Horácio é o
amigo leal e confiável de Hamlet, estudante em Wittenberg, na Alemanha, como
Hamlet.
No início da
peça, é a ele que as sentinelas relatam o duplo avistamento do fantasma do rei
Hamlet. Não exerce qualquer função oficial na corte, porém o facto de ser amigo
íntimo de Hamlet granjeia-lhe respeito e consideração por parte de outras
personagens. Além disso, ele é um homem educado, um observador externo crítico
da corrupção e da decadência que minam a Dinamarca, mantendo-se afastado das
tricas e intrigas da corte.
Psicologicamente,
Horácio contrasta com Hamlet, pois é uma pessoa equilibrada, calma, racional,
controlada, lógica, enquanto o príncipe é mais impulsivo (vide a forma como
assassina Polónio) e emocional. A sua relação com o amigo mostra como é
íntegro, leal e confiável, uma espécie de voz da razão e da moderação, agindo
pontualmente como um conselheiro para Hamlet. É por isso que o príncipe lhe
confia os seus segredos e pensamentos íntimos, como, por exemplo, o avistamento
do fantasma do rei. Por sua vez, Hamlet apoia-o incondicionalmente,
mostrando-se um amigo sincero e desinteressado, permanecendo até ao fim ao seu
lado e querendo o seu bem.
Assim,
mostra-se extremamente preocupado quando observa o comportamento errático e
irracional de Hamlet. Ao longo da peça, está disponível para ajudar o amigo e a
obter vingança, mas tem sempre em mente o seu bem-estar físico e emocional, daí
que lhe implore que não aceite o duelo com Laertes. Quando o príncipe falece,
Horácio pensa em tirar a própria vida, sendo detido pelo moribundo, dizendo-lhe
que deve viver para contar a sua história ao mundo. A consideração do suicídio
simboliza a lealdade absoluta e a amizade profunda que compartilha com o
príncipe. Horácio sente que, com Hamlet morto, a sua vida perdeu sentido e
propósito. Já o pedido deste último representa a importância de conservar a
verdade e a memória, ou seja, a sua sobrevivência é fundamental para que o
legado de Hamlet e a verdade dos acontecimentos sejam transmitidos e conhecidos
pelas gerações futuras de forma autêntica e não de modo distorcido. Afinal,
Horácio vivenciou e participou nesses acontecimentos.
Em suma,
Horácio é o amigo leal, confidente e conselheiro de Hamlet. Por outro lado, é a
personagem mais equilibrada e racional da peça, oferecendo uma perspetiva
objetiva e imparcial dos acontecimentos. Em terceiro lugar, contrasta com
outras personagens mais passionais e corruptas da corte. Por último, ele assume
o papel de narrador futuro, depois de instado por Hamlet, no seu leito de
morte, a perpetuar a verdade e a história dos eventos que tiveram lugar na
época, garantindo que a memória do amigo será preservada.
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