Português: A oratória

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A oratória


            A oratória, ramo da argumentação, é a «arte de discursar em público, com o objetivo de persuadir o auditório».
            A oratória agrupa os autores que se empenharam, pela eficácia da palavra, em persuadir os outros da justiça e da verdade das suas causas. Há várias espécies de oratória:
- forense ou jurídica: defende os direitos civis dos cidadãos;
- política: incide sobre as deliberações referentes ao bem comum das sociedades;
- académica: versa temas culturais;
- sagrada: o orador fala em nome de Deus e proclama uma mensagem ligada aos valores divinos.
            De uma forma mais simplista, podemos dividir a oratória em dois grandes conjuntos: a profana, cujos maiores representantes foram Demóstenes (384-322 a.C.), na Grécia; Cícero (106-43 a.C.), em Roma; Almeida Garrett (1799-1854) e José Estêvão (1809-1862), em Portugal.
            No século XVII, a oratória adquire uma enorme importância sob a forma do sermão, perspetivado como arte de palco e a base da cerimónia social mais significativa: a pregação.
            Por outro lado, na segunda metade do século XVI e na primeira metade do século XVII, a música tornou-se muito importante no acompanhamento da mensagem sagrada. No século XVIII, a oratória musical fixou-se entre as grandes formas da história da música. São bem conhecidas as obras geniais de J. S. Bach (1685-1750), Haendel (1685-1759), Haydn (1732-1809) e Mozart (1765-1791).

            Uma regra que o orador deve ter em consideração é o bom conhecimento do auditório a quem se dirige. Quanto mais for esse conhecimento, maiores serão as possibilidades de êxito das ideias/teses que defende, daí a necessidade de um prévio estudo do perfil do destinatário. O orador tem que adequar a sua argumentação, a sua linguagem às características do seu auditório/destinatário.
            O método de pregação do Padre António Vieira, por exemplo, consiste na utilização de lugares-comuns facilmente reconhecíveis pelo seu auditório, que, seguindo as normas da época, desenvolvia a argumentação dos seus sermões recorrendo a “conceitos predicáveis”.
            Outra regra da argumentação é que não age sobre evidências, pois o que é evidente não necessita nem de demonstração nem de apresentação de argumentos a favor ou contra. A argumentação não pode ser a afirmação da verdade, porque todo o verdadeiro diálogo nunca esgota a possibilidade de investigação da verdade. A argumentação não pode partir do pressuposto de que uma conclusão retórica seja, por definição, a conquista de uma verdade universal. Argumentar é procurar coerência onde existe dúvida, é descortinar sentido num paradoxo, mas também pode ser dar sentido a uma absurdidade ou a uma contradição.
            A argumentação é sobretudo contestação.

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