1. O poema constrói-se, essencialmente, com base num discurso que o «eu» poético dirige a uma segunda pessoa do plural.
      1.1. Demonstre a veracidade da afirmação, considerando o modo verbal e a função da
             linguagem predominante.
          De facto, o sujeito poético parece dirigir-se a um tu, o que é visível através do recurso ao modo imperativo («Tirem daqui...», «Não me apregoem...») e à função apelativa da linguagem («Não me venham com conclusões!» - v. 3; «Não me tragam estéticas!» - v. 5).
2. A acumulação de construções negativas, nas três primeiras estrofes, remete para uma
     recusa.
     2.1. Explique, por palavras suas, aquilo que o sujeito poético recusa.
          O sujeito poético recusa a 
"verdade" (verso 12) que a sociedade tem para lhe oferecer, nomeadamente as 
"conclusões",  as 
"estéticas", a 
"moral", a 
"metafísica", 
"as ciências" e 
"a civilização moderna". No fundo, estamos perante um Campos em tudo oposto ao do delírio sensacionista da "Ode Triunfal".
3. Comente a interrogação retórica presente no verso 11.
          A interrogação retórica do verso 11 traduz o espanto do sujeito poético, que se interroga acerca da razão pela qual estará a ser castigado.
4. A par da recusa referida em 2., o sujeito poético afirma os seus «direitos».
     4.1. Refira-os, justificando a sua resposta com passagens do poema.
          O sujeito poético defende o seu direito de ser diferente dos «outros» (
"Fora disso, sou doido, com todo o direito a sê-lo. / Com todo o direito a sê-lo, ouviram?" - vv. 14-15; 
"Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? / Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?" -vv. 17-18) e o de ser / estar sozinho (
"Vão para o diabo sem mim" - v. 21; 
"Ah, que maçada quererem que seu seja de companhia!" - v. 27; 
"Deixem-me em paz!" - v. 36; 
"(...) quero estar sozinho!" - v. 35).
5. A décima estrofe constitui uma espécie de parêntesis no discurso do sujeito poético.
     5.1. Identifique o sentimento que aí se revela.
          A estrofe referida revela um misto de nostalgia e tristeza, visíveis, por exemplo, nas apóstrofes e personificações 
"céu azul", 
"macio Tejo" (sinestesia) e 
"mágoa revisitada", identificada com a cidade de Lisboa.
     5.2. Indique a que época da vida do sujeito poético se reporta esta estrofe e a respectiva
            simbologia no contexto do poema.
          O sujeito poético refere-se à sua infância, símbolo da alegria e da felicidade perdidas.
     5.3. Interprete a expressividade dos adjectivos presentes nos versos 28 a 31.
          A infância é recordada como um tempo conhecido, imutável, sem surpresas, logo um tempo tranquilizador e de paz. Os adjectivos 
"eterna", 
"perfeita", 
"macio" e 
"ancestral" enfatizam essas ideias de imutabilidade e de segurança.
     5.4. Demonstre, remetendo para passagens do texto, que o sentimento que liga o sujeito
            poético à cidade de «Lisboa» se prende com os direitos por ele apregoados em estrofes
            anteriores.
          A cidade de Lisboa, presentemente, em nada altera o «eu», o seu estado de espírito, nem procuram convencê-lo a ser aquilo que ele não deseja, limitando-se a permanecer 
"mudos", 
"vazios" e 
"imutáveis". Daí que a cidade se afigure, para o sujeito poético, como perfeita, pois respeita o seu direito à diferença e o seu desejo de solidão.
6. Esclareça o sentido da última estrofe, demonstrando que ela se relaciona intimamente com
    o verso 4: "A única conclusão é morrer."
          Na última estrofe, depois de novo apelo a que o deixem sozinho, em sossego, o sujeito poético faz uso, duas vezes, do verbo 
"tardar" na forma negativa, remetendo para a ideia de proximidade da morte, ideia essa confirmada pelos nomes maiusculadas 
"Abismo" e 
"Silêncio", símbolos da morte, cuja inexorabilidade é a única certeza, já anunciada no verso 4 (
"A única conclusão é morrer.").
7. Relacione o título do poema - "Lisbon Revisited" - e o conteúdo da décima estrofe (vv.
    28-33) com o quadro de Miguel Yeco.