Português: Caracterização do Batola

domingo, 11 de abril de 2021

Caracterização do Batola

 
▪ António Barrasquinho, conhecido pela alcunha de «o Batola», é, fisicamente, um homem baixo, “atarracado”, de “pernas arqueadas”, com a “cara redonda amarfanhada”, veste-se de forma tipicamente alentejana: “chapeirão caído para a nuca” e “lenço vermelho amarrado ao pescoço”.

▪ Psicologicamente, no início do conto, apresenta-se como um indivíduo desmotivado, passivo, entediado, preguiçoso, desinteressado e deprimido, traços sintetizados na expressão “[…] a vida do Batola é uma sonolência pegada”.

▪ Por outro lado, é agressivo, violento, pouco polido e fraco, como o demonstra o facto de se entregar ao vício da bebida, de agredir a mulher e não conseguir superar a situação em que se encontra, o que gera frustração.

▪ Face à vida que tem, sentindo-se só (solidão essa que radica na ausência de convívio com os habitantes da aldeia) e desesperado, evade-se através do álcool (passa os dias “a beber de manhã à noite”) e da ausência (“para ali fica com um olhar mortiço”).

▪ O comportamento e a relação com a mulher suscitam-lhe revolta, a entrega à bebida e, frequentemente, a agressão / violência física: “Era o Batola, bêbedo, a espancar a mulher”. De facto, a relação do casal é marcada pela agressividade e pela violência.

▪ A venda proporciona ao casal uma vida económica desafogada, comparativamente ao resto da comunidade, o que, todavia, não impede que se sinta só, frustrado e vazio interiormente.

▪ Depois da aquisição da telefonia, o Batola sofre uma mudança de comportamento. Assim, torna-se um indivíduo trabalhador, conversador e interessado no que se passa no mundo, adquirindo gosto pela vida. O convívio com as outras pessoas, que passam a vir à venda para ouvir rádio, quebra a sua monotonia, tristeza e solidão, e a sua existência passa a ser preenchida com a música e a informação que lhe chegam via aparelho.

 

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