O texto abre com a localização da ação num dia frio e agreste. Uma família está reunida à volta da lareira, enquanto Tia Tê Judite comenta que aquele é um dia bárbaro. A conversa deriva, de seguida, para reflexões sobre o fim do mundo, com a velha a afirmar, baseando-se na Bíblia, que ele acabará em fogo. É então que Susana recorda a figura de Daniel Manquinho, um coveiro solitário, manco e temido pelas crianças.
O homem tinha sido encontrado morto, sentado, enlameado, com a picareta no colo e um sorriso nos lábios, já em estado de decomposição, pois falecera há três dias. Antes de morrer, tinha cavado a própria sepultura junto ao casebre onde vivera, perto do cemitério. A família comenta sua vida triste: órfão desde os 14 anos, tornara-se coveiro para conseguir sobreviver. Esse ofício, apesar de macabro, dava-lhe um prazer secreto a morte das pessoas, visto que isso lhe trazia trabalho e dinheiro, algo que o fazia sentir-se importante.
Enquanto a tempestade se faz sentir no exterior, um clarão corta o céu e um trovão sacode a terra. Ezequiel conclui que cada dia constitui o fim do mundo para alguém. Aquele dia fora-o para o velho Daniel, que morrera sozinho, sem companhia, como vivera.
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