Este é
um dos melhores romances de Alencar. No entanto, não há muito estudos sobre a
obra, ao contrário do que seria de esperar. Foi de tal modo valorizada a “vertente
indianista” de Alencar que as suas outras vertentes (vertente urbana,
histórica, regionalista) foram descuradas.
Grande
parte dos romances de Alencar têm como elemento fulcral o índio, elemento
típico brasileiro. Alencar busca, assim, um passado que corresponde à necessidade
de busca da nacionalidade e um passado heroico, o que é típico do Romantismo.
No
entanto, a composição dos seus romances, a nível de forma, estrutura,
abundância de adjetivos, metáforas, descrições estão presentes com muita força
na sua última fase, quando as obras passam a refletir sobre a sociedade urbana.
A globalidade da sua obra, apesar de dividida em diferentes vertentes
(indianista, urbana, histórica, regionalista) tem, contudo, um motivo unitário:
a profunda necessidade de evasão no tempo e no espaço, a par de um radical egotismo,
traços visceralmente românticos.
A sua
vertente urbana ou citadina, onde se destacam obras como Diva, Sonhos
d’Ouro, Lucila, Senhora, desenvolve um novo núcleo temático
centrado em alguns tópicos:
- Relacionamento
entre homem e mulher, que quase nunca é calmo, mas entrelaçado de conflitos.
- Tratamento
do “Eu” e neste o que mais salta à vista é o orgulho, suscetibilidade, ciúme,
dualidades, etc.
- Intimismo.
Senhora
retoma, de forma satírica e irónica, a vida em sociedade da segunda metade do séc.
XIX. O seu estudo é importante não só para um maior equilíbrio na abordagem da
obra de Alencar, mas também no estudo de uma fase muito importante na
literatura brasileira: Romantismo. É nesta fase que a literatura do Brasil se
afirma como independente de qualquer outra literatura e é também no Romantismo
que se definem as linhas mestras de uma literatura que se quer peculiar de um
povo.
Senhora
já anuncia a atitude e o modo de escrever de Machado de Assis e impõe uma nova
dimensão à ficção brasileira.
Das Memórias
(1853) se disse que já anunciavam o Realismo. Quanto à Senhora, as
opiniões divergem: uns dizem que já anuncia o Realismo; outros que o realismo
da descrição não é sequer realismo. Esta é, sem dúvida, uma obra romântica,
embora seja publicada na mesma época em que surgem as primeiras obras de
Machado de Assis (1875).
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