Português: Correção do questionário do conto «Asclépio, o "Caçador de Eclipses"»

domingo, 28 de agosto de 2022

Correção do questionário do conto «Asclépio, o "Caçador de Eclipses"»


 1. e – b – g – a – d – h – c – f.
 
2.
a. V
b. V
c. F – O pai de Asclépio ocupava esse cargo: “o Comandante Lupino decidiu-se, pois, em virtude do acidente acima descrito, a ir morar com o irmão, à data Governador-Geral de Colónia”.
d. F – “Pio, como desde petiz era conhecido entre familiares e amigos (…). Com os pais e as suas sete irmãs, vivia”.
e. F – “O Doutor Lupino, tio de Asclépio, morava também, havia meia-dúzia de anos, com a prestigiada família Euclides Semedo e fora ele o «culpado» da verdadeira paixão do sobrinho pelas «coisas da ciência»”.
f. V
g. F – “Estava-se em 1968, o país travava-se de razões com o segundo grande eclipse solar do século”.
h. F – “quando chegou à idade universitária, já em Coimbra”; “Terminado o curso, o então já Doutor Asclépio percorreu o mundo”; “Em Moçambique, onde regressava regularmente”.
i. V
j. V
k. V
l. V
 
3.
A – Primeiro parágrafo.
B – Desde o início do segundo parágrafo até “o primeiro eclipse total do Sol em terras de Moçambique”.
C – Desde “O fenómeno dos eclipses” até ao final do mesmo parágrafo.
D – Desde “Foi esse dia o espoletar de uma paixão” até ao final do mesmo parágrafo.
E – Desde “Em Moçambique, onde regressava regularmente” até ao final do mesmo parágrafo.
F – Desde “No dia do eclipse” até ao final do mesmo parágrafo.
G – Último parágrafo.
 
4.1. Asclépio é «especialista em eclipses”, divertido/bem-disposto (“O Doutor Euclides brinca.”) e experiente (“a sua experiência na matéria”).
 
4.2. A ação decorre em 1968.
 
4.3. “Certo, muito certo, mas a Dr.ª Catarata enganava-se”; “o professor Asclépio Euclides, mal-grado toda a sua experiência na matéria, que inclusive lhe valera o cognome de ‘caçador de eclipses’, teria ainda muito com que se espantar.”
 
5.1. A analepse consiste num recuo temporal, marcado no texto pelas passagens “Pio, (…) começou a interessar-se por acontecimentos raros, fenómenos científicos e afins, teria aí os seus cinco, seis anos.” e sobretudo “vivia nesses tempos do princípio do século”, entendidas como retrocessos temporais depois de se ter marcado o início da ação, no parágrafo anterior, com a expressão “Estava-se em 1968”.
 
5.1.1. O recurso à analepse prende-se com a necessidade de o narrador dar a conhecer mais profundamente, nas suas características e fatores que as motivaram, a personagem principal, Asclépio, mas também os acontecimentos anteriores ao presente da ação que contribuem para o seu entendimento mais cabal.
 
5.2. As aspas aplicadas ao adjetivo marcam não apenas a reprodução de uma palavra de Thomás Euclides Semedo, mas assinalam um sentido suavizado do vocábulo. Embora surja habitualmente como sinónimo de «criminoso», o adjetivo «culpado» realça, neste contexto, apenas a conceção que a família, nomeadamente o pai de Asclépio, tinha da influência de Lupino sobre a criança, vista como algo diferente e inabitual para a sua idade.
 
5.3. As palavras do narrador na última frase do segundo parágrafo indiciam o conhecimento de acontecimentos futuros relativamente aos apresentados, que serão expostos num momento posterior.
 
5.4.1. O uso do pretérito mais-que-perfeito, simples e composto, do indicativo (“servira”, “tinha envolvido”, “caíra”, “passara”) surge ao serviço do relato dos acontecimentos da vida passada do Tio Lupino anteriores ao momento em que se instalou em casa da família do irmão. Deste modo, confirma-se o valor semântico-funcional do tempo verbal, destinado a relatar fatos passados anteriores a outros também verificados em momentos precedentes ao presente da narração.
 
5.5. A expressão é a seguinte: “a prestigiada família Euclides Semedo”.
 
5.6.1. Após uma vida dedicada ao serviço militar, o Comandante Lupino Euclides Semedo sofreu um acidente durante uma operação de salvamento, o que lhe deixou mazelas ao nível da memória. Tal facto determinou o seu afastamento quase compulsivo do exército, atenuado apenas pela atribuição de um louvor em nome das altas patentes militares e da própria rainha portuguesa D. Maria Pia. Não sendo casado, após o abandono da vida de combatente resolveu passar a residir com o irmão e respetiva família.
 
5.7. Lupino Euclides Semedo é apresentado como comandante pronto e “célere”, caracterizado pelos seus “brios e valentia insuperáveis” e “louvável filantropia”.
 
5.8.1. Juntos, iam “inventariando fauna e flora” e dedicavam-se “a catalogar os espécimes apanhados” e a organizar uma coleção apelidada pela família de “Museu de História Natural”.
 
5.8.2. b
 
5.9.
1. d
2. f
3. a
4. e
5. b
6. c
 
5.10. A expressão é “na realidade”.
 
5.10.1. O mecanismo é a coesão interfásica.
 
5.11. Para Asclépio, os eclipses constituiriam verdadeiros “milagres” naturais, pelo que lhe despertavam grande “ansiedade”. No dia do fenómeno, ele e o tio “deslumbravam-se” com o acontecimento. Os restantes habitantes da região sentiam-se “desprevenidos e temerosos” face à ocorrência.
 
5.12. Os dois vocábulos são “desatino” e “pandemónio”.
 
5.13.1. Enquanto na segunda oração o verbo é usado no seu sentido mais comum, o de ‘dizer orações, orar’, na primeira ele surge com uma aceção menos vulgar, que remete para a ação de ‘narrar, referir’.
 
5.14. A enumeração, entendia com um sentido gradativo, especifica os sentimentos e as atitudes daqueles que, receando o eclipse, começavam por se lamentar, passando, depois, a solicitar auxílio num crescendo de intensidade que culmina no entendimento do fenómeno como um castigo de que se procuram libertar, solicitando perdão pela razão que o possa ter determinado.
 
5.15. Uma vez que o eclipse era entendido pela população moçambicana em geral como manifestação de entidades superiores (“deuses”), o narrador comenta, ironicamente, que seria compreensível que todos os agentes dedicados às ciências ocultas se mantivessem disponíveis para assistir as pessoas nos seus “medos e crendices”.
 
5.16. A ação decorre em plena época de colonialismo português em Moçambique, pelo que a metrópole constituía o recurso das famílias de estatuto social elevado para suprir a falta de meios que se sentia na colónia.
 
5.17. A oração desempenha a função sintática de complemento direto.
 
5.18. O processo morfológico é a derivação por sufixação.
 
5.19.1. A sequência inicia-se com o regresso ao momento do presente da ação, já apresentado no início do conto: “ano de 1968”.
 
5.20.1. A frase é a seguinte: “As pessoas saíram confiantes, gargalhando os medos e os temores.”
 
5.20.2. O gerúndio da forma “gargalhando” coloca em destaque a duração da ação (aspeto lexical imperfetivo), dando a entender que durante largos momentos e com persistência as pessoas, “confiantes”, superaram os seus “medos” e “temores”.
 
5.21.1. Considerando o número da perfeição, o três remete para a completude e a inteireza. Prepara-se o eclipse para que se complete, no céu, a ordem, ao terceiro dia. O homem, Asclépio, será o intermediário entre a terra e o céu, ligando-os. Note-se que o eclipse durou “três minutos”, associando-se esta referência também à simbologia do número.
 
5.21.2. O conector transmite uma ideia de conclusão relativamente à descrição das consequências do eclipse anteriormente discutida.
 
5.22.1. A sequência descritiva inicia-se no começo do parágrafo e prolonga-se até à primeira oração da frase “Aguardavam expectantes, e quando o Sol começou a vestir-se de negro uma onda de suspiros ressoou no silêncio instalado”. A segunda oração da mesma frase marca o início da sequência narrativa.
 
5.22.2. Na descrição predominam as formas verbais no pretérito imperfeito (“reinava”, “encontrava-se”, “sentiam”, “Aguardavam”), enquanto na narração predomina o pretérito perfeito (“começou”, “ressoou”, “foram”, “reparou”).
 
5.23.1. O verdadeiro prodígio do dia foi o “desaparecer como se por magia” do Dr. Asclépio Euclides, depois de ter sido envolvido por “uma densa sombra negra” e de se ter incinerado. Deste modo, as aceções 3., 4. e 5. do verbete serão as mais adequadas, remetendo para o obscurecimento e posterior desaparecimento da personagem.
 
5.23.2. O eclipse de Asclépio, provocando inicialmente um enorme “espanto”, fez ressurgir o “corrupio” da população.
 
5.24. c
 
5.24.1. À palavra solo, que está na origem, foram acrescentados simultaneamente um prefixo e um sufixo, fundamentais para a existência do vocábulo.
 
6.1.1. O sufixo diminutivo, usado com valor depreciativo, retira valor à figura representada pela estátua e ironicamente remete para o objetivo mesquinho da sua construção, destinada essencialmente a atingir fins eleitoralistas.
 
6.1.2. O escultor conseguiu reproduzir na própria estátua de Asclépio o fenómeno do eclipse que levara ao seu desaparecimento, alternando fases de escuridão sob a luz solar e de luminosidade à noite. Como se por magia, Asclépio eclipsara-se e, também com alguma magia, se recordava a sua figura através desta estátua.
 

Ligações:
    👉 Texto.
    👉 Questionário.

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