Habitualmente,
pensamos numa tragédia como um livro que lemos no sentido de compreendermos
como os gregos sentiam o trágico nas suas vidas e como o expressavam
artisticamente. No entanto, não era assim que os gregos antigos procediam. De
facto, é só por volta do século V a.C., no período de maior fulgor do
teatro grego, que surge na Grécia uma cultura verdadeiramente letrada,
nomeadamente com a edição e circulação (venda) de livros, ainda que de forma
incipiente. Neste contexto, há que ter em conta que, nesta fase, persiste uma
tensão entre o oral e o escrito, que se prolonga pelo século seguinte e que é
visível, por exemplo, na obra de Platão, que olha para a escrita com alguma
desconfiança.
Gradualmente,
porém, a escrita / a leitura de tragédias vai fazendo o seu caminho, até
Aristóteles (38 a.C. – 322 a.C.) declarar que é possível obter também o efeito
trágico apenas lendo uma peça, sem necessidade de uma representação pública.
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