Rosencrantz
e Guildenstern são duas personagens secundárias, antigos amigos de Hamlet,
convocados, no contexto da peça, por Cláudio a Elsinore para vigiarem o príncipe
e descobrirem a causa do seu estranho comportamento e da autoapregoada loucura.
Hamlet acusa-os de se deixarem manipular por Cláudio e a antiga amizade
esfuma-se.
Os dois agem
em uníssono, como se fossem um só, uma espécie de Dupond e Dupont, o que
enfatiza a sua falta de identidade e profundidade psicológica individual. Por
outro lado, caracterizam-se por serem servis e leais ao poder e aos poderosos,
traços evidenciados quando aceitam a missão de espiar Hamlet, numa obediência
cega à autoridade, representada pelo casal real, que deixa transparecer a sua
fraqueza moral e a falta de princípios. No entanto, parecem não ter a perceção
da situação em que vivem e se deixam envolver, muito menos do perigo que correm
ao se deixarem envolver no ambiente de intrigas e traições e se aliarem a
Cláudio.
A ausência
de princípios e de espírito crítico torna-os particularmente manipuláveis, daí
a facilidade com que são usados pelo casal real para alcançar o seu objetivo.
Eles constituem figuras sem vontade própria que obedecem cegamente ao poder, ignorando
uma antiga amizade, o que, tudo junto, vai levá-los à perdição. De facto, são
enviados à Inglaterra, acompanhando Hamlet a caminho do exílio, transportando
uma carta que ordena a execução do príncipe. No entanto, este descobre a
marosca e reescreve a missiva de forma a serem os próprios Rosencrantz e
Guildenstern a serem executados. Assim sendo, a morte de ambos é o resultado
das suas ações ao longo da peça, bem como o reflexo da incapacidade de
compreender a gravidade das mesmas e do seu papel em toda a tragédia.
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