Inicia-se neste
capítulo a terceira e última fase de Quina, coincidente com a adoção de
Custódio como uma espécie de filho.
1. O apogeu de
Quina no poder material e espiritual:
"Eis aqui
a senhora Joaquina Augusta, da casa da Vessada, a quem o seu acréscimo de
propriedades e riquezas em rendosos dinheiros conferia já o título de dona.
Tinha cinquenta e oito anos, mantinha-se com uma esbelteza de rapariga, se bem
que um tanto corcovada e de cabeleira totalmente branca. Estava ela no apogeu
das suas faculdades de administradora, de discernimento e de vivacidade. (...)
Estava perfeita no seu cargo de sibila...". (pp. 134-135)
2. A
vulnerabilidade de Quina
Quina recebe em
sua casa Emílio, aliás Custódio, uma espécie de filho adotivo, e começa a
revelar os primeiros sinais de fraqueza e vulnerabilidade: "Mas não
passava duma mulherzinha inteiramente ignara, tola e vulnerável de coração, no
dia em que aceitou em sua casa aquela criança e incondicionalmente a adotou".
(p. 135)
3. A sabedoria
popular: as diligências de Quina para conseguir que o menino fale, embora
defeituosamente. (p. 135)
Por outro lado,
na página 138, a narradora fez referência à tendência popular para atribuir e
conservar alcunhas: "Estava ela [Custódio] registada com o nome de Emílio,
mas, como todas as crianças antes do batismo são chamadas Custódios pelo povo,
aos quatro anos designavam-no apenas como tal, e nunca o reconheceram com outro
nome".
4. Custódio
4.1.
Caracterização
Era "um
belo menino" que quase não falava (era "belfo"), filho do
escudeiro da Condessa de Monteros e duma prostituta. Falecida Elisa Aida, o
escudeiro entrou ao serviço de Quina. Um dia, desapareceu e Quina ficou com a
criança. (pp. 138-139)
4.2.
A importância de Custódio para Quina
- o despertar da ternura:
"Nunca ninguém a considerara tão única, tão imprescindível, tão
suprema". (p. 140)
De facto, a
entrada de Custódio na sua vida vai operar nela uma grande mudança,
despertando-lhe toda a sua recalcada capacidade de ternura humana:
"Tinha-se operado nela uma estranha mudança. (...) Tinha ganho talvez em
suavidade e simpatia, mas, de facto, alguma coisa do seu carácter se
constrangera até se estiolar.". (p. 140)
4.3.
Retrato de Custódio (segundo Germa – pp. 141-142)
- "belo e fatal"
- "quase adolescente"
-"graças dum efebo um tanto selvagem":
. "no expectante do gesto"
. "no
movimento da cabeça (...) ingénuo"
- lábio vulgar e espesso demais
- fronte saliente e obtusa
- cabelos curtos
- olhos azuis, baços
5. Luta entre
Germa e o pai
Abel mostra-se
muito preocupado e inquieto com a mudança de Quina, que acolhera Custódio, lhe
dedicava toda a sua ternura e podia elegê-lo como seu herdeiro, deixando-lhe a
fortuna. Abel sempre sonhara com o dote da irmã solteirona para a filha, Germa,
e constatava agora o perigo que constituía a intromissão de Custódio. Germana
não se identifica com esta mentalidade calculista burguesa, tem uma diferente
visão do mundo e da vida, fruto da sua formação intelectual temperada pelos
contactos com o campo e a conceção de vida rural, simbolizados pela casa da
Vessada. (p. 142)
6. Germa adulta
A memória e o
fascínio da Vessada fazem regressar Germa, só que depara com a mudança de Quina
e acaba por se sentir a mais. Assim, a Vessada assume as formas de um
"paraíso perdido" (pp. 143-145). Contrastando com a sua rápida
evolução em criança, Germa, já mulher, manifesta uma certa estagnação mental:
"Germa era uma mulher, agora; porém, essa maturidade que se exprime nas
criaturas por um estacionamento mental, a súmula de perceções acerca da
sociedade e da natureza que regem até à morte o homem, sem que o seu espírito
experimente mais ima instigação de curiosidade, de interesse, de reparo, de
conclusão nova, isso ela não adquirira". (p. 142)
7. A sabedoria
popular e a verosimilhança (pp. 143-144).
8. Nova
focalização de Custódio por Germa
Este novo
retrato revela-nos um ser insociável e tímido, donde se destaca a sua
animalidade irracional, a violência e a crueldade (a caça às rãs) e o
isolamento (pp. 147-148).