● Nesta cena, de
extensão muito reduzida, Miranda anuncia a chegada de Manuel de Sousa.
● Por outro lado,
nela é revelada a doença de Maria, que manifesta mais um sintoma de
tuberculose, a acuidade auditiva e visual: “É extraordinária esta criança; vê e
ouve em tais distâncias…”. Os tuberculosos possuem uma acuidade especial ao
nível da visão e da audição.
● Papel
de Frei Jorge
Nesta cena, Frei Jorge é o mensageiro portador de
notícias: é por ele que D. Madalena sabe que os governadores que representam o
rei espanhol se pretendem alojar no palácio de Manuel de Sousa.
Ocasionalmente, Frei Jorge cumpre a função/o papel semelhante
à do Coro da tragédia clássica, enquanto conselheiro (revelando moderação e
sensatez), portador de notícias, veículo de expressão de temores e sinais
(indícios) do que o futuro poderá trazer.
● Elementos
trágicos da cena
▪ Agón de Maria:
- com o pai: a
hipótese de falta de patriotismo do pai aventada na cena 3 não tem fundamento;
- com os governantes
de Lisboa (I, cena 5):
1. a razão de Maria
é simples e sábia: os governantes ilegítimos, no momento das desgraças
provocadas pela peste, fogem do meio do povo; o rei natural, «pai comum de
todos», fica junto do seu povo, «onde a miséria fosse mais e o perigo maior,
para atender com remédio e amparo aos necessitados». E acrescenta: «Eu
entendia, se governasse, que o serviço de Deus e do rei me mandava ficar…»;
2. por isso, no
momento em que o pai resolve lutar, à sua maneira, contra os tiranos, também
ela resiste à tirania e lança a ideia de lutar e organizar a defesa, para que
os governadores não entrem no seu palácio: «Fechamos-lhes as portas. Metemos a
nossa gente dentro; o terço de meu pai tem mais de seiscentos homens, e
defendemo-nos. Pois não é uma tirania?... E há de ser bonito! Tomara eu ver
seja o que for que se pareça com uma batalha».
▪ Presságio/indício: na sua última fala, Frei Jorge expressa a sua
preocupação com a saúde de Maria, podendo presumir-se que ela não irá resistir
à tuberculose.
Sem comentários :
Enviar um comentário