* A cantiga de amigo contém uma
certa componente simbólica, metafórica:
- a luz remete para o deslumbramento do amor;
-
os cervos do monte turvando a água
significam as primeiras perturbações do amor;
-
a noite: fugidia quando a donzela
está com o amigo, interminável quando está sozinha;
-
as aves que cantam: são indício de felicidade,
de relação amorosa – o renascer contínuo do amor;
- as ondas do mar são traiçoeiras como o
amor/amigo.
*
Testemunhando e refletindo uma vida primitiva, a natureza surge personificada
(as coisas, os animais), quase à maneira das sociedades primitivas.
*
O vocabulário é pobre e a adjectivação convencional e repetitiva, recorrendo-se
muito a uma certa sinonímia: a donzela é quase sempre louçana, velida, ben talhada, fremosa, fremosinha, mesurada, de corpo delgado, coitada, leda, bela, de bom parecer.
* Domina o paralelismo vocabular, de
construção e semântico.
*
Apóstrofes, metáforas, repetições, anáforas, aliterações e inversões são as
figuras de estilo mais frequentes.
*
O trovador coloca na boca da donzela arcaísmos para recriar o aspecto antigo
destes cantares da alma popular.
*
O ritmo embalador de arte maior e a musicalidade impregnam estes cantares de
grande encanto e ternura, para os quais contribui muito a alternância da vogal
tónica em i e a,
ou então na sua traquinice e garridice (ex.: "Sedia la fremosa seu sirgo lavrando").
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