Zezé
decide faltar às aulas, porque é terça-feira, o dia em que um vendedor
ambulante de folhetos que é também músico, chamado Ariovaldo, costuma aparecer
no bairro. Para passar o tempo, entra na igreja, onde encontra Zacarias, o
sacristão, que troca as velas dos castiçais. A criança finge ter ido à escola e
mente sobre a sua idade para conseguir os toquinhos de vela, dizendo que são
para encerar a linha do seu papagaio, quando, na verdade, os quer para fazer
alguém escorregar. Zacarias concorda e, como recompensa, o menino promete
começar o catecismo.
Zezé
esfrega a cera no chão da calçada, na esperança de ver alguém escorregar. Após
uma longa espera, vê Dona Corinha (amiga da sua mãe) cair e xingar, o que o
diverte. No entanto, é descoberto por seu Orlando, que o repreende, mas não
denuncia, pedindo-lhe apenas que não volte a repetir a travessura, pois alguém
poderá magoar-se a sério.
Zezé
encontra finalmente Ariovaldo, que há já algum tempo o vinha encantando com a
sua voz poderosa e com as suas versões de canções populares da época, cujas
letras vende em folhetos. O pequeno fica especialmente emocionado com a canção
“Fanny”, que o toca profundamente, A criança aproxima-se dele e mostra-se
interessada em o acompanhar e vender os folhetos, sem qualquer pagamento em
troca. Ariovaldo acha graça ao facto de o menino o abordar com tanta convicção
e lucidez, por isso aceita que o acompanhe nas suas vendas e atuações, um dia
por semana. Ariovaldo percebe que Zezé é esperto, sensível e educado. Leva-o a
lanchar num boteco e divide com ele uma sanduíche e limonada.
Zezé
consegue convencer a irmã glória a deixá-lo faltar às aulas uma vez por semana,
argumentando com o seu bom desempenho escolar e a sua dedicação, mostrando os
cadernos impecavelmente mantidos, as boas notas e exaltando o facto de ser o
melhor na leitura. Além disso, afirma que as aulas são repetitivas e que
aprende muito mais a cantar e a ler os folhetos que Tio Edmundo lhe dá. Assim,
todas as terças-feiras a criança encontra-se com Ariovaldo na estação de
caminho de ferro. Os dois vendem folhetos de músicas pelas ruas. Zezé
entusiasma-se com as canções, especialmente a nova, intitulado “Malandrinha”,
que acredita ser um sucesso de vendas. Ao almoço, dividem sanduíches e
refrigerantes num boteco. O menino, com os seus trocos, paga a refeição, o que
deixa Ariovaldo impressionado com a sua honestidade e solidariedade. O vendedor
ambulante decide, então, deixar que Zezé fique com o dinheiro que ganhar,
considerando que, a partir daquele momento, passarão a formar uma dupla
musical. O menino fica orgulhoso, sente-se valorizado e propõe cantar a parte
mais sensível da canção “Fanny”. Esse momento acaba por ser interrompido por D.
Maria da Penha, uma beata, que os acusa de indecência por Zezé estar a cantar
letras que ela considera imorais e ameaça denunciar ao padre, ao juiz de
menores e à polícia. Ariovaldo, indignado, defende-se com firmeza e chega a
puxar uma faca para a intimidar, afirmando que odeia pessoas que se metem na
vida dos outros. A mulher vai embora enfurecida, mas o episódio revela os
preconceitos sociais e morais da época.
De
tarde, em conversa com o companheiro, Ariovaldo reconhece a sorte que Zezé lhe
trouxe nos negócios. Posteriormente, dialogam sobre Maria da Penha e o homem
entrega-lhe um folheto para Glória. A conversa prossegue com humor e
cumplicidade, mostrando a amizade sincera e o afeto entre ambos. Quando se
despedem, Ariovaldo chama a criança de «anjo», mas este ri, consciente de que
não é tão inocente quanto parece.