Enquanto na cantiga de amor não há
lugar para a natureza porque a paixão domina, nada mais permite ao trovador ver
e sentir o mundo exterior, tudo se resume a um grande queixume; na cantiga de
amigo, a natureza surge como um quadro, um cenário,
ou, personificada, como confidente
ou mensageira da donzela. Podemos
até afirmar que a natureza, frequentemente, participa das alegrias e tristezas
da donzela, reflectindo o seu estado de espírito: se está feliz e enamorada, as
avelaneiras estão floridas e até as aves cantam o seu amor; mas se o amigo
partiu e a donzela ficou triste, os ramos onde as aves pousavam ficaram
partidos e as fontes onde se banhavam e bebiam secaram.
Dentro do espaço físico, há a
destacar alguns componentes:
* a fonte: pretexto para se encontrar com o amigo
e namorar;
*
o adro da igreja: espaço procurado pelas
donzelas para bailarem e namorarem;
*
a praia / o mar:
aí pergunta às ondas pelo amigo; triste e apaixonada, receia que ele não
regresse;
*
o rio: local onde decorrem os diálogos
líricos com a mãe e onde encontramos a donzela ocupada com os trabalhos
domésticos.
A natureza está sempre presente e a
donzela bem integrada em espaços/ambientes: é a fonte, é o Souto de Crexente, é
no campo, junto dos pinheiros ou das avelaneiras, ou vai pelo caminho francês,
ou está junto do rio ou a ermidas, ou parte contente em romaria. De facto, a
Natureza possui muitos recantos convidativos ao amor.
. Papel
da Natureza:
-
cenário;
-
confidente;
-
mensageira;
-
comparticipante;
-
hostil.
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