. Artístico:
decoração, iluminuras;
o
paralelismo com origem no ritmo natural do trabalho e da dança ou nos cânticos
litúrgicos dialogados.
.
Histórico: - costumes;
-
maneiras de ser;
-
formas de pensar;
-
formas de vestir;
-
elementos do al-Andaluz:
- a
dança:
- as
motivações bucólicas;
- a
importância do mar;
-
a guerra: - o fossado / ferido (guerras
da reconquista) (1);
- Castela (1).
(1)
De facto, o período da Poesia Trovadoresca coincide com a época de reconquista
de terras aos mouros, luta em que se envolveram todos os reis peninsulares,
dada a necessidade de afastar os mouros para África e retomar os territórios
por eles conquistados. E as cantigas de amigo recriam esta época conturbada:
. a donzela, cheia
de saudades do amigo, não sabe dele, pode estar em “cas del-rei”;
. na véspera da partida do amigo, despede-se
dele, muito triste e preocupada;
. desabafa com a mãe
a sua preocupação pelo amigo, que vai ou já partiu para o ferido.
Além disso, convém também não
esquecer as frequentes escaramuças com os castelhanos.
.
Linguístico: fase do Português
Arcaico.
. Social: -
actividades domésticas (fiação, busca de água na fonte, etc.);
-
a importância social da mulher -
autoridade materna (a mãe proíbe ou permite os encontros amorosos da
filha); o seu papel de mulher--mãe, que fica sozinha a resolver
os problemas familiares, pois o homem está ausente;
-
ausência dos homens (no "fossado", no "ferido" ou no mar);
-
vida colectiva: romarias, bailes, festas populares;
-
a hierarquia familiar;
-
os sentimentos da mulher (donzela): a timidez, o pudor, a inexperiência do amor,
a travessura, a alegria, a traquinice, a refilice, a mentirinha para esconder os primeiros amores à mãe, a
ansiedade de amar, a tristeza, a
saudade, a impaciência, o ciúme, o arrependimento, a alegria da reconciliação,
a morte de amor, a ingenuidade, etc.;
-
as ofertas de namorados.
.
Religioso: - romarias;
- forte
religiosidade epocal (2):
® a fé;
® o aspecto lúdico.
(2)
a) A religiosidade do homem medieval
está bem representada na cantiga de amigo, até porque se vivia em constante
ambiente de guerra e era necessário rezar muito a "Nostro Senhor",
pedindo-lhe protecção.
b)
As romarias reflectem esta preocupação, e os cânticos singelos e espontâneos
transbordam de queixumes, anseios e preces a Deus. Daí as romarias, por
exemplo, a Santiago de Compostela. Mas o povo, sobrecarregado de impostos e
taxas e cheio de afazeres, não tem tempo nem dinheiro para se deslocar tão
longe, por isso "limita-se" às pequenas ermidas, disseminadas por
todo o lado. Essas romarias descrevem-nos uma variedade de situações
apreciável:
*
a donzela, chorosa, vai à ermida de San Simon, junto ao mar, pedir ao santo
pelo seu amigo e lá fica à sua espera;
* se ele não voltar,
está disposta a morrer;
* a menina ia também à
ermida do Soveral, onde viu o amigo traidor;
*
a donzela adorava ir a "San Simon de Val de Prados": as mães iam
rezar, elas, eufóricas e traquinas, aproveitavam para bailar;
*
um cavaleiro ficou desatinado quando foi a Santiago de Compostela e viu uma
pastora muito bela.
c)
As fórmulas de juramento revestem muitas cantigas, recriando-nos a mundividência
do homem medieval. Tudo gira à volta de Deus, é um mundo teocêntrico:
*
por Santa Maria, roga a mãe à filha, por que não vai ela bailar para o amigo,
não vá ficar encalhada para toda a
vida;
*
a donzela acredita em Santa Cecília e solicita-lhe ajuda para o amigo que
partiu para o "fossado";
*
a pastor, tão afastada de casa, no souto de Crexente, a falar, só, com um
cavaleiro, mostra-se preocupada com a sua honra, com o que dirão as pessoas, e,
então, pede-lhe, por Santa Maria, que se vá embora;
*
por vezes, é o cavaleiro que exclama
"par Deus de Cruz"
ao ouvir cantar a mulher, sentindo de imediato que ela
sofre uma grande "coita de amor";
*
noutras ocasiões é a amiga da donzela que lhe pede, por Deus, que tenha pena
dele, porque o viu sofrendo tanto.
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