lixo de oito séculos
de um povo que merece melhor gente
para salvá-lo de si mesmo e de outrem.
Jorge de Sena, 07/12/1971
domingo, 10 de julho de 2011
Eça, um homem actual
Há 140 anos, isto é, em 1871, Eça de Queirós afirmou o seguinte:
«Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: "o país está perdido!"
Algum opositor do actual governo?... Não!»
«Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: "o país está perdido!"
Algum opositor do actual governo?... Não!»
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Fim das marcas "Blogger" e "Picasa"
A Google vai mudar as marcas de vários dos seus serviços mais populares, como o Blogger e o Picasa, para facilitar a respetiva integração no Google+. O YouTube mantém-se inalterado.
Saber mais >>aqui.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Premonição...
De acordo com professores que corrigiram exames nacionais (quer do 9.º ano quer do ensino secundário), os resultados que vêm a caminho não são nada famosos.
Exemplificativo disso é o facto de haver correctores com 70% de provas com classificação negativa. Quer isto dizer que, por exemplo, em 50 exames, 35 são inferiores a 10 valores (ensino secundário) ou ao nível 3 (9.º ano).
domingo, 3 de julho de 2011
"Sísifo", de Miguel Torga
O ano lectivo terminou há muito, a primeira fase dos exames nacionais também.
Como mensagem para um novo ciclo que se aproxima para milhares de alunos, que já vislumbram a universidade no horizonte, aqui fica o poema "Sísifo", da autoria de Adolfo Correia da Rocha, mais conhecido por Miguel Torga:
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.Se puderes,
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, Diário XIII
quarta-feira, 29 de junho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Exame Nacional 2011 - 1.ª fase - Proposta de correcção
Grupo I
Texto A
1. Sensações do sujeito poético:
- Sensação visual: "Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi." (v. 3);
- Sensação auditiva: "As vozes, que sobem do interior do doméstico..." (v.8).
2. Infância é sinónimo de:
- inocência, felicidade e alegria ("As crianças, que brincam..." - v. 5);
- beleza e fragilidade (os vasos de flores);
- protecção ("... que brincam às sacadas altas..." - v. 5);
- a (aparente) eternidade da alegria e felicidade simbolizadas pela infância, reveladora da inconsciência que as crianças têm da passagem do tempo.
3. Relação entre o sujeito poético e os outros:
- é uma relação de oposição: o sujeito é infeliz e vive desajustado; os outros são felizes e vivem ajustados ao que os rodeia;
- por outro lado, o sujeito é diferente dos outros, de quem vive afastado e que desconhece ("pessoas que desconheço, / que já vi mas não vi.").
4. Na última estrofe, o sujeito revela o seu vazio e a sua dor ("Um nada que dói..." - v. 26) e esse estado de espírito resulta da reflexões que fez nas estrofes anteriores.
Assim, nelas ele questiona-se acerca do sentir dos «outros», concluindo que, no fundo, não há «outros», mas «nós», isto é, só é possível sentir individualmente. Por outro lado, é extremamente difícil ou impossível ter acesso ao sentir do(s) outro(s), dado que há um fechamento, uma falta de comunicação dos seres humanos entre si, que tem a ver com a individualidade de cada ser humano.
Texto B
. Introdução:
- Reis, heterónimo de Pessoa, de formação clássica, cultor de um epicurismo triste;
- Desenvolve o tema da da brevidade, fugacidade e transitoriedade da vida / do tempo.
- A passagem do tempo é inexorável, a vida é breve e a morte uma certeza (imagem do rio que passa, do mar, os símbolos clássicos - a barca, Caronte, o óbolo, etc.) # contraste com a Natureza, que se renova periodicamente;
- A impossibilidade de o Homem lutar contra esses factos;
- Implicações: sofrimento, dor, angústia...;
- Objectivo: evitar o sofrimento;
- Adopção de uma filosofia de vida / princípios de vida:
- ideal do carpe diem: aproveitar o momento, porque a vida é breve;
- viver com moderação, auto-domínio, sem apego às coisas;
- comedimento das paixões, das ambições, evitando assim a dor da morte;
- busca do prazer relativo e da ataraxia;
- ...
. Conclusão:
- Reis procura evitar o sofrimento e a dor motivadas pela efemeridade da vida / passagem do tempo;
- Reis constrói uma filosofia de vida orientada nesse sentido.
Grupo II
Versão 1 Versão 2
1.1. D 1.1. B
1.2. B 1.2. A
1.3. C 1.3. B
1.4. D 1.4. C
1.5. C 1.5. B
1.6. A 1.6. D
1.7. A 1.7. B
2.1. O antecedente dos pronomes possessivos é o grupo nominal "As terras".
2.2. A expressão destacada desempenha a função de sujeito.
2.3. A oração referida é uma oração subordinada adverbial consecutiva.
Grupo III
. Introdução:
- A importância genérica da literatura / da leitura para o ser humano;
- Relacionamento com o texto introdutório.
. Desenvolvimento:
- Argumento 1: a literatura desperta o sonho, a criatividade, a imaginação, dá asas ao
Homem para este voar; é uma forma de evasão;
- Exemplos:
a) a identificação com uma situação, uma personagem...;
b) a construção de uma imagem mental das personagens, dos espaços,
dos cenários, das acções...
- Argumento 2: a literatura é sinónimo de conhecimento, cultura, consciência, espírito
crítico, liberdade...
- Exemplos:
a) a leitura protege o ser humano da ignorância, estupidez, tirania... - con-
frontar a sociedade portuguesa anterior ao Salazarismo e a actual, mais
escolarizada, mais «lente»;
b) os alunos que lêem regularmente, por norma exprimem-se melhor, pen-
sam de forma estruturada e crítica, em comparação com aqueles que
não lêem, que apresentam maiores dificuldades em se expressarem.
- Argumento 3: a literatura possibilita o estreitamento das relações familiares, a partilha
e a afectividade; nela estão retratados os sentimentos humanos e as
formas de relação do Homem com o que vê, sente...
- Exemplos:
a) a leitura em família (os pais que lêem para os filhos em idade pré-esco-
lar; os pais e filhos que lêem em conjunto / partilham a leitura...);
b) os clubes de leitura...
- Argumento 4: a literatura é a transfiguração da realidade, possibilitando assim a fuga
à rotina e à monotonia do quotidiano;
- Exemplo: a fruição da leitura; a literatura / leitura enquanto prazer, ocupação de
tempos livres - função semelhante à desempenhada por outras formas
de arte (a música, o cinema, o teatro...).
e a afectividade; nela estão retratados os sentimentos humanos e as
formas de relação do Homem com o que vê, sente...
- Exemplos:
a) a leitura em família (os pais que lêem para os filhos em idade pré-esco-
lar; os pais e filhos que lêem em conjunto / partilham a leitura...);
b) os clubes de leitura...
- Argumento 4: a literatura é a transfiguração da realidade, possibilitando assim a fuga
à rotina e à monotonia do quotidiano;
- Exemplo: a fruição da leitura; a literatura / leitura enquanto prazer, ocupação de
tempos livres - função semelhante à desempenhada por outras formas
de arte (a música, o cinema, o teatro...).
sábado, 18 de junho de 2011
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