Richard Codor |
sexta-feira, 22 de abril de 2022
terça-feira, 19 de abril de 2022
Análise da cena 15 da Farsa de Inês Pereira - Monólogo de Inês
|
Inês |
→ |
Casamento
com o Escudeiro |
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↓ |
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Antes (Monólogo
dos vv. 1-36) |
Depois (Monólogo
dos vv. 834-862) |
Estado
de espírito e suas causas |
aborrecida
e irritada |
dececionada
e triste |
||
Desejo
manifestado |
libertar-se
da influência da Mãe através do casamento |
ficar
novamente solteira para poder escolher um marido diferente |
||
Modelo
de marido |
um
homem discreto, não necessariamente bonito ou rico e meigo |
um
homem honesto, pacífico, que a deixe fazer o que ela quiser |
Inês
solteira |
= |
Inês
casada |
||
Local
onde está |
Casa
da Mãe, fechada |
|
Local
onde está |
Sua
casa (que lhe foi dada pela mãe, aquando do casamento), fechada. |
Atividades
a que se dedica |
Bordado
e canto |
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Atividades
a que se dedica |
Bordado
e canto |
Estado
de espírito |
Insatisfeita
com a vida, lamentando a sua sorte |
|
Estado
de espírito |
Insatisfeita
com a vida, lamenta-se da sua sorte |
Conteúdo
do monólogo |
Renega
o que está a fazer, queixa-se de estar fechada e deseja sair do seu
«cativeiro» casando |
|
Conteúdo
do monólogo |
Renega
o que está a fazer, queixa-se de estar fechada e espera sair do seu
«cativeiro» depois da casada, arrependendo-se da decisão que tomou |
↓ |
|
↓ |
||
Visão
que tem do futuro marido |
Homem
“avisado”, de boas maneiras, tocador de viola e versejador, que lhe
proporcione uma vida com diversão |
|
Visão
que tem do marido |
Homem
insensível e tirano, que quer mantê-la presa, não permitindo que saia de casa
ou chegue à janela |
Análise da cena 14 da Farsa de Inês Pereira
Análise da cena 13 de Farsa de Inês Pereira: Inês e o Escudeiro casados
→
proíbe Inês de cantar (“Vós cantais Inês Pereira / […] que esta seja a
derradeira”);
→
ordena-lhe que se cale (“Será bem que vos caleis”);
→ proíbe-a
de lhe responder, devendo acatar tudo quanto ele disser sem retorquir (“E mais
sereis avisada / que não me respondais nada”);
→
proíbe-a de conversar com quem quer que seja (“Vós não haveis de falar / com
homem nem molher que seja”);
→
proíbe-a de sair de casa, incluindo ir à igreja (“nem somente ir à igreja”);
→
impede-a de estar à janela (“Já vos preguei as janelas, / por que vos não
ponhais nelas”).
Em suma, Inês ficará fechada em casa, «como freira
d’Odivelas». Esta comparação mostra como o Escudeiro é um tirano que
manterá Inês presa na sua residência.
▪
cruel
▪
autoritário
▪
agressivo
▪
opressivo e tirânico, pois não permite que Inês
→
cante
→ lhe
responda
→
fale com alguém
→
saia de casa em qualquer circunstância
→
mande em casa “somente um pelo”
→ o
contrarie, tendo de concordar sempre com o que ele disser
→
ordena ao Moço que vigie constantemente Inês e a mantenha sempre fechada em
casa
▪
ambicioso: parte para Marrocos para se fazer cavaleiro na guerra;
▪
pobre:
→ não
deixa dinheiro ao Moço para se governar;
→
aconselha-o a alimentar-se percorrendo as vinhas, comendo figos, favas e
cogumelos.
.
Comparação: “Estareis aqui encerrada / Nesta casa tão fechada, /
Como freira d’Odivelas.” (vv. 801-803) ®
tirânico, o Escudeiro manterá Inês encerrada em casa, como numa prisão.
. Ironia do
Moço:
Análise da cena 12 da Farsa de Inês Pereira: festejo do casamento
Análise da cena 11 da Farsa de Inês Pereira - Discurso de Brás da Mata
▪ É galanteador: elogia os dotes da jovem (“mui
graciosa donzela”).
▪ É sedutor: refere que ela é a mulher que
sempre quis (“vós sois, minha alma, aquela / que eu busco e que desejo”).
▪ É eloquente – usa um vocabulário requintado
(“Obrou bem a Natureza.”).
▪ Usa metáforas (“fresca rosa”).
▪ Usa hipérboles (“vossa fermosura, / que é
tal que, de ventura, / outra tal não se acontece.”).
▪ É falso e mentiroso: ficará com ela,
independentemente da situação financeira de Inês (“Senhora eu me contento / receber-vos
como estais.”).
▪ É escudeiro / nobre: alega trabalhar para um
marechal como escudeiro (“Eu nam tenho mais de meu / somente ser comprador / do
marichal meu senhor / e sam escudeiro seu.”).
▪ É culto: sabe “bem ler” e “muito bem
escrever”.
▪ Possui dotes artísticos e musicais: tange
bem (“logo me vereis tanger”).
▪ É gabarola / fanfarrão (“Sei bem ler / e
muito bem escrever / e bom jogador de bola / e quanto a tanger viola / logo me
ouvireis tanger.”).
▪ É calculista e preguiçoso, pois pretende
viver à custa da mulher (“Leixa-me casar a mi, / depois eu te farei bem.”).
▪ É arrogante e autoritário: “Pera fazeres o
que mando.”
▪ É grosseiro e sem vergonha: “o mais sáfio
bargante”.
▪ Promete-lhe que, depois de casar, a vida de
ambos será diferente.
▪ É cantador: canta mal e de forma
monótona/aborrecida – dá sono ao judeu (“como oivo cantar guaiado / que nam vai
esfandegado.”).
▪ É um “caçador de pardais”.
▪ É “sabedor, revolvedor, / falador,
gracejador”.
▪ É atrevido – pega na mão de Inês como se
ela fosse sua esposa (“afoitado pela mão”).
▪ É desonesto: “sabe de gavião” (o termo “gavião”
– ave de rapina – significa que é desonesto, pois rouba o que não lhe pertence).
▪ É fraco e cobarde – envolve-se em brigas,
mas acaba por apanhar (“Este escudeiro aosadas / onde se derem pancadas / ele
as há de levar / boas senam apanhar”).
»
a ironia nas falas do Escudeiro;
»
a ironia das respostas e apartes do Moço;
» a ironia da Mãe (“Agora vos digo eu / Que
Inês está no paraíso”