1986
sexta-feira, 13 de abril de 2012
quinta-feira, 12 de abril de 2012
Processos irregulares de formação de palavras
Além da derivação e da composição, existem outros processos de introduzir palavras numa dada língua.
Com efeito, as línguas são organismos vivos que permanentemente se enriquecem com a criação de novas palavras ou expressões (neologismos), ao nível da forma e / ou do significado), denotando novas realidades.
1. Sigla: palavra que resulta da redução de um grupo de palavras às suas iniciais, pronunciando-se letra a letra.
. AVC (Acidente Vascular Cerebral)
. GNR (Guarda Nacional Republicana)
. SLB (Sport Lisboa e Benfica)
. TSF (Telefonia Sem Fios)
2. Acrónimo: palavra que resulta da junção de letras ou sílabas iniciais de um grupo de palavras, sendo pronunciada como uma palavra corrente, ao contrário da sigla, que é soletrada.
. INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica)
. IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado)
3. Truncação: criação de uma palavra a partir do apagamento de parte da palavra de que deriva.
. Otorrino (otorrinolaringologista)
. Metro (metropolitano)
. Mini (minissaia)
. Pneu (pneumático)
4. Amálgama: palavra que resulta da junção de partes de duas ou mais palavras.
. Portunhol (português + espanhol)
5. Empréstimo: palavra estrangeira adotada por uma língua.
. Hambúrguer
. Outdoor
. Ranking
. Robô
6. Extensão semântica: uma palavra (já existente) adquire um novo significado.
. Leitor (informática)
7. Onomatopeia: palavra que imita o som produzido por objetos, animais, fenómenos naturais...
. Ão-ão (latido de um cão)
. Bang (tiro)
. Atchim (espirro)
. Outdoor
. Ranking
. Robô
6. Extensão semântica: uma palavra (já existente) adquire um novo significado.
. Leitor (informática)
7. Onomatopeia: palavra que imita o som produzido por objetos, animais, fenómenos naturais...
. Ão-ão (latido de um cão)
. Bang (tiro)
. Atchim (espirro)
quarta-feira, 11 de abril de 2012
A revisão do Acordo Ortográfico
«Com data de 29.3.2012, podemos ler no Blog da Casa Civil do Presidente da República de Angola (http://www.casacivilpr.com/ pt/noticias/2012/03/29/angola-protela-ad opcao-do-acordo-ortografico/) que Angola protela a adopção do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, porque pretende estudar e avaliar uma série de aspectos de conteúdo, no sentido de acautelar as implicações no sistema educativo nacional. O AO continua a ser avaliado, para que "no caso de ser ratificado" (note-se bem: no caso de...), "o mesmo não cause dificuldades ao sistema educativo em vigor no país". E aponta-se a falta de preparação dos alunos, professores e as implicações que têm a ver com a produção de materiais didácticos, como alguns factores que condicionam a adesão de Angola ao novo acordo.
Acresce um ponto verdadeiramente enigmático na declaração final do encontro: o reconhecimento da "necessidade de se estabelecer formas de cooperação entre a Língua Portuguesa e as demais línguas em convívio nos Estados Membros". O que é que isto quer dizer? O que é cooperação entre línguas? Quais são as línguas em questão? O francês na África Ocidental? O inglês na África Austral? As várias línguas nativas a leste e a oeste?
O significado profundo desta coisa traduz provavelmente a confissão envergonhada, por parte do neocolonialismo luso-brasileiro, de que o AO não dispõe absolutamente nada para a grafia de vocábulos das línguas nativas que tenham sido incorporados no português. Se é este o sentido útil desse ponto, isto significa o reconhecimento, por todos os governos, de que, também por esta razão, o AO não pode ser aplicado enquanto não for alterado!
Por outro lado, a declaração reconhece a inexistência de vários vocabulários ortográficos nacionais e, ipso facto, a inexistência do vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa exigido pelo AO, o qual deveria arrancar daqueles e ser elaborado com a participação de todos os estados membros.
Fala-se depois na necessidade de desencadear acções que diagnostiquem os tais constrangimentos e estrangulamentos na aplicação do AO (volto a perguntar o que será um estrangulamento na aplicação do dito?) e redundem numa "proposta de ajustamento" do mesmo AO.
Se se pretende uma proposta de ajustamento, aceita-se o princípio de uma revisão, que terá de ser objecto de tratado internacional e posterior ratificação para ser válida. Ou seja, a declaração final reconhece implicitamente que não tem pés nem cabeça o que se afirma, quanto ao vocabulário ortográfico do ILTEC e quanto ao segundo protocolo modificativo, nas letras gordas da leviana resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, do Governo Sócrates: nenhum vocabulário ortográfico nacional pode substituir o vocabulário ortográfico comum que o AO exige e o tal protocolo nunca entrou em vigor.
De resto, o melhor reconhecimento de que essa resolução 8/2011 vale zero vírgula zero, resulta, desde logo, de não haver sombras do AO na ortografia da declaração final. Ninguém, nem mesmo o Governo português, a quis aplicar...
Tudo isto significa que Portugal assentou oficialmente na necessidade de revisão do AO. E isso deveria levar à suspensão dele, por não fazer sentido que, enquanto tais acções de revisão e correcção estiverem em curso, se aplique entre nós o que, além de não estar em vigor, ainda não se sabe se vai ser aplicado, nem quando, nem onde, nem em que termos; nem se, afinal, é para todos, ou para ninguém.»
Por outro lado, a declaração reconhece a inexistência de vários vocabulários ortográficos nacionais e, ipso facto, a inexistência do vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa exigido pelo AO, o qual deveria arrancar daqueles e ser elaborado com a participação de todos os estados membros.
Fala-se depois na necessidade de desencadear acções que diagnostiquem os tais constrangimentos e estrangulamentos na aplicação do AO (volto a perguntar o que será um estrangulamento na aplicação do dito?) e redundem numa "proposta de ajustamento" do mesmo AO.
Se se pretende uma proposta de ajustamento, aceita-se o princípio de uma revisão, que terá de ser objecto de tratado internacional e posterior ratificação para ser válida. Ou seja, a declaração final reconhece implicitamente que não tem pés nem cabeça o que se afirma, quanto ao vocabulário ortográfico do ILTEC e quanto ao segundo protocolo modificativo, nas letras gordas da leviana resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, do Governo Sócrates: nenhum vocabulário ortográfico nacional pode substituir o vocabulário ortográfico comum que o AO exige e o tal protocolo nunca entrou em vigor.
De resto, o melhor reconhecimento de que essa resolução 8/2011 vale zero vírgula zero, resulta, desde logo, de não haver sombras do AO na ortografia da declaração final. Ninguém, nem mesmo o Governo português, a quis aplicar...
Tudo isto significa que Portugal assentou oficialmente na necessidade de revisão do AO. E isso deveria levar à suspensão dele, por não fazer sentido que, enquanto tais acções de revisão e correcção estiverem em curso, se aplique entre nós o que, além de não estar em vigor, ainda não se sabe se vai ser aplicado, nem quando, nem onde, nem em que termos; nem se, afinal, é para todos, ou para ninguém.»
Vasco Graça Moura, Diário de Notícias
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Miguel Araújo: «Os Maridos das Outras»
«Os Maridos das Outras» (2012) é o single de apresentação do primeiro álbum a solo de Miguel Araújo, mais conhecido por integrar o grupo Os Azeitonas, onde assina sob o nome Miguel AJ, e a dupla Mendes e João Só (é o primeiro).
My name is Weiss, Peter Weiss
«Quanto ao aumento do desemprego, que atingiu os 15% e superou as previsões da própria “troika”, a explicação [de Peter Weiss, o chefe adjunto da missão da “troika”] é, no mínimo, peculiar: “Pode até acontecer a pedido dos trabalhadores, que é claro que estão interessados em ter uma maior duração do subsídio de desemprego, que pedem ‘em vez de me despedir em Abril, despeça-me em Março’ - pode ser isso. Isto está sempre a acontecer: quando se aumenta os impostos sobre o tabaco, as pessoas começam a comprar cigarros. Isto é um comportamento normal. Não temos quaisquer provas disso, mas avancei isso como uma das razões, porque, como eu disse, nós não entendemos completamente os números”.»
Ler mais AQUI.
domingo, 8 de abril de 2012
"Yes", Tim Moore
Voz de Tim Moore, que canta «Yes», balada típica dos anos 80 (fez parte do álbum «Flash Forward», de 1985), neste vídeo a ilustrar cenas da telenovela «Selva de Pedra», de 1986.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
O suicídio grego
No passado dia 4, um pensionista de 77 anos suicidou-se a tiro na praça Sintagma, em Atenas, Grécia, o berço da civilização europeia.
A nota de suicídio que deixou para trás rezava o seguinte e dispensa comentários:
«O governo de ocupação aniquilou-me literalmente qualquer possibilidade de sobrevivência, dado que o meu rendimento era inteiramente proveniente de uma pensão que eu, sem qualquer suporte de ninguém nem do Estado, financiei durante 35 anos.
Porque a minha idade me impede de assumir uma ação radical (se não fosse isso, se um cidadão decidisse lutar com uma Kalashnikov, eu seria o primeiro a segui-lo), não me resta nenhuma solução exceto colocar um fim decente à minha vida antes de ser forçado a procurar comida nos caixotes do lixo e de ser um peso para os meus filhos.
Eu acredito que a juventude sem futuro brevemente empunhará armas e enforcará todos os traidores nacionais de cima abaixo, como os italianos fizeram a Mussolini em 1945.»
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Exames Nacionais - Mensagem n.º 6
João da Ega
João da Ega é o amigo inseparável de Carlos da Maia. Travam conhecimento e amizade em Coimbra, enquanto estudantes universitários.
O primeiro retrato que nos é fornecido pelo narrador é elucidativo quanto à personalidade e caráter da personagem;
- irreligioso e erético: «... o maior ateu, o maior demagogo...»;
- irreverente, «espantava pela audácia e pelos ditos»;
- exuberante, «exagerou o seu ódio à Divindade, e a toda a Ordem social...»;
- revolucionário, «queria o massacre das classes médias, o amor livre das ficções do matrimónio, a repartição das terras...»;
- satânico, defende o culto de Satanás;
- magro: «... figura esgrouviada e seca...» - traço comum a Eça de Queirós, de quem constituirá o alter-ego;
- usa bigode;
- nariz adunco;
- boémio: «... renovara as tradições da antiga boémia...»;
- romântico e muito sentimental: «... enleado sempre em amores por meninas de quinze anos, filhas de empregados...».
João da Ega representa o Naturalismo, daí que se oponha a Alencar, poeta ultrarromântico. Representa também o intelectual dos grandes ideais, das revoluções facínoras, das grandes alterações sociais, no entanto nada faz para a sua concretização, vivendo num amplo parasitismo, refugiando-se por detrás da figura de Carlos e à custa da fortuna da mãe.
terça-feira, 3 de abril de 2012
Semana Académica - Viseu 2012 - Cartaz
A Educação n'«Os Maias»
Uma das temáticas centrais do romance de Eça é, inequivocamente, a educação.
Este facto compreende-se porque a problemática, de acordo com a estética naturalista, é fundamental na caraterização das personagens e porque assume, nas obras do escritor, uma representatividade considerável.
O quadro a seguir apresentado sintetiza a forma como a temática é abordado em Os Maias:
O quadro a seguir apresentado sintetiza a forma como a temática é abordado em Os Maias:
Esta temática surge outras vezes aflorada ao longo do romance, essencialmente para, através dela, delinear uma imagem das conceções que sobre o assunto eram desposadas pela alta sociedade lisboeta.
Um desses momentos é representado por uma das senhoras do círculo dos Gouvarinhos, que expressa a opinião de que «não havia verdadeiramente senão uma coisa digna de se estudar, eram as línguas», pois tudo o mais eram «coisas inúteis na sociedade» (p. 294). O próprio conde de Gouvarinho, raciocinando com base em esquemas mentais idênticos, insurge-se contra a ginástica nos colégios; e pergunta ao deputado Torres «se, na sua ideia, os nosso filhos, os herdeiros das nossas casas, estavam destinados para palhaços!...» (p. 298).
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Outras ações secundárias
Além da intriga secundária - os amores de Pedro e Maria Monforte -, Os Maias possuem outras ações secundárias:
- a história dos amores de João da Ega e Raquel Cohen;
- o romance de Carlos com a Gouvarinho, que, pelo seu caráter adúltero, sensual e burlesco, contribui para realçar a dignidade dos amores de Carlos e Maria Eduarda;
- a tramóia de Dâmaso, Eusebiozinho e Palma Cavalão.
domingo, 1 de abril de 2012
Maria Eduarda da Maia
Maria Eduarda é uma personagem, como convém à intriga, de quem se conhecem pouquíssimos - para não dizer nenhuns - dados. De facto, sabemos apenas que é a primogénita de Pedro da Maia e Maria Monforte, «uma linda bebé, muito gorda, loura e cor-de-rosa, com os belos olhos negros dos Maias». E é tudo.
Após a fuga de Maria Monforte com Tancredo e do suicídio de Pedro, Afonso da Maia procurou-a, mas ninguém conseguiu descortinar o seu paradeiro. Vilaça crê que morreu, caso contrário a mãe, na situação de extrema pobreza em que vivia, já teria reclamado a parte que cabia à filha na herança do pai. Não obstante, o avô escreveu a um primo, no sentido da Monforte lhe entregar a criança em troca de dinheiro, ao que Vilaça se opõe, argumentando que a menina deveria ter certa de 13 anos e um caráter definido, não falaria português e teria saudades da mãe. Porém, Afonso não se deixa demover e contrapõe que a mãe «é uma prostituta, e a pequena é do meu sangue» (pág. 82). Posteriormente, por intermédio de Alencar, chegam a Santa Olávia notícias da morte de Maria Eduarda e da vida desregrada de sua mãe. E, assim, para todos a neta de Afonso da Maia está morta. Note-se como esta morte aparente da filha de Pedro e da Monforte nos traz à memória a figura trágica de Édipo, cuja morte fora ordenada por seus pais Jocasta e Laio para evitarem o destino que lhes estava predito e a qual, cumprido o destino, se verificou não se ter concretizado.
Dela só voltamos a ter notícias no início do capítulo VI, à entrada do Hotel Central, quando Carlos e Craft assistem à chegada de uma mulher desconhecida, posteriormente conhecida pelo nome de Castro Gomes. O narrador aproveita a ocasião para traçar um breve retrato físico:
- muito distinta;
- alta e loira («cabelos de oiro»);
- esplendorosa na «sua carnação ebúrnea»;
- «com um passo de deusa»;
- «maravilhosamente bem feita»;
- elegante e bem vestida: «um casaco colante de veludo branco»;
- brilhando com «o verniz das suas botinas».
Há, neste retrato, a distinção e o aprumo harmoniosos da mulher clássica. Há também uma entourage de harmonia com a elegância de Maria Eduarda: «um esplêndido preto»; «uma deliciosa cadelinha escocesa». Ora, tratando-se de um retrato euforizante, ultrapassa a distanciação seca do Naturalismo.
O diálogo que se segue à sua primeira visão comporta uma série de informações adicionais sobre os Castro Gomes, logo sobre a «deusa»:
- têm uma filha;
- trata-se de «Uma gente chique»: possuem criado de quarto, governante inglesa para
a filha, viajam com mais de vinte malas;
- vivem em Paris;
- são brasileiros, embora a senhora não tenha sotaque.
Dela só voltamos a ter notícias no início do capítulo VI, à entrada do Hotel Central, quando Carlos e Craft assistem à chegada de uma mulher desconhecida, posteriormente conhecida pelo nome de Castro Gomes. O narrador aproveita a ocasião para traçar um breve retrato físico:
- muito distinta;
- alta e loira («cabelos de oiro»);
- esplendorosa na «sua carnação ebúrnea»;
- «com um passo de deusa»;
- «maravilhosamente bem feita»;
- elegante e bem vestida: «um casaco colante de veludo branco»;
- brilhando com «o verniz das suas botinas».
Há, neste retrato, a distinção e o aprumo harmoniosos da mulher clássica. Há também uma entourage de harmonia com a elegância de Maria Eduarda: «um esplêndido preto»; «uma deliciosa cadelinha escocesa». Ora, tratando-se de um retrato euforizante, ultrapassa a distanciação seca do Naturalismo.
O diálogo que se segue à sua primeira visão comporta uma série de informações adicionais sobre os Castro Gomes, logo sobre a «deusa»:
- têm uma filha;
- trata-se de «Uma gente chique»: possuem criado de quarto, governante inglesa para
a filha, viajam com mais de vinte malas;
- vivem em Paris;
- são brasileiros, embora a senhora não tenha sotaque.
Eusebiozinho
Os primeiros traços desta personagem são-nos apresentados nas páginas 68 e 69 do romance:
- é mais velho do que Carlos (p. 78);
- é fisicamente débil, conforme o atesta o uso abundante de diminutivos na sua caraterização (Eusebiozinho, craniozinho, crescidinho, perninhas, linguazinha, etc.) e pela sova que Carlos lhe dá, não obstante ser mais novo que o primo;
- melancólico, mole / molengão, pasmado, sisudo e tristonho;
- «facezinha trombuda» e amarelidão de manteiga»;
- «olhinhos vagos e azulados, sem pestanas»;
- pernas flácidas, enfezado e estiolado.
A educação a que é sujeito - semelhante à de Pedro da Maia - em nada contribui para formar uma personalidade forte. Os traços essenciais são os seguintes:
- contacto com velhos livros: «... alfarrábios e(...) todas as coisas do saber...»;
- permanência em casa, em constante isolamento e imobilidade;
- superproteção (por parte da mãe e da titi):
- é transportado ao colo;
- anda sempre abafado em roupas;
- dorme no choco com as criadas;
- não toma banho para não se constipar;
- «Passava os dias nas saias da titi a decorar versos, páginas inteiras do "Catecismo de Perseverança"»;
- valorização da memorização, exemplificada pela memorização do poema, que traduz o papel (des)educativo da poesia:
- a deformação da vontade própria, através do suborno, traduzido na promessa da mãe que «se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela»;
- a imersão na atmosfera doentia e melancólica do Romantismo decadente (o poema que Eusebiozinho declama é a «Lua de Londres», de João de Lemos, uma das mais soturnas composições do Ultrarromantismo português);
- o recurso à memorização, isto é, a um atributo que implica a desvalorização da criatividade e do juízo crítico;
- o isolamento da natureza e do mundo: «... abriu a boca, e como de uma torneira lassa veio de lá escorrendo, num fio de voz, um recitativo lento e babujado...» - este excerto mostra, com clareza, como não existe aqui qualquer traço de pensamento, raciocínio, apenas memorização e recitação mecânica de um texto;
- aprendizagem de línguas mortas (o latim);
- estudo da Cartilha, a base deste tipo de educação, com noções erradas: «Passava os dias nas saias da titi a decorar versos, páginas inteiras do "Catecismo de Perseverança". Ele por curiosidade um dia abrira este livreco e vira lá "que o Sol é que anda em volta da Terra (como antes de Galileu), e que Nosso Senhor todas as manhãs...».
Deste caldinho só poderia resultar uma alma doente em corpo doente.
Subscrever:
Mensagens
(
Atom
)