A oratória, ramo da argumentação, é
a «arte de discursar em público, com o objetivo de persuadir o auditório».
A oratória agrupa os autores que se
empenharam, pela eficácia da palavra, em persuadir os outros da justiça e da
verdade das suas causas. Há várias espécies de oratória:
- forense ou
jurídica: defende os direitos civis dos cidadãos;
- política:
incide sobre as deliberações referentes ao bem comum das sociedades;
- académica:
versa temas culturais;
- sagrada: o
orador fala em nome de Deus e proclama uma mensagem ligada aos valores divinos.
De uma forma mais simplista, podemos
dividir a oratória em dois grandes conjuntos: a profana, cujos maiores representantes foram Demóstenes (384-322
a.C.), na Grécia; Cícero (106-43 a.C.), em Roma; Almeida Garrett (1799-1854) e
José Estêvão (1809-1862), em Portugal.
No século XVII, a oratória adquire
uma enorme importância sob a forma do sermão, perspetivado como arte de palco e
a base da cerimónia social mais significativa: a pregação.
Por outro lado, na segunda metade do
século XVI e na primeira metade do século XVII, a música tornou-se muito
importante no acompanhamento da mensagem sagrada. No século XVIII, a oratória
musical fixou-se entre as grandes formas da história da música. São bem conhecidas
as obras geniais de J. S. Bach (1685-1750), Haendel (1685-1759), Haydn
(1732-1809) e Mozart (1765-1791).
Uma regra que o orador deve ter em
consideração é o bom conhecimento do auditório a quem se dirige. Quanto mais
for esse conhecimento, maiores serão as possibilidades de êxito das
ideias/teses que defende, daí a necessidade de um prévio estudo do perfil do
destinatário. O orador tem que adequar a sua argumentação, a sua linguagem às
características do seu auditório/destinatário.
O método de pregação do Padre António
Vieira, por exemplo, consiste na utilização de lugares-comuns facilmente
reconhecíveis pelo seu auditório, que, seguindo as normas da época, desenvolvia
a argumentação dos seus sermões recorrendo a “conceitos predicáveis”.
Outra regra da argumentação é que
não age sobre evidências, pois o que é evidente não necessita nem de
demonstração nem de apresentação de argumentos a favor ou contra. A
argumentação não pode ser a afirmação da verdade, porque todo o verdadeiro
diálogo nunca esgota a possibilidade de investigação da verdade. A argumentação
não pode partir do pressuposto de que uma conclusão retórica seja, por
definição, a conquista de uma verdade universal. Argumentar é procurar
coerência onde existe dúvida, é descortinar sentido num paradoxo, mas também
pode ser dar sentido a uma absurdidade ou a uma contradição.
A argumentação é sobretudo contestação.
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