Português: Os protagonistas de Admirável Mundo Novo

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Os protagonistas de Admirável Mundo Novo

            A obra tem dois protagonistas. Desde o início do romance até à visita de Bernard à Reserva, esta personagem é o protagonista, uma figura que é um estranho no Estado Mundial. Fisicamente, é pequeno ("oito centímetros abaixo da altura padrão do Alfa"), o que leva os demais cidadãos a troçarem dele. Porque é um estranho, sente-se único. Isso coloca-o em desacordo com a sociedade do Estado Mundial, onde todos deveriam sentir o mesmo que os restantes. Bernard valoriza sua individualidade e quer sentir-se ainda mais individual: "como se eu fosse mais eu". A busca de autonomia põe em movimento a trama, quando ele decide visitar a Reserva Selvagem. Tudo o que acontece no livro após essa visita é resultado de sua decisão. O resultado mais significativo dessa decisão é que Bernard leva John para o Estado Mundial. A partir daí, a sua história torna-se secundária à de John. Bernard continua a sentir-se um indivíduo, mas deixa de procura uma maior individualidade. A associação ao Selvagem torna-o famoso e popular e começa a ver-se menos como alguém de fora.
Do capítulo 8 até ao final do romance, John é o protagonista da história. Ele constitui o outsider definitivo no Estado Mundial, porque cresceu na Reserva Selvagem, onde nenhuma das tecnologias ou formas de controle social do Estado Mundial foi introduzida. Como não foi condicionado, acredita que o objetivo da vida não é ser feliz, mas buscar a verdade, por isso sente nojo do Estado Mundial, onde tudo está configurado para fazer as pessoas felizes e ninguém pode procurar a verdade. Ele tem uma série de conflitos com o Estado Mundial e os seus valores e fica incomodado quando Helmholtz ri de Shakespeare. Recusa-se a ir às festas de Bernard e fica horrorizado quando Lenina o tenta seduzir. Quando ele descobre que a sua mãe recebeu tanta soma que não tem noção de que está a morrer, John finalmente encaixa-se. Ele deita fora o suprimento de soma dos trabalhadores do hospital, porque, diz, torna os cidadãos do estado "escravos". No final do romance, o controlador Mustapha Mond permite que John viva da maneira que escolher e escolhe procurar a verdade através da autopunição ritual, mas falha a sua busca e cede às tentações do prazer. Depois de participar numa orgia, enforca-se.

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