O Padre António
Vieira lutou, durante a sua vida, por três causas centrais que considerava
justas:
– a luta contra a escravatura e pela
integração dos cristãos-novos;
– a consolidação da recém recuperada independência;
– a utopia universal, corporizada no mito do
Quinto Império.
No entanto, a sua
veia crítica abateu-se sobre outras questões:
-» a luta contra os colonos
brasileiros, que procuravam recrutar entre os índios mão-de-obra escrava,
oprimindo-os e escravizando-os (defendeu a política colonizadora da Companhia
dos Jesuítas, daí a perseguição de que foi alvo por parte da Inquisição e a
posterior prisão nos cárceres do Santo Ofício);
-» procurou desacreditar, em Roma
e em toda a Europa, o Tribunal do Santo Ofício;
-» criticou a ordem dos
Dominicanos e a Inquisição por viverem à custa da Religião, com os bens
confiscados aos judeus e cristãos-novos que perseguiam, lançando-os nas prisões
e nas fogueiras dos autos-de-fé;
-» denunciou os vícios da nobreza,
que vivia na ociosidade e cuja riqueza era alcançada, com frequência, pela
exploração dos pobres e dos escravos ou à custa de roubos e injustiças;
-» criticou os pregadores
dominicanos, o cultivo de um estilo rebuscado, pretensioso e obscuro, ao gosto
gongórico, o cultismo (ainda que caísse muitas vezes no exagero dos jogos
verbais);
-» cria que a educação e a
cultura poderiam corrigir a própria natureza (o índio primitivo poderia
ascender pela cultura a um certo grau de espiritualidade).
Em suma, o espírito
conflituoso e lutador de Vieira bateu-se, durante toda a vida, pelos nobres
ideais que o nortearam. Por eles lutou e sofreu grandes humilhações e perseguições
às mãos da Inquisição, que o prendeu e proibiu de pregar.
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