O capítulo abre com o retrato
caricaturado de Domingos Botelho, um fidalgo de província, avô de Camilo
Castelo Branco: em 1779, era juiz em Cascais; por ser pouco inteligente,
deram-lhe a alcunha de «Brocas», a qual sugere a sua rudeza; apesar de
ser feio, não possuir grandes virtudes e ter pouca fortuna, tinha a simpatia da
rainha D. Maria, de quem recebia uma pensão; frequentava o paço, onde conheceu
D. Rita Castelo Branco, uma bela com quem casou; pouco depois, foi transferido
para Vila Real.
Pelo contrário, D. Rita Preciosa era
uma mulher bonita. Além disso, era altiva e desdenhava qualquer fidalgo da
província, de onde era originário o seu marido, Domingos Botelho, que se
esforçava para lhe agradar. Após a mudança para Vila Real, D. Rita tinha
saudades da corte e mostrava frequentemente o seu desagradado com a vida de
casada longe do Paço. Assim sendo, a senhora vivia infeliz, pois desagradava-lhe
o ambiente e a vida na província e as condições que o marido lhe proporcionava.
Este, por sua vez, vivia angustiado com a sua feiura, sentimento que se
acentuava pelos ciúmes que tinha dela e da sua beleza. Quando foi transferido
para Lamego, o facto desagradou de tal modo à esposa que esta ameaçou ir com os
filhos [do matrimónio nasceram cinco, um dos quais era Simão, o segundo] para
Lisboa.
Em 1801, Domingos Botelho foi
nomeado corregedor em Viseu, pelo que a família teve de se mudar para essa
cidade. Nesta época, Simão tem 15 anos e estuda em Coimbra – de onde regressou
com os exames feitos, o que deixou o pai satisfeito –, assim como Manuel, o
irmão mais velho, que se queixa a Domingos de não poder coabitar com Simão, por
causa do «génio sanguinário» deste e decide ir para Bragança para se
alistar no exército como cadete.
Simão é um jovem forte, fisicamente
parecido com D. Rita, com propensão para distúrbios, o que desagradava
naturalmente aos pais. Certo dia, de férias em Viseu, envolveu-se numa briga
numa fonte, durante a qual espancou uns criados com tanta violência que causou
pânico na população e levou a mãe a enviá-lo às escondidas de volta para
Coimbra, onde ficou a aguardar o perdão do pai.