domingo, 14 de outubro de 2018
sábado, 13 de outubro de 2018
Coerência textual
A coerência textual
é a propriedade que confere sentido global a um texto / enunciado, dizendo
respeito às relações de sentido que se estabelecem no texto e ao modo como ele
se apresenta lógico. As situações e as ideias veiculadas têm de ser lógicas e
adequadas ao conhecimento que os falantes têm da realidade, como, por exemplo,
as situações de ordenação temporal ou as relações de causalidade (Não saí porque
chovia.).
A coerência textual resulta de vários fatores:
(a) o género e a tipologia do texto[1];
(b) as relações intertextuais (as
relações com outros textos);
(c) os temas;
(d) a intencionalidade comunicativa
do autor do texto;
(e) a capacidade interpretativa do
leitor / recetor;
(f) o princípio da cooperação entre
emissor e recetor;
(g) do conhecimento do mundo e do
grau em que este conhecimento deve ser ou é compartilhado pelos interlocutores;
Por outro lado, como a coerência está dependente da
organização das ideias de um texto e à forma como elas se interligam a nível da
lógica e do sentido, esse texto deve obedecer a um conjunto de requisitos para estar bem estruturado e
produzir sentido:
(a) a unidade de conteúdo: o texto
deve tratar um tema central, que depois é desenvolvido e analisado;
(b) a continuidade[2]:
o texto contém unidade de tema garante que existe um fio condutor;
(c) a progressão: diz respeito ao
desenvolvimento das ideias e dos acontecimentos e ao aparecimento de nova
informação;
(d) a estrutura (normalmente, um
texto apresenta uma estrutura tripartida: Introdução, Desenvolvimento,
Conclusão);
(e) do domínio das regras que
regulam a língua, o que permite as várias combinações dos elementos linguísticos;
Para
que um texto tenha coerência, é necessário também ter em conta alguns
mecanismos:
Mecanismos
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Exemplos
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Na
coordenação, os factos descritos são apresentados segundo a ordem por que
acontecem.
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A calçada portuguesa nasceu
em Lisboa, espalhou-se pelo país, alastrou pelo mundo.
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Seria
incoerente dizer: A calçada portuguesa
nasceu em Lisboa, alastrou pelo mundo, espalhou-se pelo país.
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Na
subordinação, é possível reconhecer uma relação de causa-efeito, de condição
ou consequência entre os acontecimentos descritos.
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Faltam calceteiros
profissionais, porque a Escola de Calceteiros formou poucos.
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Relação
de causa-efeito (causa: a Escola de Calceteiros formou poucos
calceteiros; efeito: faltam calceteiros profissionais.
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Os calceteiros são tão
poucos que não chegam para fazer a manutenção da calçada.
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Relação
de consequência.
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Se houvesse mais calceteiros, as
calçadas estariam em melhor estado.
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Relação
de condição.
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A
ordenação é feita de acordo com relações lógicas (ex.: classe-elemento,
todo-parte) ou segundo a forma como percecionamos a realidade.
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Faltam calceteiros profissionais
que façam a calçada como manda a tradição: pedras bem cortadas,
com o máximo de dois milímetros de separação, coladas com areia lavada
pelo rio.
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Primeiro
apresenta-se o todo (“calçada”), depois as partes – “pedras” (parte que percecionamos em
primeiro lugar) e “areia” (parte
que percecionamos em segundo lugar).
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Atentemos
nas palavras de Vilas-Boas e Vieira (Entre
Palavras 11, pág. 21):
“Ao leres o capítulo I do Sermão pudeste observar que:
● nada nele vai contra o que conheces do mundo, em geral, e do mundo
do século XVII, em particular; por outras palavras, o ouvinte do sermão ou o
leitor do mesmo reconheceria, ao ouvi-lo ou ao lê-lo nesse século, as
coordenadas religiosas, culturais ou sociais do seu mundo como corretas;
● ele se apresenta ordenado logicamente, seguindo uma progressão
evidente, que começa na constatação de que a terra está corrupta e na indagação
das causas deste estado; o texto progride, criticando os maus pregadores e os
maus ouvintes; apresenta depois o exemplo de Santo António e da sua pregação
aos peixes, dado não ter audiência humana, e termina com a resolução do
pregador em pregar também aos peixes, uma vez que nada espera dos homens.
Por estes motivos, o
texto apresenta coerência textual, a
propriedade dos textos que:
● representam a normalidade do
mundo;
● se apresentam logicamente
ordenados;
● progridem através de relações
lógicas internas ou intratextuais – de causa, de consequência, etc.;
● não apresentam informação
contraditória entre si.
A coerência textual ocorre quando as ideias e os conceitos
transmitidos pelo texto estão de acordo com o conhecimento que o leitor tem
do mundo e quando o texto possui uma lógica interna e respeita os princípios
da relevância, da não contradição e da não tautologia.
|
Existem diferentes tipos
de coerência.
A. Coerência lógico-conceptual: uma frase ou um texto é
coerente se as situações nele criadas estiverem de acordo com aquilo que
sabemos acerca do mundo e se forem respeitados alguns princípios que orientam a expressão do pensamento bem
estruturado.
· «O carro está amolgado porque
não bateu.»
¯
Esta
frase é incoerente porque estabelece uma relação de causalidade que se opõe ao
conhecimento que temos do mundo.
Os
princípios a que um texto tem de
obedecer para ser coerente são os seguintes:
1.º)
Princípio da não contradição:
um texto coerente não deve representar situações incompatíveis ou
contraditórias entre si; devem ser compatíveis entre si e com o mundo (quer no
que está explícito quer no que se pode inferir) – por exemplo, a pessoa ou os
tempos verbais não se devem contradizer:
· O
número três é ímpar e é par. [texto incoerente]
· Estar vivo é estar morto.
[texto incoerente]
·
Estão 40 graus lá fora. Vou vestir um sobretudo. [texto incoerente]
· Entrei
no consultório. Havia revistas de capas coloridas. Uma pequena mesa estava
debaixo delas.
¯
A
frase é incoerente, pois a ordenação lógica
dos elementos descritos não corresponde ao modo como geralmente os percecionamos
na realidade.
· Entrei
no escritório. Havia revistas de capas coloridas em cima de uma pequena mesa.
¯
A
frase é coerente.
· Entrei
no consultório. Primeiro vi revistas de capas coloridas. Só depois reparei na
pequena mesa que estava debaixo delas.
¯
A
frase é coerente, pois as formas linguísticas «primeiro» e «só depois»
determinam a ordem pela qual a realidade foi percecionada.
2.º)
Princípio da relevância:
–
um texto coerente deve apresentar informações (situações e acontecimentos) que
estejam relacionadas entre si, por meio de relações intratextuais (organização
temporal, relações de semelhança, de oposição, de causa-efeito, de parte-todo
ou todo-parte, de geral-particular ou particular-geral, de classe-elemento ou
elemento-classe, de compatibilidade / incompatibilidade entre um tema e as
informações remáticas a ele ligadas);
–
o que é transmitido deve ser compatível com o conhecimento que os leitores têm
do mundo;
–
um texto seleciona apenas aquilo que é importante para a sua progressão
temática, para a consecução do objetivo da comunicação, devendo, pois,
suprimir-se o que não é relevante ou o que é facilmente dedutível.
· Estou
a estudar gramática. O meu irmão gosta de
rebuçados. A coerência é uma matéria interessante. [texto incoerente]
· Gostei
muito deste livro porque amanhã vou sair. ® A frase não é coerente porque
não há uma relação de causa / consequência entre os eventos descritos.
· «A mesa dançou toda a noite.»
¯
A
frase é incoerente, pois as propriedades atribuídas ao objeto «mesa» não são
conformes à nossa visão do mundo. Poderá, no entanto, assumir coerência se,
enquadrada num determinado contexto, funcionar com valor estilístico – por
exemplo, de personificação.
· «A Ernestina dançou toda a
noite com o namorado.»
¯
A
frase é coerente.
3.º)
Princípio da não redundância ou tautologia:
para que seja coerente, um texto deve conter informação nova (progressão
temática), ou seja, novos tópicos de conteúdo, evitando as repetições ou redundâncias
desnecessárias/inúteis. A repetição das mesmas ideias por palavras diferentes
torna o texto excessivo e rebuscado.
· Estar vivo é o contrário de
estar morto.
· O
Afonso chegou atrasado por causa do pai. O seu pai foi o responsável pelo seu
atraso. Por isso ele não chegou cedo. ®
O texto é
incoerente, pois transmite uma informação quase nula, uma vez que esta é
repetida constantemente.
B. Coerência
pragmático-funcional:
o texto é construído e articulado com coerência quando se adequa à situação de
comunicação, de acordo com
Ä a articulação entre atos
ilocutórios;
Ä
a adequação à situação de comunicação (ao contexto e aos interlocutores);
Ä a intenção comunicativa.
· «Declaro-vos marido e mulher.»
¯
O
enunciado só será coerente se for proferido pela pessoa institucionalmente
adequada (ex.: um padre), no contexto apropriado.
· A ‑ «Vamos à praia amanhã?»
B ‑ «Tenho de
estudar.»
¯
A
resposta dada à pergunta formulada em A só será coerente se o locutor proceder
a uma inferência pragmática, ou seja, se do enunciado de B inferir uma resposta
negativa ao convite.
C.
Isotopia
A
isotopia (do grego isó = mesmo, igual
+ tópos = tópico, lugar) é outra
forma de conferir coerência a um texto e remete para a presença de uma temática
que se manifesta em diferentes expressões da mesma área de sentido, isto é, a
repetição de palavras e expressões semanticamente equivalentes ao longo da
sequência textual.
Por
exemplo, no soneto “A formosura desta fresca serra”, Camões aborda a isotopia
da dor / saudade causada pela ausência da mulher amada através de um conjunto
de palavras ou expressões semanticamente equivalentes: tristeza, magoando, enoja, aborrece, tristeza.
D.
Pontuação
A
pontuação é um elemento decisivo na construção da coerência de um texto. De
facto, um texto mal pontuado é difícil de perceber ou torna-se mesmo
incompreensível.
Ex.:
Um homem tinha um cão e a mãe do homem era também o pai do cão.
¯
A ausência de
pontuação torna a frase ininteligível. Porém, se a pontuação for acrescentada,
ela adquire sentido: Um homem tinha um
cão e a mãe; do homem era também o pai do cão. (= o homem tinha três cães:
pai, mãe e filho).
[1] A coerência textual
depende também dos géneros de textos:
- há
géneros textuais em que a liberdade interpretativa do leitor é limitada:
Ex.:
artigo de divulgação científica, exposição sobre um tema.
- há
géneros textuais em que a liberdade interpretativa do leitor é alargada:
Ex.:
discurso político, apreciação crítica, anúncio publicitário.
[2] A coerência textual tem
como característica a continuidade de sentido,
-
resultando das estruturas existentes no texto (graças à criatividade, à técnica
e à intencionalidade do autor);
-
relacionando-se com as relações de intertextualidade, as relações
intratextuais, os campos lexicais e semânticos e os mecanismos sintáticos.
Cesário Verde, o persianista
"Cesário Verde é um poeta persianista."
quinta-feira, 11 de outubro de 2018
quarta-feira, 10 de outubro de 2018
Referências bibliográficas
Manual Encontros 10, Porto Editora
terça-feira, 9 de outubro de 2018
Texto expositivo: o Barroco
A partir dos tópicos que se seguem, elabore uma exposição sobre o tema
do Barroco.
I. Aceções do termo:
a) Período histórico (séculos xvi-xvii);
b) Categoria intemporal (parte final de um determinado
movimento artístico).
|
II. Origem do termo:
Alemanha,
século xviii
III. Aceção original:
Movimento
artístico que nega o bom gosto ou
o equilíbrio da arte renascentista. |
IV. Características que vários
teóricos atribuem ao Barroco:
a) Primado da cor e da profundidade;
b) Turbulência e desequilíbrio;
c) Religiosidade panteísta;
d) Sobrecarga decorativa;
e) Liberdade criadora;
f) Irregularidade/extravagância.
|
V. O Barroco em Portugal:
a)
Concílio de
Trento (Contra-Reforma);
b)
Restauração da Independência;
c)
Período de
prosperidade, devido ao ouro
aos diamantes do Brasil. |
VI. O Barroco em Portugal —
características:
a) Estética da imitação;
b) Gosto pelo burlesco (categoria próxima da sátira e
da paródia, proporcionando a deformação da realidade representada);
c) Apreciação do lúdico;
d) Aproveitamento máximo da Retórica, evidenciado, por exemplo,
nos sermões de Vieira (exuberância estilística);
e) Mistura de artes (a música, o azulejo e a palavra do
pregador);
f) Importância do discurso moralizador.
|
Aspetos que deve ter em consideração na elaboração do
texto:
a)
Correção
linguística (acentuação, ortografia, sintaxe);
b)
Estrutura e
planificação:
—
Divisão em três
partes (introdução, desenvolvimento e conclusão);
—
Marcação correta
de parágrafos;
—
Utilização
adequada de conectores (consultar a página 330 do manual).
Início possível:
Podemos compreender o termo «barroco» em duas aceções…
Abrir: a ignorância galopa
A «notícia» contém vários erros, mas é mais do que suficiente limitar o reparo à forma como o verbo «abrir» surge conjugado.
O entrevistado usou a pessoa do plural do modo condicional («abriríamos»), porém o redator da «coisa» decidiu introduzir ali um hífen por razões que nem ele saberá e daí resultou um erro mais do que comum, infelizmente.
Hifeniza-se por aí o que não deveria sê-lo e não se usa o hífen não situações em que a ortografia o exige. E assim segue o estupro da língua portuguesa: sem dó nem piedade.
O entrevistado usou a pessoa do plural do modo condicional («abriríamos»), porém o redator da «coisa» decidiu introduzir ali um hífen por razões que nem ele saberá e daí resultou um erro mais do que comum, infelizmente.
Hifeniza-se por aí o que não deveria sê-lo e não se usa o hífen não situações em que a ortografia o exige. E assim segue o estupro da língua portuguesa: sem dó nem piedade.
quarta-feira, 3 de outubro de 2018
"Como eu quero", Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens
"Como vivo coitada, madre, por meu amigo"
• Assunto: a donzela dá conta à mãe da tristeza em que vive
desde que o seu amigo lhe mandou dizer que vai partir para a guerra contra os
mouros e reza por ele a Santa Cecília.
• Tema: a coita de amor / a saudade / a ausência do amigo.
• Sujeito de enunciação: a
donzela.
• Destinatário:
a mãe.
•
Papel da mãe: confidente (a donzela confessa à sua mãe o
seu estado de espírito infeliz e a sua preocupação, bem como a razão desses
sentimentos).
•
Valor documental: esta cantiga de
amigo, à semelhança de muitas outras, espelha o contexto sociopolítico e
cultural da época medieval:
- Época de conflitos e guerras: o amigo comunica
à donzela que se prepara para partir para o “ferido” ou “fossado”.
- Época de grande religiosidade, comprovada
pelas referências a Santa Cecília.
- Fase primitiva da língua portuguesa.
• Estrutura formal:
-
4 coblas, constituídas por um dístico + o refrão;
-
rima emparelhada consoante e toante;
-
métrica: alternância entre 13 sílabas nos dísticos e 7 no refrão;
-
refrão:
-
sugere a existência de um coro;
- intensifica / enfatiza o sofrimento da
donzela;
-
paralelismo perfeito e leixa-prem – esta cantiga apresenta uma estrutura
paralelística.
• Classificação
quanto à forma:
»
cantiga de refrão
»
cantiga paralelística perfeita (e leixa-prem)
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Análises
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Cantiga de Amigo
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Poesia Trovadoresca
terça-feira, 2 de outubro de 2018
segunda-feira, 1 de outubro de 2018
Ficha de verificação do documentário “Grandes Livros: Sermão de Santo António aos Peixes”
Assinale as afirmações verdadeiras (V) e falsas (F) e corrige estas.
1. No século XVII, o Catolicismo sofreu um golpe com o nascimento das
Igrejas Protestantes. ___
2. O sermão era uma forma literária de os pregadores conseguirem realizar
a tarefa de angariar escravos para as missões. ___
3. O perfil dos pregadores era cuidadosamente controlado e valorizava-se
a roupa, os gestos, o aspeto, o olhar e a voz. ___
4. Naquela altura, nasceu um dito devido à amizade entre o P.ᵉ António
Vieira e D. João IV: “Amanhã, vou pôr tapete em S. Roque.” ___
5. Camões chamou a Vieira o “imperador da língua portuguesa”. ___
6. O Padre António Vieira pregou em Portugal, no Brasil e em Roma. ___
7. Redigiu cerca de 700 sermões e 200 cartas. ___
8. O Sermão de S. António aos Peixes
trata de um assunto intemporal: a variedade enorme de peixes e o que eles fazem
para se comer uns aos outros devido à ambição do poder. ___
9. O segundo sermão mais conhecido será o Sermão da Quinquagésima. ___
10. Padre António Vieira chama aos pregadores “o sal da terra”, porque
este impede a corrupção. ___
11. A citação usada no início do sermão, “Vos estis sal terrae.”, é da
autoria de S. Mateus. ___
12.
Aproveitando o facto de Portugal ter perdido a soberania, os franceses
conquistaram grande parte das feitorias da Índia, China, Japão, entre outras.
___
13.
Nesta nova conjuntura política, o interesse de Portugal vira-se para o Brasil.
___
14.
Os portugueses não queriam colonizar o Brasil, que estava a ser colonizado por
escravos africanos. ___
15.
Naquela altura, o Brasil era composto por dois estados: o estado do Brasil e o
do Recife. ___
16.
António Vieira foi para o Brasil com 13 anos, quando o pai foi nomeado escrivão
da Relação da Baía. ___
17.
Santo António, como os homens não o ouviam, virou-se para o mar e os peixes
puseram a cabeça de fora para o escutarem pregar. ___
18.
Vieira aprende a ler e escrever no Colégio dos Jesuítas. Um dia fugiu de casa,
porque ficou tão impressionado com um sermão sobre as penas do Inferno que foi
pedir ao Superior que o deixasse entrar para a Ordem. ___
19.
É tão dotado que se torna professor de retórica antes de ser ordenado padre.
___
20.
Movimenta-se facilmente pela Baía e o seu nome fica famoso rapidamente. ___
21.
Apesar de ser neto de portugueses, abraça a causa da defesa indígena. ___
22.
Entre os índios é tão admirado que lhe chamam “Pequeno Deus”. ___
23.
O Sermão de S. António aos Peixes tem
uma arquitetura bem marcada: na primeira parte, elogia as virtudes dos peixes;
na segunda, critica os vícios. ___
24.
Louva a antiguidade e a dimensão dos peixes, a sua obediência, quietude e
impossibilidade de serem domesticados. ___
25.
Entre os peixes que ele critica está o “quatro-olhos”, sempre atento ao céu e
ao inferno. ___
26.
Na segunda parte, critica roncadores, pegadores, voadores e o polvo, que
simboliza a traição. ___
27.
Nesta época, Portugal sofreu grandes transformações. Depois de 60 anos de
ocupação filipina, Portugal restaurava a sua independência em 1640. ___
28.
Quem sucedeu ao reinado espanhol foi D. João IV. ___
29.
Vieira não apoiava o novo rei, mas vem do Brasil apresentar a fidelidade da
colónia. ___
30.
D. João IV vai encantar-se com Vieira, convida-o para seu conselheiro pessoal e
torna-o precetor de D. Pedro, o seu filho mais novo. ___
31.
António Vieira tornou-se um diplomata e tratava de todos os assuntos
importantes para Portugal. ___
32.
Nessa altura, viajou e conheceu a França, a Holanda, a Inglaterra e a Itália.
___
33.
A Inquisição não gostava da simpatia de Vieira pelos índios, escravos e judeus.
___
34.
Os discursos humanistas de Vieira causam tanto incómodo que se criam boatos. Há
mesmo quem garanta que se vai casar com uma judia. ___
35.
A amizade do rei protege-o da prisão, mas não impede que tenha de viajar de
novo para o Brasil. ___
36.
Cria a Companhia para o comércio com o Brasil e consegue o fim do confisco dos
bens dos judeus. ___
37.
Vieira pregou este sermão, pela primeira vez, no dia 24 de Junho de 1654. ___
38.
O Sermão de S. António aos Peixes é
um sermão onde Vieira consegue ser furioso e muito habilidoso no modo como
desfere as críticas. ___
39.
Neste sermão, Vieira critica os pregadores, os colonos que tratavam os índios
como escravos e animais, os fracos e os traidores, os dois milhões de nativos
mortos e as mais de quinhentas povoações destruídas no espaço de quarenta anos.
___
40.
Três dias depois de proferir o polémico sermão, Vieira embarca de novo para
Portugal para pedir a D. João IV que coloque os índios sob a alçada dos
missionários, fora do alcance dos colonos. ___
41.
Quando regressa ao Brasil, leva na bagagem a nova lei de proteção dos índios e
é cada vez mais odiado. ___
42.
Depois da morte de D. João IV, sobe ao trono D. Pedro, que detesta Vieira. ___
43.
Depois de passar os últimos anos a evangelizar, a erguer igrejas e a elaborar
catecismos em dialetos diferentes, os colonos prendem-no na Igreja de S. João
Batista e expulsam-no do Brasil. ___
44.
Já em Portugal e sem a proteção do rei, Vieira é acusado de heresia pela
Inquisição. ___
45.
Vieira, seguindo as ideias de Bandarra, que, no século anterior, profetizara um
quinto império para Portugal, vai mais longe e anuncia a ressurreição de D.
Sebastião, o que lhe traz graves problemas com a Inquisição. ___
46.
António Vieira fica preso numa cela em Coimbra, proibido de escrever e de
pregar. ___
47.
O pregador é libertado quando a Inquisição recebe a ordem de libertação enviada
pelo Papa. ___
48.
Vieira não é querido em Portugal, nem pode regressar ao Brasil, pelo que decide
ir para Roma. ___
49.
A rainha Cristina da Suécia encanta-se com ele e quer que seja seu pregador
pessoal. Ele aceita. ___
50.
O Papa Clemente X tem-lhe admiração e concede-lhe dois benefícios – a abolição
da Inquisição /Santo Ofício em Portugal e um documento que o isenta, até ao fim
dos seus dias, de qualquer dependência da Inquisição. ___
51.
Aos 73 anos, Vieira fica finalmente livre da Inquisição e regressa ao Brasil
para morrer. ___
52.
Cego e quase surdo, dita os seus sermões e cartas que nunca deixou de escrever.
___
53.
Vieira continua a ser polémico porque defende a escravatura dos africanos. ___
54.
Em 1697, morre com 80 anos, na Baía. ___
55. O seu epitáfio, escreveu-o ele próprio num sermão
que proferiu em Roma: “Nascer pequeno e morrer grande é chegar a ser homem. Por
isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento e tantas para a sepultura.
Para nascer, pouca terra. Para morrer, toda a terra. Para nascer, Portugal.
Para morrer, o mundo.”.Fonte: Textos Integrais, Lucinda Cunha
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