Português: Caracterização de Rosencrantz e Guildenstern

sábado, 7 de setembro de 2024

Caracterização de Rosencrantz e Guildenstern

    Rosencrantz e Guildenstern são duas personagens secundárias, antigos amigos de Hamlet, convocados, no contexto da peça, por Cláudio a Elsinore para vigiarem o príncipe e descobrirem a causa do seu estranho comportamento e da autoapregoada loucura. Hamlet acusa-os de se deixarem manipular por Cláudio e a antiga amizade esfuma-se.
    Os dois agem em uníssono, como se fossem um só, uma espécie de Dupond e Dupont, o que enfatiza a sua falta de identidade e profundidade psicológica individual. Por outro lado, caracterizam-se por serem servis e leais ao poder e aos poderosos, traços evidenciados quando aceitam a missão de espiar Hamlet, numa obediência cega à autoridade, representada pelo casal real, que deixa transparecer a sua fraqueza moral e a falta de princípios. No entanto, parecem não ter a perceção da situação em que vivem e se deixam envolver, muito menos do perigo que correm ao se deixarem envolver no ambiente de intrigas e traições e se aliarem a Cláudio.
    A ausência de princípios e de espírito crítico torna-os particularmente manipuláveis, daí a facilidade com que são usados pelo casal real para alcançar o seu objetivo. Eles constituem figuras sem vontade própria que obedecem cegamente ao poder, ignorando uma antiga amizade, o que, tudo junto, vai levá-los à perdição. De facto, são enviados à Inglaterra, acompanhando Hamlet a caminho do exílio, transportando uma carta que ordena a execução do príncipe. No entanto, este descobre a marosca e reescreve a missiva de forma a serem os próprios Rosencrantz e Guildenstern a serem executados. Assim sendo, a morte de ambos é o resultado das suas ações ao longo da peça, bem como o reflexo da incapacidade de compreender a gravidade das mesmas e do seu papel em toda a tragédia.

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