A polícia deixa Bernard, Helmholtz e
John no escritório de Mond. Este chega e diz a John: "Então você não gosta
muito de civilização, Sr. Selvagem.". John concede, mas admite que gosta de
algumas coisas, como o som constante da música. Mond responde com uma citação
de A Tempestade, de Shakespeare: "Às vezes, mil instrumentos de
zumbido zumbem nos meus ouvidos e às vezes vozes." John fica
agradavelmente surpreendido ao descobrir que Mond leu Shakespeare.
Mond faz notar que Shakespeare é um autor
proibido. Em resposta ao questionamento de John, ele explica que essa literatura
é proibida por vários motivos. Em primeiro lugar, coisas bonitas, como boa
literatura, tendem a durar. As pessoas continuam a gostar mesmo quando
envelhecem. Uma sociedade baseada no consumismo, como o Estado Mundial, precisa
de cidadãos que desejem coisas novas. A novidade é, portanto, mais importante
que o valor intrínseco, e a arte de valor deve ser suprimida para dar espaço ao
novo. Em segundo lugar, os cidadãos do Estado Mundial não seriam capazes de
entender Shakespeare, porque as histórias que escreve são baseadas em
experiências e paixões que não existem no Estado Mundial. Grandes lutas e
emoções avassaladoras foram sacrificadas em favor da estabilidade social e
foram substituídas pelo que Mond chama "felicidade", referindo-se à
gratificação infantil de apetites.
John está inclinado a pensar que
esse tipo de felicidade cria seres humanos monstruosos e repulsivos. Ele
desafia o diretor, perguntando se os cidadãos não poderiam ao menos ser criados
como alfas. Mond responde que o Estado Mundial precisa de ter cidadãos felizes a
desempenhar as funções que lhes foram atribuídas, e, como os alfas se sentem
felizes unicamente quando realizam o trabalho alfa (ou seja, intelectual), a vasta
maioria da população realmente precisa de ser degradada e feita estúpida, para
que seja feliz com o seu lugar na vida. Ele exemplifica com uma experiência em
que uma ilha inteira foi povoada por alfas, tendo ocorrido rapidamente uma
guerra civil, porque nenhum dos cidadãos ficou satisfeito com a distribuição de
tarefas.
Embora o Estado Mundial seja uma tecnotopia,
o que significa que é tornado possível graças a tecnologias muitas mais
avançadas do que a nossa, Mond explica que mesmo a tecnologia precisa de ser
mantida sob controles rigorosos para que a sociedade feliz e estável seja
possível. A partir de certo ponto, mesmo as tecnologias de poupança de trabalho
tiveram de ser suprimidas para manter um equilíbrio entre trabalho e lazer.
Para conservar os cidadãos felizes, é necessário mantê-los a trabalhar durante
um certo período de tempo.
A ciência também teve de ser
suprimida para criar uma sociedade feliz e estável, o que é particularmente irónico,
porque os cidadãos do Estado Mundial são ensinados a reverenciar a ciência como
um dos seus valores mais fundamentais. No entanto, nenhum deles – nem mesmo os
Alfas, como Helmholtz e Bernard – realmente possui qualquer treino científico,
portanto nem sabem o que é ciência. Mond também não explica o que é, embora
faça alusão à sua própria carreira como jovem cientista que se envolveu em
problemas ao desafiar a sabedoria convencional. Pode inferir-se daqui que, por
“ciência”, Mond se refere à busca de conhecimento por meio do método
experimental. Em suma, a ciência não pode existir no Estado Mundial porque a
busca da "verdade" entra em conflito com a felicidade. Isto é muito sugestivo,
porque implica que toda a sociedade é de alguma forma construída sobre
mentiras, mas ele é tentadoramente pouco ou nada claro sobre a quais verdades e
quais mentiras se está a referir.
Mond diz a Helmholtz e Bernard que
eles serão exilados. Este começa a implorar a Mond que mude a sua sentença.
Três homens arrastam-no para o sedar com soma. Mond diz que Bernard não sabe
que o exílio é realmente uma recompensa, dado que as ilhas estão cheias das
pessoas mais interessantes do mundo, indivíduos que não se encaixavam na comunidade
do Estado Mundial. Diz mesmo a Helmholtz que quase o inveja. Este pergunta por
que razão, se tem tanta inveja, não escolheu o exílio quando lhe foi oferecida
a possibilidade. Mond explica que prefere o trabalho que realiza a gerir a
felicidade dos outros.
Mond acredita que as ilhas são boas
para se ter à mão, pois dissidentes como Helmholtz e Bernard provavelmente
teriam de ser mortos se não pudessem ser exilados. Ele pergunta a Helmholtz se
gostaria de ir para uma ilha tropical, ao que este responde que prefere uma com
um clima mau, pois isso poderá ajudá-lo a escrever, acabando por acatar a
sugestão de Mond de que vá para as Ilhas Falkland.