A maioria dos eventos do romance
ocorre na Inglaterra. Huxley usa marcos familiares ingleses para ajudar os seus
leitores a descodificar o futuro que ele imaginou. A Estação Charing Cross, em
Londres, tornou-se a "Charing T Tower", porque as cruzes cristãs
foram substituídas pelo "T" do carro Modelo T da Ford, enquanto as
estações de comboio foram substituídas por torres que lançam foguetes
intercontinentais. A outra localização principal do romance é a "Reserva
Selvagem" no Novo México. É uma área em que as tecnologias do Estado
Mundial não foram introduzidas. Os "selvagens" ainda dão à luz,
acreditam em deuses e suportam a dor física e o sofrimento emocional. O povo e
os costumes da Reserva Selvagem são modelados vagamente nas tradições dos
nativos americanos de Zuñi. O cenário da Reserva permite que o romance compare
todas as sociedades históricas – da era neolítica à de Huxley – com a sociedade
do Estado Mundial.
O cenário do Estado Mundial é
central para a exploração dos temas de Admirável Mundo Novo. Como a
prioridade dos Controladores Mundiais é a felicidade dos seus cidadãos, ninguém
no Estado Mundial tem a oportunidade de aprender com o sofrimento ou
experimentar a solidão. Arte e religião não existem. O cenário altamente
controlado do Estado Mundial estabelece a questão central do romance: qual é o
preço da felicidade e valerá a pena pagá-lo? Ao oferecer-nos uma visão do
futuro do nosso próprio mundo, Admirável Mundo Novo é capaz de
questionar e satirizar os valores da sociedade contemporânea. Por exemplo, o
"Processo de Bokanovsky", que duplica os seres humanos, satiriza a
produção em massa, levando-a à sua conclusão extrema. Ao mostrar que no Estado
Mundial a religião e a arte não têm sentido, o romance põe em dúvida o valor de
ambas na nossa própria época.