A
figuração apresentada é um cartoon e
intitula-se de “Pastores de Nuvens”. É uma das obras de um cartunista brasileiro,
Ubiratan Nazareno Borges Porto ou Biratan Porto, nascido em Belém do Pará a 29
de outubro de 1950. Formou-se em publicidade na Universidade Federal do Pará,
sendo atualmente cartunista profissional e bandolinista nas horas vagas.
Trabalha com humor gráfico há já 30 anos, tem sete livros de humor publicados e
trabalhos divulgados nos EUA, Itália, França, Bélgica e Holanda. Conquistou
importantes competições de humor no Brasil e noutros países. Criou o guião e
dirigiu o filme de animação em 3D “Cadê o verde que estava aqui?”. No ano de
2002, conquistou o primeiro lugar no Internacional Cartoon Festival of
Knokke-Heist, realizado na Bélgica, um dos mais importantes e tradicionais
concursos de humor da Europa.
A
imagem é formada por vários elementos, sendo um deles o solo seco e sem
qualquer vegetação, o que nos remete para um deserto. Os indivíduos presentes
na reprodução são pastores de nuvens uma vez que um dos sujeitos está a “bater”
numa nuvem, tal como faz o pastor quando uma ovelha se afasta do rebanho. Abaixo
das nuvens encontram-se potes, que aguardam que a água neles caia. Nuvens, que
se encontram escuras, não por se avizinhar uma tempestade, mas sim,
provavelmente, devido a poluição existente no ar.
O cartunista
Biratan Porto, com a elaboração deste cartoon
tinha a intenção de criticar a falta de água que o nosso planeta atravessa e
que provoca, consequentemente, a desertificação dos solos, o que impede que se
possa cultivar os campos, alimentar seres racionais e irracionais, e que pode mesmo
vir a finalizar a espécie humana.
Tanto
no cartoon, como nos poemas de
Alberto Caeiro salienta-se a importância da Natureza. Para as ambas situações a
Natureza, é o mais importante, a luz dos seus olhos, daí a tratarem como única
e insubstituível. No cartoon estão
representados pastores, que no entanto não o são, tal como Alberto Cairo é
apelidado de pastor, não porque é na realidade um pastor, mas porque ama a
natureza e lhe é fiel.
Os
poemas de Caeiro, além do já mencionado, mostram que o poeta aceita a dor
porque é natural e tudo o que é natural é justo, e também podemos ver isto no cartoon, pois os “pastores”, em vez de
se levantarem e mudarem os seus hábitos, melhorarem o ambiente e acabarem com a
seca, não, estão e vão continuar a estar sentados, pois aceitam o que lhes
sucede sem criticar ou tentar mudar a situação, isto é, rendem-se perante o
destino. Tanto nos poemas do heterónimo de Pessoa, como no cartoon, os indivíduos não pensam nem no passado nem no futuro,
Caeiro apenas se centra nas suas sensações ocasionais e no presente que o situa
no momento em que vive. Os “pastores” do cartoon
estão sentados sem intenção de tentar mudar o futuro, ou de olhar para o
passado e ver em que erraram e descobrir o que provocou a situação apresentada,
para então a conseguirem alterar. Os guardadores apenas se centram na grande
necessidade de obter água naquele preciso momento.
O título do cartoon é por sua vez, “Pastores de Nuvens”, uma vez que os
pastores representados não guardam as ovelhas, como é o comum, mas sim nuvens,
isto porque esperam desesperadamente que caia chuva, por mais ínfima que seja.
Com a
realização deste cartoon o principal
objetivo do cartunista é alertar para a falta de água que provoca a
desertificação dos solos e conseguir persuadir os populares a mudarem os seus
hábitos diários.
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