Português

domingo, 27 de novembro de 2011

Hybris

. De D. Madalena:
  • contra as leis e os direitos da família:
  • nunca amou D. João de Portugal;
  • "pecado" / adultério no coração: amou Manuel de Sousa assim que o viu, ainda estava casada com D. João; 
  • consumação do "pecado" pelo casamento com Manuel de Sousa - ela não tem a certeza absoluta da morte do primeiro marido;
  • profanação de um sacramento - o casamento;
  • bigamia;
  • impiedade.
. De Manuel de Sousa:
  • revolta contra as autoridades de Lisboa, recusando-se a recebê-las no seu palácio (I, 8, 11 e 12; II, 1);
  • desafio o Destino ao incendiar o próprio palácio (I, 11 e 12);
  • recusa o perdão dos governadores, "se ele quisesse dizer que o fogo tinha pegado por acaso" (II, 1);
  • inconscientemente, participa da hybris de sua esposa:
  • colabora na mentira;
  • profana um sacramento;
  • comete adultério;
  • passa a viver em bigamia;
  • usurpa o lugar que pertence, por direito, a D. João de Portugal.
. De D. João de Portugal:
  • abandona a esposa / família, ainda que o faça por ideais nobres acompanhar o rei à guerra, em defesa do reino e da Fé);
  • o abandono da esposa é um crime contra as leis e os direitos da família, porque a destrói - é um crime de impiedade;
  • embora vivo, depois da batalha, fica prisioneiro, é levado cativo para Jerusalém. E, durante 21 anos, não dá notícias da sua existência, embora contra sua vontade;
  • aparece quando todos o julgavam morto, arrastando consigo a tragédia.
. De D. Maria de Noronha:
  • a interrupção inesperada e violenta das cerimónias religiosas constitui profanação (II, 11);
  • a insolência e a blasfémia contra Deus: "Que Deus é esse que está nesse altar, e quer roubar o pai e a mãe a sua filha?";
  • a insolência contra os ministros sagrados nas suas funções: "Vós quem sois, espetros fatais?... quereis-mos tirar dos meus braços?";
  • a revolta contra D. João de Portugal - contra os direitos deste à esposa, à família, à própria vida, direitos baseados na lei divina e nas leis humanas: "... que me importa a mim com o outro? Que morresse ou não, que esteja com os mortos ou com os vivos, que se fique na cova ou que ressuscite para me matar?";
  • a invocação de morte violenta sobre si própria: "Mate-me, mate-me, se quer...";
  • o desprezo pelas leis divinas e humanas - o amor e a ternura com que tinha sido criada não suprem a ilegitimidade do matrimónio dos pais;
  • a tentativa de renegar o seu estado de filha ilegítima;
  • a revolta contra a profissão religiosa dos pais;
  • a incitação dos pais à mentira: "Pobre mãe! Tu não podes... coitada!... não tens ânimo... Nunca mentiste? Pois mente agora para salvar a honra da tua filha, para que lhe não tirem o nome de seu pai.".
. De Telmo Pais:
  • afeiçoou-se a Maria;
  • relativamente a D. João:
  • perjúrio e repúdio do amigo e "filho";
  • desejo de que ele tivesse morrido, para não impedir a felicidade e a vida de Maria. 

Destino

     O destino está presente ao longo da obra, desde o seu início. D. Madalena, por exemplo, sente-se perseguida por ele.
     As personagens são vítimas do Destino inexorável que se «diverte» a «brincar» com as suas vidas, antes de sobre elas se abater irremediavelmente. 

Fado: Património Imaterial da Humanidade

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