quarta-feira, 22 de abril de 2020
Os Maias em 13 minutos
COVID-19: ponto de situação do dia 21 de abril
terça-feira, 21 de abril de 2020
Resumo de Os Maias
A ação de Os Maias narra a história de uma família de classe alta, reduzida, no presente, a duas personagens: Afonso da Maia e o seu neto, Carlos da Maia.
Nas primeiras páginas do romance, são-nos apresentados os seus antecedentes: Afonso vivera as lutas liberais e chegara a exilar-se em Inglaterra; Pedro, seu filho, tinha uma personalidade frágil e romântica que se devia a uma educação conservadora e religiosa, tipicamente portuguesa. Pedro, contra a vontade do pai, casa com Maria Monforte, com quem tem dois filhos (uma menina e um rapaz), mas o casamento acaba com a traição e fuga de Maria com um italiano, Tancredo, levando consigo a filha. Na sequência desse episódio, Pedro suicida-se. Cabe então ao velho Afonso criar o outro neto, que ficara com o pai. Segue-se, na narrativa, um salto temporal que nos leva até Coimbra, nos anos 70, onde Carlos estuda. Concluído o curso e após uma viagem pela Europa, Carlos instala-se em Lisboa, em 1875, para se dedicar à vida de médico.
A habitação dos Maias em Lisboa chama-se Ramalhete. Nele, avô e neto recebem amigos, com destaque para João da Ega, personagem satânica e rebelde e antigo colega de Carlos em Coimbra. A atmosfera social em que vivem é a da Lisboa da segunda metade do século XIX e nela podemos observar a frivolidade e a mediocridade como atitudes que influenciam negativamente Carlos. Este acaba por abandonar todos os projetos que tinha em mente após a conclusão do curso, começando pela sua vida de médico, e dispersa-se em projetos culturais que não avançam, no que é acompanhado por Ega e Craft, outro amigo.
Em determinado momento, surge em Lisboa uma mulher lindíssima, comparada a uma deusa, chamada Maria Eduarda, aparentemente casada com um brasileiro (Castro Gomes). Carlos apaixona-se por ela. Maria Eduarda corresponde a essa paixão, mas não revela o seu passado obscuro. Tudo isto se desenrola na ausência de Castro Gomes. Quando este regressa, fica a saber-se que Maria tem um passado aventuroso e acredita ter nascido em Viena. Inicialmente, Carlos reage muito negativamente às revelações da amante e é dominado pela humilhação, pela revolta e pelo desejo de vingança, porém acaba por aceitar esse passado. A Toca, uma habitação situada nos arredores de Lisboa, é o refúgio dos amores de ambos. No final de um dos episódios da crónica de costumes – o Sarau do Teatro da Trindade –, Guimarães, um antigo amigo de Maria Monforte, revela casualmente que Carlos e Maria Eduarda são irmãos. Carlos, apesar de conhecer já a verdade, mantém, ainda assim, os encontros amorosos com a irmã, a qual, por sua vez, desconhece o parentesco de ambos. Afonso da Maia, ao saber que o neto mantém a relação amorosa com a irmã, morre repentinamente. Logo depois, Maria Eduarda parte em direção a Paris, depois de lhe ter sido revelada a verdade e ter tido acesso aos documentos que a fundamentam.
O episódio final passa-se no final de 1886 e sobretudo no início de 1887, dez anos depois da tragédia. Nessa data, Carlos regressa por pouco tempo a Lisboa e revê vários amigos, entre os quais João da Ega. O passeio que dá por uma Lisboa que esperava ver renovada, mas que mantinha defeitos de outrora, e a visita que faz ao Ramalhete abandonado levam-no a expressar o seu desencanto e a sua filosofia de vida: o reconhecimento do falhanço que conduz à desistência é a conclusão a que ele e Ega chegam: “Falhámos a vida, menino.”.
Em síntese, a história d’Os Maias pode descrever-se assim:
COVID-19: ponto de situação do dia 20 de abril
segunda-feira, 20 de abril de 2020
Contextualização do Realismo e de Os Maias
1. A Europa na segunda metade do século XIX
Por meados do século
XIX, as profundas transformações operadas pelo motor a vapor de água na
produção industrial, nos transportes, na economia e nas relações sociais tinham
feito surgir problemas e maneiras coletivas de pensar e sentir, já muito
diferentes de tudo aquilo que estava na base do Iluminismo e da Revolução Francesa.
Verificou-se na
Europa, na segunda metade do século XIX, um aumento da população, que passou de
266 milhões de habitantes, em 1850, para cerca de 400 milhões, em 1900. Esse
aumento condicionou uma intensa emigração europeia para outros continentes (30
milhões).
A par do surto
demográfico, verificaram-se importantes transformações económicas na
agricultura, no comércio e na indústria.
No plano agrícola
processou-se uma modernização técnica, uma larga utilização de adubos que
provocou o aumento da produção. Por outro lado, em certas regiões, definiu-se
uma especialização.
No plano comercial
modificou-se, amplamente, a geografia comercial do mundo e, na medida em que a
Europa se tornou a fábrica do mundo, novas correntes apareceram, quer no comércio
interno, quer no comércio internacional.
Particularmente
relevante foi o que se passou na economia industrial. De facto, verificou-se a
concentração industrial, que substituiu o grande número de oficinas por um
número relativamente reduzido de fábricas; a concentração geográfica, com o reagrupamento
em certas regiões favoráveis. Daí o aumento da produção, que tomou o caráter de
uma produção em massa e em série. Por outro lado, ao nível do trabalho
operário, intensificou-se a divisão técnica.
No campo científico,
as conceções mecanicistas foram ultrapassadas: a termodinâmica mostrava a
unidade e conversibilidade existente entre todas as formas de energia; a
química orgânica ligara os fenómenos físico-químicos aos fisiológicos; as conceções
transformistas generalizavam-se, verificando-se que tudo no mundo tinha uma
história, desde os corpos celestes até à crosta terrestre, às espécies biológicas,
às estruturas sociais, aos idiomas e aos princípios jurídicos. Esta conceção de
um mundo todo explicável cientificamente e em constante transformação
refletiu-se no aparecimento da filosofia da história e afetou as crenças
religiosa muito mais profundamente do que o mecanicismo.
Duas grandes
inovações surgiram no século XIX: a ligação ciência-técnica e a preocupação em
aplicar o conhecimento no sentido do útil e do eficaz. A primeira substituiu a
tradicional ligação filosofia-ciência, já procurada pelos Gregos e pelos
humanistas. Os progressos da ciência e da técnica intensificaram-se,
particularmente, na segunda metade do século XIX e fizeram da civilização
ocidental uma civilização do maquinismo. Consequentemente, a indústria
desenvolve-se amplamente, refletindo-se no progresso das técnicas e na própria
ciência. A Europa assiste a uma aceleração da História, resultante das
transformações da vida material e económica. Pelo seu dinamismo, atinge um
momento de apogeu ‑ rica em população, em capitais e mercadorias, assegura uma
posição de primeiro plano no mundo e lança-se na expansão pluridimensional:
demográfica, económica, política, militar e cultural. É de salientar a
necessidade que tem de mercados, de matérias-primas, de investimento de
capitais, de escoamento de produção industrial.
A expansão veio a
desencadear a rivalidade entre os imperialismos, os antagonismos entre os
Estados, preocupados com o lucro e com o poder.
A revolução
industrial e o capitalismo industrial, que dela decorre, repercutiram-se, como
é evidente, no plano social: arruinaram a noção tradicional de Ordens, que
constituíram uma hierarquia, para a substituir pela distinção entre classes
sociais, baseada na riqueza. Mas além do surto de novas doutrinas históricas ou
sociológicas, tais problemas e tal mentalidade produzem também os seus efeitos
na arte literária. Como é sabido, no Romantismo podem distinguir-se duas fases:
» a primeira,
predominantemente passadista, conservadora, embora adaptada a um novo tipo de
público;
» a segunda,
desde cerca de 1830, em que os escritores começam a preocupar-se com os
problemas humanitários mais clamorosos: a escravatura, que os mecanismos tornavam
dispensável e que tolhia a mecanização; os horários excessivos do trabalho operário;
o sufrágio universal; o analfabetismo; a delinquência causada pela miséria; a
infância abandonada, etc.
As consequências
morais e sociais da caça ao lucro foram postas em relevo pelo romancista
francês Balzac, na sua série de obras A
Comédia Humana; a exploração da infância e dos miseráveis, as brutalidades
do regime prisional então vigente são denunciadas por Hugo e Dickens; outros
escritores muito populares ridicularizam o «burguês» e exaltam o humanitarismo
(os romancistas franceses Eugène Sue, George Sand, Monier, os ingleses
Kingsley, Carlyle; o poeta Béranger).
Esta mentalidade
científica, esta tendência para retratar os males sociais na obra literária,
estreitamente relacionadas com as revoluções europeias de 1848 e o aparecimento
das primeiras ideologias socialistas, conduziram ao chamado realismo, escola de arte que procura
esmerar-se na produção típica e desapaixonada da realidade, especialmente a
realidade social humana, e que reage contra o devaneio individualista
sentimental de quase todos os primeiros românticos. Os mais típicos realistas
foram Coubert na pintura e Flaubert no romance (Madame Bovary).
A burguesia, que não
é uma classe nova, é a grande beneficiária desta nova situação: cresce em
número e em poder. A classe burguesa é uma classe complexa: está dividida em
grande, média e pequena burguesia, cabendo a primazia, porém, à burguesia
industrial.
O seu ideal político
é o liberalismo e, antes de mais, o económico, refratário à intervenção do
Estado. A defesa do liberalismo político é expressão do individualismo.
Contudo, há a considerar uma linha conservadora, interessada em manter a ordem
estabelecida, e uma linha progressista, defensora das reformas democráticas.
Não se pode afirmar,
porém, que a burguesia ocupe o poder em toda a parte: não o ocupou em
Inglaterra, foi remetida para a oposição pelas monarquias absolutas.
Na medida em que
deteve os grandes meios de produção, encontrou a contestação da classe
proletária, nova classe que, na época, se define. Daí o aparecimento da grande
questão social que conduz muitos intelectuais a uma tomada de posição. Grande
parte desse proletariado provém do êxodo rural (migração interna).
Instalando-se nos centros urbanos, representa uma ameaça para a burguesia que,
por vezes, não hesita em recorrer à força.
O aparecimento das
doutrinas socialistas resultou de uma profunda desigualdade social, criticada
por pensadores oriundos de horizontes sociais diferentes, em nome da razão e da
fraternidade. Na primeira metade do século XIX, surge o socialismo utópico, mas
posteriormente elaboraram-se grandes sistemas socialistas: o de Proudhon, o de
Bakounine e o de Karl Marx.
No momento em que
aparece a obra de Marx, a Europa avançou para uma segunda revolução industrial
(monopolista), na qual se acentua a concentração das empresas quer no plano
vertical, quer no plano horizontal[1].
Também nasceram novas classes médias, interpostas entre patrões e operários
(como, por exemplo, os pequenos patrões independentes).
Toda esta situação
provoca a emergência de duas ideologias em conflito: a burguesia, de inspiração
liberal e capitalista, e a popular, de inspiração democrática e socialista.
A primeira tem a sua
origem nos princípios da Revolução Francesa. Na ordem política, pretende o
estabelecimento de regimes constitucionais, garantia dos direitos naturais dos
cidadãos e parlamentos eleitos. Na ordem social, abolição de privilégios de
nascimento, mas manutenção dos devidos ao dinheiro (defesa dos interesses
burgueses). Na ordem económica, liberdade do empresário, que, assumindo riscos,
beneficia dos lucros; lei da concorrência; não intervenção do Estado (laissez faire, laissez passer).
A segunda, embora com
raízes no passado, define-se com o contributo dos pensadores socialistas. O seu
programa tem por objetivo fundamental a instituição de democracias, às quais
cabe, muito especialmente, a satisfação das reivindicações dos trabalhadores.
Porém, o estabelecimento de uma democracia económica foi um objetivo que permaneceu,
apenas, no plano ideal.
Todavia, a situação
dos operários, a partir de cerca de 1880, tendeu a melhorar, ainda que lenta e
dificilmente, e os Estados dispõem-se a intervir nos problemas sociais e a dar
resposta às exigências operárias. Os sindicatos, por seu lado, adquirem uma
força crescente e procuram obter, do patronato, uma melhoria da situação dos
trabalhadores (incluindo os de inspiração marxista).
1.1. Síntese
. Aumento da
população (1850 – 266 milhões ® 1900 – 400
milhões).
¯
. Intensa
emigração europeia para outros continentes (30 milhões).
.
Transformações económicas na agricultura, no comércio e na indústria.
.
Modernização técnica da agricultura; larga utilização de adubos ® aumento da produção.
.
Transformação da geografia comercial mundial (a Europa é a “fábrica” do mundo).
. Desenvolvimento da indústria: concentração industrial;
concentração geográfica; produção em massa e em série; divisão técnica;
mecanização dos centros industriais.
. Princípio do lucro empresarial.
. Enormes avanços tecnológicos:
– melhoria
e rapidez dos meios de transporte e comunicação;
–
construção de caminhos de ferro;
–
telégrafo;
– avião;
–
automóvel;
– navegação
a vapor.
. Utilização
do aço, petróleo, electricidade, ferro e vapor.
. Ascensão da burguesia: crescimento em número e em poder;
defesa do liberalismo político; capitalismo industrial.
. Exploração
do operariado, sujeito a condições sub-humanas de trabalho.
. Choques ideológicos de classe; emergência de duas ideologias
em conflito: a burguesa, de inspiração liberal e capitalista, e a popular, de
inspiração democrática e socialista.
. Cientificismo
– Desenvolvimento do pensamento científico:
–
Positivismo de Augusto Comte: teoria científica que defende
posturas exclusivamente materialistas e limita o conhecimento das coisas apenas
àquelas que podem ser provadas cientificamente. O único conhecimento válido é o
positivo decorrente das ciências, da observação do mundo. A realidade é apenas
aquilo que vemos, tocamos e podemos explicar.
–
Socialismo Científico de Karl Marx e Friedrich Engels (Manifesto
Comunista, de 1848): teoria científica contrária ao socialismo utópico de
Pierre Joseph Proudhon. Estimula as lutas de classe e a organização política do
proletariado. É uma resposta à exploração do operariado nas indústrias e nos
grandes centros urbanos. Nessa teoria Marx e Engels mostram o quanto o aspeto
social está vinculado ao processo económico e político.
–
Evolucionismo ou Darwinismo de Charles Darwin: teoria
científica apresentada na obra A Origem das Espécies, em 1859,
que mostra o processo de evolução das espécies pelo processo de seleção
natural, ou seja, a natureza ou o meio selecionam os seres vivos destinados a
sobreviver e perpetuar-se. Significa isto que os mais fortes eliminam os mais
fracos.
–
Determinismo de Taine: defende que o comportamento humano é
determinado por três fatores – o meio, a raça e o momento histórico.
. Avanços
científicos:
-
utilização do éter como anestésico;
-
formulação da teoria microbiana das doenças;
-
descoberta dos microorganismos responsáveis pela Sífilis, Malária e
Tuberculose;
- descrição
dos hormónios;
-
identificação da energia mecânica e do eletromagnetismo.
. Desenvolvimento de doutrinas filosóficas e sociais na
França, Inglaterra e Alemanha, como o pensamento dialético de Hegel
(tese, antítese e síntese).
. Desenvolvimento dos ideais socialistas e republicanos.
2.
Portugal na segunda metade do século XIX
Em meados do século
XIX, a população de Portugal metropolitano atingia os 3 milhões e meio de
habitantes. Verificou-se, porém, um aumento de população que, em 1911, atingiu
os 5 milhões e meio. A distribuição demográfica era muito irregular e concentrava-se,
principalmente, a norte do rio Tejo e no litoral.
Apesar do crescimento
da população urbana, o país continuava predominantemente rural ou ruralizado.
As cidades mais populosas eram Lisboa e Porto, com mais de cem mil habitantes.
O surto demográfico no País acompanhou, em certa medida, o que se passava na
Europa ocidental.
O fenómeno da
migração, interna e externa, relacionou-se com o crescimento da população,
conjugado com as flutuações dos preços dos géneros alimentares. Assim, as
famílias de pequenos proprietários e rendeiros agrícolas das zonas mais
povoadas lutam com dificuldades económicas. Daí, por um lado, as migrações
sazonais internas e, por outro, o movimento de saída para fora de Portugal,
nomeadamente para o Brasil. É de notar que foi fraco o desenvolvimento das
cidades e, consequentemente, as suas dificuldades na absorção da mão-de-obra.
A estrutura socioeconómica
mostrou-se incapaz de integrar os excedentes populacionais. A corrente migratória
contínua acabou por afetar a estrutura demográfica portuguesa e, se resultou do
crescimento populacional, não deixou também de funcionar como travão desse
crescimento. Da emigração resultou o envelhecimento e feminilização da população
portuguesa.
O início do século XIX
é marcado por três factos importantes: as invasões francesas, a independência
do Brasil e as lutas entre liberais e absolutistas.
Remetendo-nos ao
plano político, instaura-se no país um clima de instabilidade com a revolução
liberal de 1820 e com a promulgação da Constituição de 1822. Em
1823, surge a revolta contrarrevolucionária, defensora do absolutismo do antigo
regime (abolição da Constituição de 1822). Com a morte de D. João VI (1826), D.
Pedro outorga a Carta Constitucional, todavia, com o regresso de D. Miguel
(1828), vem a desencadear-se a guerra civil (1832-1834), que termina com a
vitória dos liberais sobre os miguelistas. Porém, os liberais triunfantes
dividem-se em partidários da Constituição de 1822 (Vintistas) e partidários da Carta Constitucional (Cartistas), o que explica a revolução de
setembro de 1836 (Setembrismo),
a promulgação da Constituição de 1838 e o Cabralismo.
Com a queda do
Cabralismo, inicia-se o período da Regeneração, período de certa estabilidade social e
política. A Regeneração veio dividir o século XIX português em duas partes
distintas: um período de instabilidade e um período de relativa estabilidade,
no qual se verifica um certo equilíbrio das forças sociais. Surge, portanto, o
fenómeno político do rotativismo partidário, com destaque especial para Regeneradores
e Históricos.
A velha aristocracia
do «Antigo Regime» conseguiu sobreviver à guerra civil de 1832-1834. A
burguesia comercial urbana, sendo dominante no plano ideológico, não o era,
porém, no plano económico, por não possuir a principal riqueza nacional,
constituída por bens agrários. O clero foi o mais prejudicado com as transformações
trazidas pelo liberalismo e pela burguesia (a extinção das ordens religiosas, a
nacionalização dos bens dos conventos, a abolição da dízima), não obstante
manter influência ideológica em certas regiões (interior e norte). O republicanismo
veio a fazer do anticlericalismo uma das suas armas, o que demonstra, ainda, a
força social e ideológica do clero. Foi a nobreza liberal a classe que mais
beneficiou com as transformações verificadas.
Por uma política de
casamentos, a burguesia aproximou-se da nobreza, acabando por ser mais
detentora de terras do que industrial ou comercial. No contexto da estrutura
social, o campesinato tem um extraordinário peso em termos demográficos (em
1864, seria de 75% a percentagem da população rural). A situação da classe
rural não melhora e até se agrava em consequência do aumento demográfico. As
suas alternativas eram limitadas: recurso à migração para as cidades ou para o
estrangeiro e, por vezes, ingresso na carreira eclesiástica. E dada a
incapacidade das cidades em absorver a mão-de-obra rural, daí resultou uma
emigração, especialmente para o Brasil.
A perda do Brasil
também orientou uma política voltada para os territórios africanos, o que
permite compreender toda uma política de fomento colonial que se desenvolve,
sobretudo, a partida da Regeneração (1851). Esta política colonial virá a
provocar conflitos, particularmente com a Inglaterra, no contexto das
preocupações expansionistas de algumas potências estrangeiras.
Com a independência
do Brasil, em 1822, impôs-se uma orientação económica voltada para o
aproveitamento dos recursos nacionais: a agricultura, a pecuária, os recursos
mineiros e o arranque de iniciativas no plano industrial. Assim, procura-se
modernizar o País e explorar as suas potencialidades económicas ‑ o que explica
a introdução e a relativa expansão da máquina a vapor no campo da indústria e o
lançamento da rede ferroviária e viária (fontismo). O alargamento progressivo
da rede ferroviária chegou, em 1863, à fronteira com a Espanha, o que permitiu
uma abertura à cultura europeia. Em 1864, Coimbra ficou ligada à rede europeia
de caminho-de-ferro. Não obstante os avanços técnicos, o País continuou
essencialmente agrícola; a área de produção alargou-se no sentido de dar
resposta à procura interna de alimentos por uma população crescente e de
corresponder às solicitações dos mercados externos, particularmente do inglês.
De facto, as instituições sociais, sob o ponto de vista tecnológico, económico
e social, estagnavam. Há uma certa prosperidade passageira da grande burguesia,
mas as condições de vida, de cultura e o nível de consciência da massa
campesina não se alteram muito.
Uma economia assente
na produção agrária parece poder explicar-se com a incapacidade de concorrer,
em qualidade e preços, com a Inglaterra e os países da Europa do noroeste. Os
seus produtos industriais invadiam o mercado nacional e daí a necessidade de
fomentar a agropecuária. E por falta de dinamismo económico interno, por falta
de uma expansão da produção nacional, desenvolve-se, assim, uma grande
dependência do mercado externo, cuja evolução se reflete na vida económica e
financeira nacional, conduzindo, por vezes, a situações de crise.
Em 1872, sob a
influência da Comuna de Paris, da Internacional irrompe o movimento operário. A
criação do Partido Socialista (1875), as associações de classe e o aparecimento
de uma imprensa operária e socialista, parecem mostrar uma estruturação do movimento
operário, embora lenta e difícil. O proletariado industrial, sem grande
significação social e política, cresceu lentamente, nunca atingindo, contudo, o
carácter predominante numa sociedade essencialmente rural.
Em 1873, surge um
novo partido, o Partido Republicano e, pouco depois, em 1875, o Partido
Socialista.
Em 1890, em
consequência da questão do «Mapa Cor-de-Rosa», a Inglaterra impõe um Ultimato ‑
facto este que fomentou a oposição republicana e conduziu à revolta do Porto,
fracassada, em Janeiro de 1891.
Bibliografia:
O
Pensamento de Antero de Quental, Manuel Tavares e Mário
Ferro, Editorial Presença.
História
da Literatura Portuguesa, A. J. Saraiva e Óscar Lopes, Porto Editora.
2.1. Regeneração (1851-1890) – Síntese
. Aumento da população (1850 – 3.500.000 ® 1911 – 5.500.000).
. Distribuição demográfica muito
irregular e concentrada a norte do Rio Tejo, no litoral.
. A independência do Brasil (1822) impõe
uma orientação económica voltada para o aproveitamento dos recursos nacionais
(agricultura, pecuária, recursos mineiros, arranque de iniciativas no plano
industrial) e para os territórios africanos.
. Governos de coligação de setembristas e
de cartistas moderados, principalmente com Fontes Pereira de Melo (o fontismo),
procuravam alcançar os seguintes objetivos:
- o fomento económico do país;
- a construção de meios de comunicação;
- a construção de meios de transporte.
. A Regeneração procurou recuperar o país do seu
atraso económico e tecnológico.
. Essa recuperação deveria ser feita
através da intervenção sistemática e organizada do estado em diferentes
sectores:
- reformas do ensino;
- reformas da administração;
- fomento industrial;
- construção de novas vias de
comunicação.
. Algumas realizações da Regeneração:
- criação do ensino técnico (1852);
- criação de escolas industriais e
agrícolas;
- reorganização das escolas industriais
superiores;
- criação dos serviços de estatística;
- adoção de novos padrões de pesos e
medidas (quilograma e sistema métrico);
- pauta aduaneira moderada para assegurar uma certa
expansão comercial e o fomento industrial;
- construção e
renovação da rede viária;
- abertura dos caminhos-de-ferro;
- construção de
pontes;
- instalação de
linhas telegráficas.
. Apesar do esforço, o desenvolvimento
industrial em Portugal foi lento e tardio, de produtividade muito baixa, com
insuficientes incentivos e sofrendo com os grandes entraves impostos pela
estrutura sociocultural do país:
- agricultura muito atrasada;
- grande emigração (grandes cidades; Brasil), da qual
resulta o envelhecimento e feminilização da população;
- comércio externo
em crise devido à quebra de procura dos produtos portugueses, o que provocava
um deficit crónico na balança comercial e a dependência em relação aos
países industrializados;
- persistência de uma política de livre-cambismo que
colocava os nossos mercados à mercê de uma concorrência estrangeira (ingleses, franceses
e alemães);
- falta de
capitais e tendência especulativa da banca, dada a ausência de investimentos e
subsídios.
. Todos estes fatores levaram:
- à criação do Partido Republicano
(1873);
- à criação do Partido Socialista
(1875);
- ao fomento da oposição republicana;
- à falência do estado na grande crise
de Janeiro de 1891 – revolta fracassada do Porto.
. Em síntese, Portugal vivia um período
de subdesenvolvimento, resultante dos seguintes fatores:
- dependência em relação a outros países mais
desenvolvidos (dependência de empréstimos, por exemplo, muitas vezes para pagar
juros anteriores) e às colónias;
-
falta de matérias-primas;
-
organização empresarial de fraco nível;
- investimento na especulação e no setor
imobiliário por parte da classe detentora do poder e do dinheiro, em vez de investir
em atividades produtivas;
-
política tributária deficiente e elitista;
-
certa incapacidade de desenvolvimento industrial e agrícola;
-
limitada capacidade de aplicação de novidades técnicas;
-
distribuição injusta de terras;
-
circulação interna limitada;
-
fraco poder de consumo;
-
forte sector terciário parasitário;
-
predomínio da agricultura;
-
distribuição desequilibrada da população pelo País;
-
insuficiente população ativa fora da agricultura;
-
falta de formação do operariado e do patronato;
-
pouco desenvolvimento urbano;
-
índices elevados de emigração e analfabetismo;
-
grande taxa de mortalidade infantil;
-
alimentação deficiente das classes pobres;
-
generalizada falta de consciência política;
-
ação repressiva das autoridades.
[1]
Concentração vertical quando, por
exemplo, uma mesma empresa domina as operações que transformam o minério de
ferro em barco a vapor;
horizontal quando, por exemplo, o produtor de açúcar
domina o mercado de todo um país: capitalismo monopolista.
Retrato de Frei Dinis
▪ Antes de se ter tornado frade, Frei
Dinis era simplesmente Dinis de Ataíde, um importante magistrado, representante
da vida mundana.
▪ “Católico sincero e frade no coração”,
era o “frade mais austero e pregador mais eloquente daquele tempo”.
▪ Tratava-se de um “homem extraordinário
que juntava a uma erudição imensa o profundo conhecimento dos homens e do mundo”.
▪ É austero e inflexível: “homem de
princípios austeros, de crenças rígidas e de uma lógica inflexível e teimosa”.
▪ “Um ser de mistério e terror”, “o
cúmplice e o verdugo de um grande crime”, encarna a ideia cristã da penitência,
vive para expiar os seus pecados, sendo objeto de uma cólera divina.
▪ Figura ominosa, agente de um destino
inexorável, cuja função na economia da obra é criar uma atmosfera de terror, fazendo
prever ao leitor uma fatalidade iminente e um mistério terrível que o cerca.
▪ Atormentado pelo remorso, perseguido
pelo mundo na cela do seu convento, abomina as doutrinas liberais e a heresia.
▪ Neste sentido, simboliza as ideias
absolutistas (o Portugal Velho), segundo as quais o poder régio é legado por
Deus para governar a nação seguindo os preceitos evangélicos.
▪ É uma personagem aparentemente
rigorosa e malévola, como era característico do frade romântico, o que, de
certa forma, confirma: é o destruidor da família do Vale e o protótipo do mal.
▪ A sua transformação em Frei Dinis
representa a rutura com o material e a ligação ao espiritual, traço em que é o oposto
de seu filho, Carlos.
▪ Visita a casa do Vale todas as
sextas-feiras.
▪ Acaba por entrar em conflito ideológico
com Carlos, de quem é pai, que o considera um intruso.
Antes de ser frade, Dinis de Ataíde
era materialista, dominado por paixões que levarão ao nascimento de Carlos, à
morte de sua mãe e ao assassínio do pai de Joaninha e do marido da mãe de
Carlos, crimes que o levarão a professar, abandonando a vida materialista e mundana
para se tornar espiritualista.
Em contramão, Carlos segue um
percurso inverso: quando jovem, era idealista (daí a adesão ao Liberalismo),
desprendido das coisas materialistas (espiritualista), porém, com a instalação
do Novo Regime (Liberalismo), a sociedade torna-se profundamente materialista e
ele torna-se barão, o símbolo mais perfeito do materialismo burguês.
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Retrato de Joaninha
1. Retrato físico
▪ Joaninha é uma jovem órfã de 16
anos, pele branca e olhos verdes, como a Natureza pura, com a qual ela está em
harmonia.
▪ O seu retrato começa por ser físico
e só depois é caracterizada psicologicamente.
2. Retrato psicológico
▪ Joaninha é uma adolescente natural,
impoluta, misto de criança e mulher, ideal de espiritualidade.
▪ É definida pela estabilidade
e pela fidelidade ao espaço onde cresceu – o Vale de Santarém – a cujos
valores permanece fiel: a harmonia, a perfeição, a simplicidade, a
espiritualidade, a naturalidade e a pureza original (a cor verde dos olhos) de
um espaço que exclui os vícios sociais.
▪ É sentimental, ingénua e pura,
não corrompida pelos vícios da sociedade; enlouquece e morre,
vítima inocente, ao ser confrontada com as injustiças e crueldades sociais.
▪ Personifica a graça, a fragilidade,
o espírito de sacrifício, o encanto feminino segundo a conceção do autor.
▪ Polariza todas as mulheres que
Carlos amou, todas as suas paixões e anseios amorosos.
▪ Apresenta traços de excecionalidade,
de diferença.
▪ Está-lhe associado o rouxinol, que
prenuncia, por associação com o rouxinol da Menina e Moça, de Bernardim
Ribeiro, o sofrimento amoroso, a desilusão e a morte vividos
▪ É o retrato da mulher ideal,
da mulher-anjo, constantemente superlativada.
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Almeida Garrett
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COVID-19: ponto de situação do dia 19 de abril
Retrato de Carlos
▪ Caracterizado direta
(pelo narrador) e indiretamente (a partir dos diálogos e da carta final), é uma
personagem modelada, rica de vida interior, sofrendo evolução psicológica ao
longo da obra.
▪ É a personagem central,
o protagonista, em quem Garrett vazou a sua própria personalidade, procurando
justifica-la e tomando a sua defesa: “Leitor amigo e benévolo, caro leitor meu
indulgente, não acuses, não julgues à pressa o meu pobre Carlos” (cap. XXII).
▪ É o modelo da galeria
romântica dos homens fatais, que espalham o sofrimento e a destruição à
sua volta.
▪ Começa por ser
caracterizado fisicamente e só depois psicologicamente, numa perspetiva que
parte do geral para o particular. Como sucede frequentemente com diversas personagens,
as suas características físicas indiciam as psicológicas.
1. Retrato físico
• Carlos tem aproximadamente 30 anos.
• É de estatura média,
corpo delgado, mas com peito largo e forte (alberga um grande coração).
• Tem olhos pardos e
expressivos.
• A boca, embora pequena,
é igualmente expressiva.
• Os olhos e a boca
projetam o temperamento e o caráter de Carlos: a nobreza, a lealdade, a
generosidade, mas também a afetividade, a emotividade e a tendência para o
arrebatamento (cap. XX).
2. Retrato psicológico
• É franco, leal e generoso.
• Por outro lado, é
vaidoso e mentiroso, temperamental e difícil de entender.
• É egoísta até à
comiseração que sente por si mesmo, sorve dos outros aquilo que lhe podem dar,
sem jamais retribuir, porque é incapaz disso: “Quero contar-te a minha
história: verás nela o que vale um homem. Sabe que os não há melhores que eu: e
tão bons, poucos. Olha o que será o resto!” (cap. XLIV).
• Era possuidor de um
coração puro que a sociedade transformou num cético, um sentimental arrastado
por um coração demasiado grande e sensível que não sabia obedecer à razão ou à
vontade.
• Possuidor de um caráter
inconstante, que o impede de encontrar-se a si próprio, de identificar-se com o
seu verdadeiro «eu», simbolizado por Joaninha, é incapaz de vencer uma
tendência mórbida para a volubilidade.
• Representa as ideias
liberais e, simultaneamente, as opiniões pessoais do autor sobre
o liberalismo e a sua aplicação prática.
• Incapaz de vencer a indeterminação,
cai no indiferentismo, engorda, enriquece e faz-se barão.
• Encarna a instabilidade
sentimental do romântico: sofre por não poder dar-se inteiro e para sempre
no amor, mas não deixa de se envaidecer por ter um coração “grande de mais”.
• É uma personagem
marcada por traços de excecionalidade típicos do herói romântico:
» a superioridade;
» as antinomias (“fácil na ira, fácil
no perdão”);
» o pendor para a marginalidade;
» o pendor para o isolamento
existencial.
• Contrariamente a
Joaninha, é dominado por uma tendência para a mudança/instabilidade:
» a partida do Vale;
» o exílio;
» o regresso ao Vale;
» a partida definitiva do Vale;
» dividido entre o
chamamento do Amor e o empenhamento no combate pelo Liberalismo, empreende um
percurso instável de sucessivos desenganos amorosos (com Júlia, com Laura e com
Georgina na Inglaterra; com Soledad na Ilha Terceira, com Joaninha no Vale);
» o empenhamento na causa
liberal também se resolve em termos de mudança, já que esse empenhamento
significa o envolvimento de uma personagem originariamente boa e pura (porque
proveniente do espaço paradisíaco do Vale de Santarém) na teia das convenções
sociais que a vão degradando, acabando poe ceder ao materialismo e se tornar
barão.
3. Carlos enquanto herói romântico (síntese)
A longa carta que Carlos escreve a
Joaninha permite identificar as características que fazem dele um herói
romântico:
▪ individualista, narcisista e
egoísta, vivendo um drama interior;
▪ temperamento contraditório e
dominado pelo sentimento;
▪ marginal, solitário e sofredor;
▪ fracassado a nível
social e amoroso: passa do idealismo ao materialismo, de Adão natural
transforma-se em Adão social, seguindo um percurso oposto ao do pai, Frei
Dinis;
▪ megalómano;
▪ sedutor;
▪ sentimento de superioridade;
▪ excecional e excessivo;
▪ revolucionário;
▪ instável e
constantemente móvel (partida do Vale, exílio, regresso, nova partida, etc.);
▪ ser corrompido;
▪ amante: ama todas as mulheres,
revelando-se incapacitado para o amor;
▪ herói fatal: causa a perdição
daqueles que o amam ou que o rodeiam.
4. Percurso de Carlos
▪ Infância na casa do Vale.
▪ Formatura em Coimbra.
▪ Adesão às ideias liberais.
▪ Emigração para
Inglaterra em 1830, onde vive um período de grandes paixões e mentiras.
▪ Regresso ao Vale de
Santarém como oficial liberal, durante a guerra civil que opôs liberais a
absolutistas.
▪ Reencontro com Joaninha.
▪ Incapacidade de
corresponder ao amor de Joaninha.
▪ Ferimento numa batalha
e mudança para o convento de Frei Dinis, em Santarém.
▪ Fuga a compromissos
(Joaninha versus Georgina).
▪ Incapacidade de
enfrentar a revelação do passado da sua família.
▪ Incapacidade para lidar
com o destino trágico: a avó cega, de tanto chorar, fica como morta; Frei Dinis
é um cadáver vivo; Georgina professara; Joaninha enlouquecera e morrera.
▪ Entrada na política:
torna-se barão.
Este percurso de Carlos simboliza a
fraqueza do Homem. Ele personifica o trajeto de um jovem bom que, ao sair do
edénico Vale de Santarém, onde fora criado, na casa da avó Francisca, ao lado
de Joaninha, vigiado por Frei Dinis, perde a sua pureza original e se transforma,
tornando-se, no final, barão.
Almeida Garrett parece identificar-se
com o Carlos herói romântico, que, no entanto, ao longo da obra acaba por se
transformar num anti-herói que desiste por não conseguir resolver os seus
dilemas. O fracasso da sua vida amorosa coincide com o triunfo do Liberalismo,
no entanto a desistência de todos os seus ideais condu-lo ao ceticismo,
tornando-se barão. De facto, o jovem, originalmente puro e bom (o Adão
natural), cede ao materialismo e às convenções sociais que o transformam e o
fazem barão (Adão social). Estamos, afinal, na presença da teoria do “bom
selvagem”, de Rousseau, segundo a qual o Homem nasce naturalmente bom (Adão
natural), mas é corrompido pela sociedade (Adão social).
5. Posicionamento do narrador relativamente a Carlos
▪ à primeira vista, os
termos em que caracteriza Carlos propendem a fazer dele uma figura de destaque
que sugere uma apreciação positiva;
▪ noutros momentos,
deparamos com reações de teor irónico, tendendo a desdramatizar atitudes da
personagem marcadas pelo excesso;
▪ no final, o narrador
declara-se antigo camarada de Carlos, o que leva a pensar que aquele também se
julga a si mesmo num registo autocrítico.
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