A obra é escrita num estilo
detalhado e sem emoção, fazendo as tecnologias parecerem plausíveis e as
personagens lamentáveis. Embora a maioria da trama se concentre num punhado de
personagens, o livro começa com uma explicação detalhada dos processos de
incubação e fertilização do Estado Mundial, com pouca descrição das próprias
personagens. O diretor, que descreve o mundo em que estamos prestes a entrar,
continua a ser uma figura vaga: “Velho? Jovem? ... Era difícil dizer ... não
lhe ocorreu perguntar.”. Huxley raramente inclui descrições físicas das
personagens, reforçando a sua permutabilidade e falta de identidade pessoal.
Quando detalha a aparência de uma personagem, a sua aparência é geralmente
desagradável: Bernard é baixo, fraco e pouco atraente; Lenina tem olhos e
gengivas roxas, e Linda é "monstruosa". Esse estilo de descrição
desapegado e levemente repugnado faz com que as personagens pareçam patéticas e
mina o sentido de Estado Mundial como um lugar agradável para se viver.
Huxley saltita entre cenas e repete
frases para destacar o contraste entre o que as personagens pensariam se
tivessem livre-arbítrio e o que elas são condicionadas a pensar pelo Estado
Mundial. Nos primeiros capítulos, ele justapõe cenas de Lenina e Fanny discutindo
as suas vidas sexuais com frases curtas que descrevem a história do Novo Mundo
e os seus avanços científicos. Isso lembra ao leitor que o Estado Mundial,
apesar de parecer um monólito de progresso, é composto por indivíduos que ainda
mantêm algum relacionamento com pessoas reais. Huxley também inclui muitas das
frases programáticas que os cidadãos do Novo Mundo ouviram durante o sono, um
processo chamado hipnopédia. Ditos como “um grama é melhor que um maldito” (“a
gramme is better than a damn”), “terminar é melhor que remendar” e a letra da
música “Abraça-me até me drogares, querida” são repetidos ao longo do livro,
imitando a maneira como esses slogans penetram no cérebro das
personagens. As frases têm uma qualidade de canção que lembram as rimas
infantis que os leitores já conhecem. A suavização de conceitos sinistros, como
lavagem cerebral e engenharia genética, talvez seja melhor vista na frase
"orgy-porgy", que Huxley inventa para descrever uma orgia literal que
combina adoração religiosa com promiscuidade sexual.
O romance também contém muitas
referências a Shakespeare, incluindo citações de várias peças, comparando as
preocupações futuristas das personagens do livro e as lutas humanas atemporais
retratadas pelo dramaturgo séculos atrás. O romance vai buscar o título à linha
de A Tempestade, onde Miranda, que foi protegida dos outros seres
humanos, diz: “Ó admirável mundo novo, que tem pessoas assim!”. Huxley modelou Admirável
Mundo Novo por A Tempestade, e cita essa obra ao longo do livro, bem
como Macbeth, Hamlet e Otelo. A certa altura, John lê o
poema de Shakespeare "A Fénix e a Tartaruga" a Helmholtz, que
desespera por escrever poesia com significado e emoção reais. As muitas
referências a Shakespeare servem para sublinhar a falta de sentido da linguagem
para transmitir emoções reais no Estado Mundial. As palavras e frases do Estado
Mundial são propaganda, na medida em que não contêm verdade real, e são
ferramentas de repressão ao invés de iluminação. Shakespeare, por outro lado,
representa o maior potencial de comunicação da experiência humana. Bernard não consegue
identificar a diferença entre o jargão de Shakespeare e o Novo Mundo – "É
apenas um hino de serviço de solidariedade", diz ele, depois de John
recitar o poema – marcando-o como menos sensível à sua própria humanidade do
que John ou Helmholtz.
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