▪ Psicologicamente, é uma mulher ativa,
dinâmica, diligente e determinada, mas também autoritária e prepotente. De
facto, é ela quem gere a casa e o negócio do casal: “abre a venda”, avia os
fregueses, “põe e dispõe”.
▪ É ela quem detém, pois, o poder e
revela-se “silenciosa e distante” relativamente ao marido, ao contrário de quem
toma decisões com lucidez. A vida dura e rotineira que tem não a inibe nem
impede de seguir um rumo.
▪ A aquisição da telefonia vai
provocar uma alteração na personagem: perde o seu ar autoritário e prepotente e
mostra-se submissa, “com uma quase expressão de ternura”, pedindo ao marido
para ficar com a telefonia. De facto, se, no início, se distancia para não
compartilhar da alegria e do entusiasmo do marido e do povo da aldeia, acaba,
no final, por se render ao aparelho e às mudanças que este trouxe,
provavelmente porque ganhou gosto pela nova vida que ele lhe aportou. Também
ela sentia, como os demais, a necessidade de uma companhia (“Sempre é uma
companhia”), de romper a solidão e o isolamento em que vivia.
▪ A sua recusa inicial justifica-se
pelo facto de, para si, a rádio não possuir qualquer utilidade, constituindo
apenas um luxo e, consequentemente, um desperdício de dinheiro; por outro lado,
a compra da telefonia não é uma decisão sua, o que constitui outro motivo para
se lhe opor.
▪ Não possui nome próprio no conto, o
que pode significar que mais importante do que a sua identidade é o papel que
desempenha na ação.
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