● Os noivos trocam as palavras do ritual de
casamento e, de imediato, os Judeus procuram cobrar o seu pagamento pelo êxito
dos seus serviços: “Dai-nos cá senhos ducados.”. A Mãe promete efetuar o
pagamento no dia seguinte.
● O Escudeiro mostra-se
arrependido por ter casado (“Oh! Quem me fora solteiro!”) e confessa que “casar
é cativeiro”, isto é, o matrimónio é sinónimo de prisão, indiciando o futuro de
Inês. Casar significam, por um lado, perder a liberdade que possuía enquanto
solteiro e, por outro, indicia o papel submisso da mulher no enlace. Deste
modo, Brás da Mata retira a máscara com que seduziu Inês, revelando, por fim, a
sua personalidade.
● Inês, ao ouvir
o seu já marido, mostra-se surpreendida/admirada (“Já vós vos arrependeis?”),
no entanto, diverte-se na boda, cantando e dançando.
● Face ao
exposto, podemos concluir que o Escudeiro perspetiva o casamento como Inês
concebia a vida de solteira: uma prisão. Porém, a relação deste passo da farsa
não se esgota aqui. De facto, no monólogo inicial, a jovem sentia-se presa em
casa da Mãe e aborrecida com as tarefas domésticas, por isso se casou com Brás
da Mata, na esperança de se libertar e se emancipar da ascendência materna.
Contudo, como se pode constatar, o Escudeiro encara o casamento como ela
perspetiva a vida de solteira: um cativeiro.
● A Mãe organiza
uma festa para celebrar o casamento da filha, convidando para a mesma algumas
moças e mancebos vizinhos, entre eles Luzia e Fernando, que cantam uma cantiga.
Embora a festa tenha sido organizada à pressa, nela não faltam a alegria, o
baile ao ar livre, as cantigas e os votos de felicidades dos convidados aos
noivos.
● Uma das cantigas
é bastante significativa, dado que sugere a situação futura de Inês. Recordemos
a letra: “Uma garça enamorada ia ferida e soltava gritos de dor. Nas margens de
um tio tinha o ninho, mas um caçador feriu-a na alma. Por isso, soltava gritos
de dor.” A garça (Inês) está apaixonada, mas vai triste, só e chorosa (o marido
já não a ama ou maltrata-a). Tinha um ninho (o novo lar), mas um caçador (o
Escudeiro) feriu-a de amor, daí os seus gritos de dor e sofrimento.
● A Mãe
presenteia os noivos com a sua casa, dá a sua bênção ao casamento e incentiva
Brás da Mata a amar e respeitar Inês para ser amado e respeitado: “que lhe
tenhais muito amor, / que amado sejais no céu.”. A figura materna está, em
suma, a cumprir o seu papel de mãe preocupada e protetora. Após a bênção,
despede-se e não volta a aparecer. Porquê? Inês tomou uma decisão (a de casar
com Brás da Mata) e agora terá de assumir todas as consequências daí
decorrentes.
● Fernando e
Luzia, dois moços alegres e amigos de Inês, são o símbolo da ingenuidade e da
simplicidade.
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