Na
transição do século XIX para o XX, a sociedade sofreu transformações decorrentes
do progresso científico, facto visível, neste conto, na introdução de um
semáforo a pedais numa rua da cidade do Porto e na criação da profissão de
«semaforeiro».
De
facto, essa época constituiu um avanço notável em termos tecnológicos. A eletricidade,
a lâmpada, o telefone, o automóvel foram algumas das invenções do final do
século XIX, cujo aperfeiçoamento prosseguiu no século XX e que melhoraram
substancialmente a qualidade de vida de muitas pessoas. Este salto evolucional
fez-se sentir igualmente noutras áreas, como, por exemplo, o cinema, sem
esquecer que o avião estava também ao virar da esquina. Ora, a invenção do
semáforo referido no conto insere-se nessa onda e nesse período de progresso e
inovação tecnológica.
Por
outro lado, as duas Grandes Guerras simbolizam os conflitos (neste caso, de
grandes dimensões, com milhões de mortos e feridos, atrocidades até então
«desconhecidas» do ser humano), os ódios e as agressões entre os seres humanos.
São um símbolo dos grandes massacres do século XX, a que se poderiam
acrescentar outros não referenciados no conto (a guerra do Vietname, as lutas
pela independência por parte de países colonizados pelos europeus, a expansão
do terrorismo, etc.). Sucede que a história narrada no conto de Mário de Carvalho
constitui uma narrativa de desavenças e ódios, numa escada ínfima
comparativamente aos eventos mundiais referidos, mas ainda assim de conflito.
O
outro acontecimento mencionado no texto, este de índole nacional – o 25 de
Abril de 1974 –, simboliza a liberdade, o fim da ditadura, da opressão e da
perseguição, bem como mudança nas relações entre as pessoas, a abertura de
ideias, o entendimento, a comunhão. A reconciliação entre as famílias dos
«semaforeiros» e dos médicos sucede precisamente numa época posterior à
Revolução dos Cravos.
O
quadro seguinte reproduz os marcos históricos presentes no conto e o simbolismo
associado a essas datas históricas.
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