Incluída na longa analepse que se inicia no capítulo I, a história exemplar de Pedro da Maia norteia-se pelos princípios naturalistas, segundo os quais a personalidade do indivíduo dependia da conjugação de três fatores: a hereditariedade, a educação e o meio.
1. Educação
2. Hereditariedade
3. Meio
- O Romantismo (Ultrarromantismo) hiper-sentimental e lamechas: «romantismo torpe»;
- o vaguear pelos lupanares e botequins;
- a vida de boémia, «dissipada e turbulenta», de «estroinice banal»: os distúrbios no Marrare, as «façanhas nas esperas de toiros, de cavalos esfalfados", as pateadas em São carlos;
- as devoções (as leituras devotas);
- a família (a mãe).
Numa perspetiva determinista, o comportamento do Homem não é espontâneo, mas influenciado por determinados fatores: a hereditariedade, o meio e a educação.
Pedro cresce pequeno, nervoso e indiferente a quaisquer interesses, apesar da sua inteligência viva, com grande paixão pela mãe, cuja morte provoca nele longos dias de prostração e apatia, seguidos de outros de dissipação e estúrdia para afogar o seu sofrimento, a sua dor, e novamente de uma fase de abatimento e devoção religiosa. Tornar-se-á num bom representante dessa exaltação sentimental que, posteriormente, o fará fracassar no suicídio, de toda uma geração romântica, orientando-se pelos valores indiviodualistas, desligada dos problemas sociais. Dessa fase será libertado pela paixão por Maria Monforte.
4. Comportamentos
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4. Comportamentos
- A promessa, feita após a morte da mãe, de dormir durante um ano sobre as lajes do pátio;
- as visitas diárias ao túmulo da mãe, carregado de luto pesado;
- os distúrbios, a boémia e a estroinice;
- as leituras devotas;
- a mudança frequente de comportamentos e atitudes.
5. A paixão por Maria Monforte
5.1. A paixão romântica
- paixão súbita / à primeira vista => paixão fatal;
- namoro "à antiga";
- escrita diária de duas cartas febris de seis folhas de papel a Maria;
- oferta de ramos das mais belas camélias dos jardins de Benfica;
- as ausências ao jantar em Benfica;
- as crises de abatimento.
5.2. A oposição de Afonso
- ao conhecer os pormenores hediondos relativos à família de Maria Monforte, Afonso opõe-se ao relacionamento amoroso;
- recusa ao filho a autorização para se casar com ela (o que não impede o casamento);
- o talher de Pedro é retirado da mesa;
- Vilaça nota em Afonso, que nele se apoia pesadamente, a primeira tremura do velho;
- a referência a Pedro é riscada da conversação.
5.3. Os presságios
- a parecença de Pedro com um avô da mãe, que enlouquecera e se enforcara: aponta para o suicídio de Pedro;
- a paixão por Maria é descrita como "um amor à Romeu, vindo de repente numa troca de olhares fatal...":
- a oposição paterna (de Afonso da Maia);
- a presença do fatalismo;
- os indícios de tragédia (a morte dos amantes na peça de Shakespeare encontra, n' Os Maias, equivalência na morte de Pedro;
- o vestido cor-de-rosa: a cor simboliza a vida romântico em que Pedro se enleou;
- a cor dos olhos de Maria ("azul sombrio"): sugere a existência de sombras, ou seja, complicações, naquela relação amorosa;
- a ramagem de um verde triste: constitui o prenúncio da tristeza que ensombrará a relação;
- a sombrinha que envolve totalmente Pedro da Maia parecia a Afonso "... uma larga mancha de sangue...":
- o suicídio de Pedro;
- o incesto de Carlos e Maria Eduarda (a relação amorosa entre dois irmãos de sangue),
- o ramo que se esfolha num vaso do Japão sugere a morte de Pedro.
Em jeito de conclusão, assinale-se o estado de espírito de Pedro nos momentos que antecedem o seu suicídio e que vem comprovar estarmos na presença de uma personagem que é «um fraco em tudo». Com efeito, ele surge em casa do pai num estado de absoluto desespero e descomposto: enlameado, desalinhado, com a face lívida, os cabelos revoltos um olhar de loucura.Com o rosto devastado, envelhecido, chora perdidamente, lançando-se nos braços do pai.
Num primeiro momento, ainda pensa perseguir Maria e Tancredo, mas desiste rapidamente dessa intenção, revelando, desde já, a sua incapacidade para reagir frontalmente às situações adversas. Ao longo da noite que antecede a morte, Pedro revela grande agitação e falta de autodomínio, sobretudo por não saber o que fazer e por se ver naquela situação. Por momentos, revela toda a sua fúria contra o «amigo» Tancredo, que fugiu com a esposa, e contra esta, que o atraiçoou fugindo e deixando-o numa situação miserável. Antes do momento fatal, escreve uma carta final ao pai.