A acção da peça decorre em 1817 - ainda que seja uma metáfora de 1961 - e contém várias referências ao contexto que se vivia na época:
- alusão à ausência da família real do país em consequência da sua fuga para o Brasil, em resultado das invasões francesas e de acordo com a combinação prévia com a Inglaterra, em 1807;
- referências às invasões francesas;
- a aliança de Portugal com a Inglaterra: os ingleses instalaram-se em terras lusas desde 1808 para reorganizar a sua defesa face à ameaça das invasões francesas, acabando por interferir na governação do reino - daí a presença de Beresford;
- referências (inúmeras) aos estrangeirados (pág. 33);
- referência à revolta de Pernambuco, ocorrida em 1817 e que inspirou, de certo modo, a conspiração portuguesa desse mesmo ano (pág. 37);
- o exercício arbitrário do poder por uma Junta Provisória, que tomou a seu cargo, naturalmente, os negócios do reino;
- alusão ao crescimento exponencial do clima de descontentamento, de revolta e dos ideais de revolução e liberdade («A polícia não chega para arrancar os pasquins revolucionários das portas das igrejas...» - pág. 40) contra o rei, os ingleses e a regência;
- referências à Revolução Francesa (pág. 42);
- a perseguição a todos os liberais;
- as perseguições políticas constantes, baseadas na delação, no favoritismo e na troca de favores, reprimindo a liberdade de expressão, a circulação de ideias e qualquer tentativa de implantação do liberalismo - o regime absolutista, ainda de direito divino;
- o clima de recessão económica e de instabilidade social decorrentes das invasões francesas (1807, 1809 e 1810) - referências à miséria do povo e à estratificação social;
- a repressão contra os conjurados de 1817, levada a cabo pela Junta Provisória;
- a condenação à morte de Gomes Freire de Andrade, um estrangeirado liberal e militar competente e prestigiado, supostamente envolvido numa conspiração.
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