Cláudio e
Gertrudes contratam Rosencrantz e Guildenstern, dois amigos de Hamlet, para
passar um tempo com ele, na esperança de que possam determinar a causa do seu
estranho comportamento e o possam afastar do seu estado de luto. A rainha
promete dar-lhes uma grande recompensa pela ajuda.
Entretanto,
chega Polónio com notícias favoráveis: os embaixadores Voltemand e Cornélio,
que Cláudio enviou à Noruega, estão de regresso e revelam que o velho e doente
rei norueguês repreendeu Fortinbras por planear declarar guerra à Dinamarca e o
forçou a jurar que nunca o faria. Além disso, o idoso monarca deu ao sobrinho
fundos e tropas para, em alternativa, atacar a Polónia e enviou uma carta a
Cláudio solicitando que o exército de Fortinbras pudessem passar em segurança
através da Dinamarca para atacar os polacos. Cláudio mostra-se aliviado com as
notícias, agradece e dispensa os enviados, comprometendo-se a reler a missiva e
a responder à solicitação.
Quando os
embaixadores saem, Polónio diz a Cláudio e a Gertrudes que Hamlet está louco de
amor por Ofélia e mostra ao rei e à rainha cartas e poemas de amor que o
príncipe enviou à jovem. De seguida, lê-lhes uma carta, na qual Hamlet proclama
o seu amor por ela, e admite que, depois de descobrir o relacionamento, deu
instruções à filha para o rejeitar. Por esse motivo, afirma recear ter sido o
causador da loucura de Hamlet e propõe um plano para testar a sua teoria. O
jovem príncipe costuma passear, frequentemente, pelo saguão do castelo e
Polónio propõe orquestrar um encontro entre Hamlet e Ofélia durante uma dessas
caminhadas reflexivas. Enquanto isso sucede, o pai de Laertes e Cláudia podem
esconder-se atrás de umas cortinas, por exemplo, e observar a cena e verificar
se a loucura do príncipe realmente provém do seu amor por ela.
Gertrudes
percebe a chegada do filho, lendo um livro enquanto caminha, os dois monarcas
saem e Polónio ficam a sós com Hamlet. O primeiro tenta iniciar uma conversa
com o príncipe, mas este mostra-se distante e frio e chama-o «peixeiro» e
responde às suas perguntas de forma irracional, parecendo, de facto, louco.
Polónio não compreende que as respostas aparentemente alucinadas de Hamlet
constituem, com efeito, alfinetadas à sua postura pomposa e à sua velhice. Por
exemplo, quando o príncipe lhe chama «peixeiro», acrescenta que gostaria que
fosse tão honesto quanto um. Em resposta, Polónio admite que, realmente, a
honestidade é escassa. Hamlet pergunta-lhe se tem uma filha e aconselha-o a
observá-la atentamente, para evitar que ela fique demasiado exposta ao sol, o
que poderia fazê-la «engravidar». Perplexo com o comportamento do seu
interlocutor, questiona-o sobre o livro que está a ler e ele discute o retrato
das pessoas de idade avançada como irrelevantes e estúpidas. O diálogo
prossegue até que Polónio sai, determinado a falar com Ofélia para dar
andamento ao plano que traçou com Cláudio. Após a sua saída, Hamlet apelida-o
de velho, idiota e chato.
Entrementes,
entram em cena Rosencrantz e Guidenstern, cumprimentam entusiasticamente
Hamlet, que, por sua vez, os recebe calorosamente. Posteriormente, questiona
repetidamente o motivo por que regressaram à Dinamarca e eles, timidamente,
respondem que vieram apenas para o visitar, mas o príncipe retorque que sabe
que p rei e a rainha o chamaram. Rosencrantz finge que não, mas Hamlet insiste
e Guildenstern acaba por confessar que é verdade. De seguida, o jovem príncipe
descreve, de forma sarcástica, como o casal real terá descrito o seu estado de
depressão, a sua falta de interesse em socializar e a incapacidade de apreciar
a beleza que o rodeia. Rosencrantz sugere que, se o amigo não consegue
desfrutar da companhia de pessoas, talvez possa ser entretido por uma companhia
de atores que está a caminho de Elsinore. Hamlet aprova a vinda do grupo, mas
questiona a razão por que andam de terra em terra quando poderiam ganhar mais numa
cidade. O amigo responde que os tempos são difíceis e que os atores e as peças
infantis perderam popularidade, algo que o príncipe considera absurdo,
comparando-o à crescente popularidade de Cláudio como rei. Entretanto, uma
trombeta faz-se ouvir, simbolizando a chegada dos atores e Hamlet prepara-se
para os saudar, todavia, antes, sugere aos companheiros que a sua loucura é
fingida e destinada a enganar o seu «tio-pai» e a sua «mãe-tia».
Polónio
entra e anuncia a chegada dos atores, sendo objeto de vários comentários
trocistas da parte de Hamlet. Quando o grupo entra, o príncipe dá-lhes as
boas-vindas e pede-lhes que um deles faça um discurso sobre a queda de Troia e
a morte de Príamo e Hécuba, os reis troianos, para testara sua qualidade.
Impressionado com o desempenho do ator, Hamlet ordena a Polónio que os
acompanhe aos quartos de hóspedes e solicita-lhes que, na noite seguinte,
representem a peça O Assassinato de Gonzago, acrescentada de um texto
que ele próprio escreverá. O ator principal concorda e todos abandonam a sala,
deixando-o sozinho.
Num monólogo,
Hamlet lamenta a sua incapacidade de agir contra o assassino do seu pai e
revela toda a sua frustração por não conseguir reunir a raiva necessária para
consumar a vingança exigida pelo fantasma do pai e assassinar Cláudio, em contraste
com a atuação do ator, caracterizada por conferir grande profundidade e emoção a
figuras já falecidas há muito tempo e que nada lhe dizem, enquanto ele é
incapaz de agir, mesmo tratando-se de algo relativo ao seu próprio pai. É o
autorretrato de alguém fraco, indeciso e até covarde.
Deste modo,
decide montar uma armadilha a Cláudio: fazer representar uma cena que lembra o
relato do fantasma sobre o seu assassinato. Assim, pretende obrigar o novo rei
da Dinamarca a assistir a uma representação cujo enredo se assemelha imenso à
morte do velho Hamlet. A reação de Cláudio mostrará se é culpado ou não e,
então, obterá a prova definitiva da culpabilidade (ou não) do monarca. No
fundo, o príncipe quer certificar-se que o fantasma disse a verdade e de que
não se trata do Diabo a tentar enganá-lo.
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