Português: Estética da cantiga de amigo (simbolismo)

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Estética da cantiga de amigo (simbolismo)

            * A cantiga de amigo contém uma certa componente simbólica, metafórica:
                        - a luz remete para o deslumbramento do amor;
- os cervos do monte turvando a água significam as primeiras perturbações do amor;
- a noite: fugidia quando a donzela está com o amigo, interminável quando está sozinha;
- as aves que cantam: são indício de felicidade, de relação amorosa – o renascer contínuo do amor;
                        - as ondas do mar são traiçoeiras como o amor/amigo.

* Testemunhando e refletindo uma vida primitiva, a natureza surge personificada (as coisas, os animais), quase à maneira das sociedades primitivas.

* O vocabulário é pobre e a adjectivação convencional e repetitiva, recorrendo-se muito a uma certa sinonímia: a donzela é quase sempre louçana, velida, ben talhada, fremosa, fremosinha, mesurada, de corpo delgado, coitada, leda, bela, de bom parecer.

            * Domina o paralelismo vocabular, de construção e semântico.

* Apóstrofes, metáforas, repetições, anáforas, aliterações e inversões são as figuras de estilo mais frequentes.

* O trovador coloca na boca da donzela arcaísmos para recriar o aspecto antigo destes cantares da alma popular.

* O ritmo embalador de arte maior e a musicalidade impregnam estes cantares de grande encanto e ternura, para os quais contribui muito a alternância da vogal tónica em i e a, ou então na sua traquinice e garridice (ex.: "Sedia la fremosa seu sirgo lavrando").


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