Mollie
Burkhart é um membro da nação Osage, nascida em 1886. Ela é uma de quatro irmãs
e é mãe de três filhos (James ou Cowboy, Elisabeth e Anna) e dona de uma
grande fortuna, obtida graças aos direitos sobre terras no Condado de Osage,
situado no estado norte-americano do Oklahoma. Embora nativa, é casada com um
homem branco – Ernest Burkhart – e fala inglês. Quieta, paciente, mas
determinada a bter justiça para as suas irmãs assassinadas, Mollie é uma
personagem central da história da sua tribo e do livro de David Graan. Depois
do julgamento, divorcia-se de Ernest e casa novamente com James Cobb. Morre de
causas naturais em 1937, aos 51 anos.
De
facto, Mollie Burkhart é a protagonista da narrativa sobre os assassinatos de
que foi vítima a sua tribo, desde logo porque consegue sobreviver à onda de
mortes e porque está diretamente conectada com as vítimas e os vilões da
história. Não obstante, não são muitas as informações conhecidas sobre a mulher.
Quando Tom White assume a direção do caso, fica surpreendido por os agentes que
o antecederam na investigação não tenham interrogado mais profundamente Mollie,
visto que muitos dos seus parentes tinham sido vítimas do Reinado do Terror. O
silêncio a que ela se submete parece constituir um reflexo do estereótipo do
índio norte-americano, porém, na realidade, ele decorre essencialmente dos
preconceitos de género e de raça que vigoravam na época. Seja como for, a
imagem que se desprende de Mollie é a de uma mulher comprometida com a sua
família e as suas tradições culturais. A sua determinação em conseguir justiça
para os seus familiares não é mais do que uma extensão desse comprometimento.
Como
foi referido anteriormente, Mollie nasceu em 1886, bem antes do enriquecimento
dos Osage, e foi criada de modo tradicional e de acordo com os costumes da sua
tribo, até atingir a idade adulta, apesar de ter frequentado durante algum
tempo a escola, o que lhe permitiu aprender os costumes norte-americanos e
falar inglês. Apesar desse contacto com uma cultura exterior, Molly espera
casar-se de acordo com a tradição da sua tribo e tem mesmo um breve casamento
juvenil com Henry Roan, porém apaixona-se por Ernest e acaba por desposá-lo,
seguindo os seus sentimentos, resultando desse matrimónio três filhos, que ama
profundamente. Evidência desse amor é o facto de mandar embora a filha mais
nova para o proteger, quando membros da sua família começam a morrer
repentinamente e de forma suspeita.
A
imagem com que ficamos de Mollie é a de uma mulher compassiva, carinhosa e
atenciosa. Confirmando esta visão, no final do livro de Graan, a sua neta,
Margie, compartilha uma lembrança que o seu pai conservava da sua mãe tratando
dela quando estava com dores de ouvido. Mesmo tendo consciência de que não é a
filha predileta da mãe, Mollie cuida de Lizzie. Outro facto curioso prende-se
com o gosto de dar festas que possui, nunca despendendo, todavia, grandes somas
de dinheiro para tal, incluindo a receção de parentes do seu marido claramente
racistas.
O amor
pelo marido leva-a a não acreditar, de início, nas acusações que o levam a
tribunal. De facto, ela continua comprometida com o esposo, mesmo após a sua
prisão por conspirar contra a própria família. Num dos poucos momentos em que
Mollie se faz ouvir, ela expressa a sua determinação de que os culpados sejam
punidos, bem como a convicção profunda de que Ernest não é um deles. Assim,
escreve breves cartas consoladoras ao esposo na prisão, porém a sua atitude
muda radicalmente quando ele confessa a sua culpa nos crimes. Deste modo, no
momento em que é levado após ouvir a sentença, a expressão da mulher é descrita
como «fria».
A vida
de Mollie descrita ao longo do livro é marcada pelo sofrimento e pela dor,
culminando no momento em que ganha consciência de que o marido é um criminoso
que atentou contra membros da sua própria família, contudo, no final, ganha
contornos de felicidade, já que se volta a apaixonar e se casa. Além disso,
consegue que a sua guardianship seja removido. Quando encontra a morte,
em 1937, está livre por completo da teia da conspiração.
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