A Gafeira é uma aldeia situada
algures na costa portuguesa, cujos habitantes são, em grande parte, rurais,
simples e modestas, pelo que a linguagem que usam também se caracteriza pela
simplicidade, mas não em demasia.
A escrita coloquial do romance, em
jeito de conversa com o leitor, ao jeito de Almeida Garrett nas Viagens na
Minha Terra, não cai no exagero do pitoresco ou do calão, não faz uso de
regionalismos, mas a expressões quotidianas. Se o narrador não tivesse tomado
esta opção, a atenção do leitor poderia ser desviada do que é realmente
importante: retratar as mudanças da Gafeira e não a linguagem dos seus
habitantes que, tal como eles, se vai tornando clandestina. Como exemplo, podem
citar-se as referências à crendice popular e à religião: “Jesus, o que são as
coisas!”, ou a alusão a lendas, lengalengas, profecias, mitos, superstições e
parábolas.
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