Resumo
Na cela de Frei Lourenço, Romeu é
tomado pela tristeza e pergunta-se que sentença o príncipe decretou. O frade responde-lhe
que tem sorte: o príncipe apenas o baniu. Romeu afirma que o banimento é uma
pena muito pior que a morte, pois ele terá de viver, mas sem Julieta. O frade
tenta aconselhar Romeu, mas o jovem é tão infeliz que não aceita nada disso e
cai no chão. A enfermeira chega e Romeu pede desesperadamente notícias sobre
Julieta. Ele assume que a esposa agora pensa nele como um assassino e ameaça esfaquear-se.
Frei Lourenço detém-no e repreende-o por não ser viril. O religioso explica que
Romeu tem muito a agradecer: ele e Julieta estão vivos, e depois de os
problemas acalmarem, o príncipe Della-Scala pode mudar de ideia. O frade
estabelece um plano: Romeu visitará Julieta naquela noite, mas terá de deixar o
seu aposento e Verona, antes da manhã. Irá depois residir em Mântua até que as
notícias do seu casamento se espalhem. A enfermeira entrega a Romeu o anel de
Julieta, e esse símbolo físico do seu amor revive o seu espírito. A enfermeira
parte e Romeu despede-se do frade. Ele deve preparar-se para visitar Julieta e
depois fugir para Mântua.
Análise
Shakespeare cria uma tensão
psicológica interessante em Romeu e Julieta, vinculando consistentemente
a intensidade do amor jovem com um impulso suicida. Embora o amor seja
geralmente o oposto do ódio, violência e morte, Shakespeare retrata a autoaniquilação
como aparentemente a única resposta à esmagadora experiência emocional que
constitui ser jovem e apaixonada. Romeu e Julieta parecem flertar com a ideia
da morte durante grande parte da peça, e a possibilidade de suicídio repete-se
com frequência, prenunciando as suas mortes finais no Ato V. Quando Julieta
entende mal a enfermeira e pensa que Romeu está morto, ela não pensa que ele
foi morto, mas que se matou. E, pensando que Romeu está morto, Julieta decide
rapidamente que ela também deve morrer. O seu amor por Romeu não permitirá outro
curso da ação.
A ameaça real de suicídio feita
por Romeu na cela de Frei Lourenço, na qual ele deseja "saquear / A odiosa
mansão" que é o seu corpo para que possa erradicar o seu nome, lembra a
cena da varanda, na qual Romeu despreza o seu nome Montecchio na frente de
Julieta, dizendo: "Se eu a tivesse escrito, rasgaria a palavra". Na
cena da varanda, um nome parecia ser uma coisa simples que podia segurar na sua
frente e rasgar. Uma vez rasgado, poderia facilmente viver sem ele. Agora, com
uma melhor compreensão de como é difícil escapar às responsabilidades e
reivindicações da lealdade da família, de ser um Montecchio, Romeu modifica a
metáfora. Ele não se concebe mais como capaz de rasgar o seu nome. Em vez
disso, agora deve arrancá-lo do corpo e, no processo, morrer.
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