A palavra “lusíadas”
deriva de Luso, filho de Líber ou companheiro de Baco, deus do vinho ou da
alegria. Luso nasceu e povoou a zona ocidental da Península Ibérica, onde
fundou um reino a que deu um nome derivado do seu: Lusitânia, como explica Camões:
“Esta foi Lusitânia, derivada
De Luso ou Lisa, que de Baco antigo
Filhos foram, parece, ou companheiros.”
Os Lusíadas,
canto III, est. 21
Historicamente, quando os Romanos conquistaram a
Península Ibérica, dividiram-na administrativamente em três províncias, tendo
designado por Lusitânia a que compreendia a região situada a sul do rio Douro.
No século XVI, os autores portugueses renascentistas
começaram a utilizar o termo “lusitanos”
como sinónimo de “portugueses”. Luís de Camões foi buscar o nome Lusíadas a André de Resende, que a usa
nas obras Vicentius Levita et Martyr
(1545) e Erasmi Encomion e a uma
epístola, provavelmente de 1561, dirigida ao poeta Pedro Sanches.
De acordo com o autor, “A Luso unde Lusitânia dicta est, Lusíadas adpellavimus Lusitanos et a
Lysa Lysiadas, sicut a Aenea Aeneadas dixit Virgilius”, isto é, “de «Luso»,
origem do termo «Lusitânia», criámos o apelativo «Lusitano», e de «Lusa»,
«Lusíadas», assim como de «Eneas», «Enéadas»”.
Deste modo, ao aproveitar o termo criado por André de
Resende, Camões atribui à sua obra, “não um nome através do qual entrevíssemos
ações de um herói” (como Aeneada, Orlando Inamorato, Orlando Furioso, etc.); “não um nome que suscitasse a limitada
evocação de uma ação militar, posto que grande” (Ilyada, Thebaida, Pharsalia, etc.), ou de uma grande
viagem, como Odyssea, Argonautica, mas um nome que “anuncia a
história de todo um povo – Os Lusíadas”.
Hernâni Cidade, Luís de Camões, o Épico (adaptado)
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