Português: Capítulo VII de A Sibila

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Capítulo VII de A Sibila

            1. A maior parte deste capítulo dá-nos conta da progressiva ascensão espiritual de Quina, bem expressa no prazer do triunfo rápido que a relação com a condessa lhe causa.
            Por outro lado, deparamos, inicialmente, com uma Elisa Aida ociosa e, posteriormente, romântica, com a caricata relação estabelecida com um misterioso homem. Desta relação resulta a firmeza da sua decisão de não voltar a casar, por isso rejeita a proposta de casamento de Abel, cedendo a um isolamento progressivo, culminado na morte, em que só tem a companhia dos gatos.


            2. Estina e Inácio Lucas, o casal infeliz

            A vida de Estina é pautada pela infelicidade e pelo sofrimento a que só a sua forte vontade e grande estoicismo permitirão resistir. É, afinal, o resultado de um casamento sem amor, de acordo com a noção de casamento expressa na obra.  As causas deste sofrimento são:
-» as difíceis relações com o marido, que não ama, mas a quem sempre será fiel;
-» a morte de dois filhos, vitimados pela brutalidade do pai;
-» a filha que sobreviveu mas que sofre de alucinações;
-» a morte da mãe e da filha (p. 121).
            Vítima de um casamento sem amor, do mau carácter do marido ("Inácio Lucas torturara-a sempre, tentara aniquilá-la, sem, no fundo, o desejar; e a fama das suas sevícias, da sua crueldade mórbida, de carrasco, correra a freguesia inteira, onde era conceituado como espécime diabólico."), bem como da sua cólera, nem por isso Estina deixa de ser uma pessoa boa e generosa: "Contudo, o seu coração era generoso e grande..." (p. 81). Todavia, "continuava a mesma mulher bela, austera, fria...", não obstante a brutalidade do marido, culpado da morte de dois filhos, nem a opinião da mãe a fazem abandonar a casa: "Os dois filhos de Estina..." até "- Não deixo a minha casa. Isso não faço nunca." (p. 81)

            São grandes as semelhanças de Estina com Maria e Quina, já anteriormente apontadas na página 54: "(...) E o «beiral», construção quase lacustre, (...). E o pomar onde cresciam as melancias em que cada criança todos os anos ia escrever o seu nome na casca tenra (...) E as bermas (...) Aquela terra negra, (...) onde a mesma árvore foi fiel e deu durante tanto tempo o seu fruto, onde tantas mulheres gritaram a sua hora de parto - deixar que se despedace, que se reduza a informes restos, que fique sujeita apenas a um significado de imóvel que se negoceia, que muda de mãos, que se avilta! Estina resolveu casar.
            Foi viver em Morouços (...) evitando falar do marido, que ela não amava." (p. 54)
            Estina tem um profundo sentimento de conservação dos bens da família, como se, do desaparecimento de algum deles, resultasse um desmanchar da tradição e da família. A terra e o património são valores inalienáveis que justificam todos os sacrifícios, inclusivamente o casamento sem amor que, consuetudinariamente, se reveste de uma necessidade de aumentar o património e a segurança da família e da conservação do espírito de clã.


            3. Sublimação dos laços de sangue

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