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sábado, 1 de junho de 2024

Pinóquio na literatura infantil moderna

    Se a literatura infantil do século XVII caracterizou-se, como afirmam Coelho (1985), em Panorama histórico da literatura infantil/juvenil, e Góes (1984), em Introdução à literatura infantil e juvenil, pela adaptação de obras clássicas e de contos populares, sendo seus títulos de maior vulto os escritos por franceses: La Fontaine, Perrault, Mme. D’Aulnoy e Fénelon, o século XVIII foi marcado pelo predomínio de romances de viagens extraordinárias e de aventuras de energia vital, que seriam lidos por crianças e jovens, tendo na Inglaterra dois dos seus maiores representantes: Robinson Crusoé (1719), de Daniel Deföe, e Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift, o primeiro deles foi considerado um símbolo da civilização europeia enfrentando e sobrepujando a selvagem natureza americana.
    Entre o período clássico e a Modernidade, na divisão proposta por Foucault (1968) [Foucault (1968), em sua arqueologia das ciências humanas, propõe uma divisão histórica em três períodos: até a Renascença (anterior ao século XVI), período clássico (séculos XVII e XVIII) e Modernidade (a partir do século XIX), destacando uma fase de transição ou descontinuidade entre o período clássico e a Modernidade de 1875 a 1825.]em As palavras e as coisas, (de 1775, quando finda o clássico e ocorre um período de transição, ao início da Modernidade em 1825), temos, por um lado, dando prosseguimento às novelas de aventuras, o “[...] representante anedótico desta [linha temática] [...] o Barão de Munchhausen, (que realmente foi um oficial alemão) [...]” (GÓES, 1984, p. 85), com duas primeiras versões distintas, uma escrita em 1785 por Rudolf Erich Raspe, e outra em 1786 por Gottfried August Bürger. No entanto, a partir de 1800, conforme observa Coelho (1985), as novelas de aventura se subdividem em três linhas (aventuras de fundo histórico, aventuras de energia vital e novelas de cavalaria). Ivanhoé (1820), de Walter Scott, destaca-se entre as narrativas de aventura. A linha dos contos maravilhosos tem como maior representante, nessa fase, a coletânea dos contos de Grimm, lançada entre 1812 e 1822.
    A partir de 1825, ano que para Foucault (1968) marca o início do período moderno, no âmbito da novelística de aventuras, teríamos, segundo Coelho (1985), a continuidade das três linhas surgidas no período de transição, uma de fundo histórico (seguindo a tendência de Ivanhoé, em 1820, de Walter Scott), representada por títulos como: Notre-Dame de Paris (1831), de Vitor Hugo; e Os três mosqueteiros (1844), de Alexandre Dumas. A segunda linha, seguindo o espírito aventureiro da energia vital e da força de vontade, se destaca em obras tais quais O último dos moicanos (1826), de Fenimore Cooper; Cinco semanas em balão (1861), Viagem ao centro da Terra (1864), Vinte mil milhas submarinas (1869), A volta ao mundo em oitenta dias (1873), entre outros, de Jules Verne (Júlio Verne); O livro da Jangal (1894) e Mowgli, o menino lobo (1895), de Rudyard Kipling; O lobo do mar (1904), de Jack London; e Tarzã dos macacos (1914), de Edgard Rice Burroughs. A terceira linha representa, na forma de literatura de cordel, uma retomada das novelas de cavalaria medievais.
    Surgem ainda, nesse contexto, as narrativas policiais, que foram muito bem recebidas pelo público jovem e das quais Edgar Allan Poe é considerado precursor, destacando-se sua obra Os crimes da rua Morgue, escrita em 1841.
    Ainda no século XIX vêm à tona as narrativas do realismo-maravilhoso que, como define Coelho (1985, p. 126), “[...] decorrem no mundo real, que nos é familiar ou bem conhecido, e no qual irrompe, de repente, algo de mágico ou de maravilhoso […] e passam a acontecer coisas que alteram por completo as leis ou regras vigentes no mundo real.” (grifos nossos). Os maiores representantes dessa tendência são Lewis Carrol, com Alice no país das maravilhas (1865) e Alice através do espelho e o que Alice encontrou por lá (1872); Carlo Collodi, com As aventuras de Pinóquio (1883); e James Barrie, com Peter Pan (1904). O livro As aventuras de Pinóquio (Le avventure di Pinocchio), da autoria de Carlo Collodi, foi publicado pela primeira vez em 1883, na Itália. Utilizamos como fonte textual de nossa análise a tradução de Áurea Marin Burocchi publicada pela editora Paulinas (COLLODI, 2004[1883]) feita a partir do trabalho de revisão e organização de Ornella Castellani Polidori que, em 1983, publicou uma edição crítica com base em vários manuscritos revisados pelo próprio Collodi desde a primeira publicação em 1883 até o ano de sua morte: 1890. Para efeito de conferência com o original em italiano, consultamos inúmeras vezes, para o resumo a seguir delineado e para o nosso procedimento de análise, a reedição da primeira publicação de 1883 (COLLODI, 2001[1883]).
    Com a intenção de favorecermos a compreensão, por parte do leitor, da análise por nós procedida, apresentamos um largo resumo no qual destacamos os pontos por nós considerados relevantes, sabedores de que o livro, em suas 201 páginas, relata uma quantidade enormemente maior de detalhes e passagens.

Fabiano de Oliveira Moraes, A representação da infância em Pinóquio: a propagação
e a perpetuação do discurso hegemônico por meio da literatura infantil e da escola 

ESCOLA E LITERATURA INFANTIL ENQUANTO FERRAMENTAS DE CONTROLE DA INFÂNCIA

    Para Zilberman (2003), no contexto anteriormente destacado, a literatura infantil, reproduzindo o mundo adulto, transmite a norma vigente de acordo com a visão adulta, ocupando exatamente os espaços nos quais os maiores estão impedidos de interferir, tais como os momentos de lazer e fantasia das crianças. A obra, prestando-se a essa tarefa, veicula padrões de comportamento e valores por meio da censura, por parte do narrador, às ações dos personagens infantis. Dessa forma,
[...] os fatores estruturais de um texto de ficção – narrador, visão de mundo, linguagem – podem-se converter no meio por intermédio do qual o adulto intervém na realidade imaginária, usando-a para incutir sua ideologia. […] o texto se revela um manual de instruções, tomando o lugar da emissão adulta, mas não ocultando o sentido pedagógico. (ZILBERMAN, 2003, p. 23-24)
    Escola e literatura infantil, portanto, servem ao sistema disciplinar em voga desde então. “Para definir esse sistema, distinguiremos suas três características principais: a vigilância constante, a delação erigida em princípio de governo e em instituição, e a aplicação ampla de castigos corporais.” (ARIÈS, 1981, p. 180). A principal diferença entre a criança e o adulto é acentuada justamente na sua fraqueza, faz com que a primeira seja “[...] rebaixada ao nível das camadas sociais mais inferiores.” (ARIÈS, 1981, p. 181).
    Para Zilberman (2003), é justamente quando a literatura infantil torna-se instrumento de doutrinação ideológica utilizado no contexto escolar que as forças de ambas as instituições se assomam no sentido de envolver a criança (colocada em uma situação de dependência e fragilidade) com os comportamentos e normas sociais que esta deve assumir e cumprir.

Fabiano de Oliveira Moraes, A representação da infância em Pinóquio: a propagação
e a perpetuação do discurso hegemônico por meio da literatura infantil e da escola

INFÂNCIA, ESCOLA E LITERATURA INFANTIL: CONEXÕES, RELAÇÕES E IMBRICAÇÕES

    O gênero literatura infantil é considerado um dos mais recentes gêneros literários existentes, afirma Zilberman (2003) em sua obra A literatura infantil na escola. As primeiras obras destinadas ao público infantil foram publicadas no fim do século XVII e durante o século XVIII, no período clássico. A inexistência desse gênero antes de tal período deve-se ao fato de que, até então, não havia uma preocupação especial com a infância. “A nova valorização da infância gerou maior união familiar, mas igualmente meios de controle do desenvolvimento intelectual da criança e manipulação de suas emoções. Literatura infantil e escola [...] são convocadas para cumprir essa missão.” (ZILBERMAN, 2003, p. 15).
    No período clássico, o núcleo familiar burguês, estimulado ideologicamente em um primeiro momento pelo Estado absolutista e em um segundo momento pelo liberalismo burguês, oferece o sustentáculo ideal para a centralização do poder político, estabelecendo-se dentro de valores herdados da nobreza feudal — fato que contrabalançou a rivalidade entre a burguesia e esta última — sejam eles: “[…] a primazia da vida doméstica, fundada no casamento e na educação dos herdeiros; a importância do afeto e da solidariedade de seus membros; a privacidade e o intimismo como condição de uma identidade familiar.” (ZILBERMAN, 2003, p. 17). Tais valores elevam a infância ao patamar de baluarte do modelo familiar. A criança, doravante, converte-se em eixo ao redor do qual a família se organiza, tendo, esta última, como missão a responsabilidade de conduzir os infantes com saúde e prepará-los intelectualmente para a vida adulta. Ariès (1981, p. 210), em História social da criança e da família, afirma a esse respeito: “O sentimento de família, que emerge assim nos séculos XVI-XVII, é inseparável do sentimento da infância. O interesse pela infância […] não é senão uma forma, uma expressão particular desse sentimento mais geral, o sentimento da família.”. Acerca da família, e em conformidade com o que Zilberman (2003) defende, o autor francês nos assegura: “Ela torna-se a célula social, a base dos Estados, o fundamento do poder monárquico.” (ARIÈS, 1981, p. 214). O autor, no prefácio da segunda edição de sua obra, utiliza os seguintes termos para apontar para a configuração familiar que então se delineava:
Foi no fim do século XVII e início do XVIII que situei, partindo de fontes principalmente francesas, o recolhimento da família longe da rua, da praça, da vida coletiva, e sua retração dentro de uma casa melhor defendida contra intrusos e melhor preparada para a intimidade. […] É normal que num espaço tão privatizado tenha surgido um sentimento novo entre a mãe e a criança: o sentimento de família […] (ARIÈS, 1981, p. 23-25)
    Surge, nesse contexto, a idealização da infância, fundada em teorias que postulam: a dependência da criança, em virtude dos aspectos fisiológico e transitório dessa faixa etária; e sua inocência natural, enquanto inexperiência, que tanto precisa ser preservada idealmente quanto gradativamente destruída pela prática pedagógica que visa preparar o infante para a vida adulta. Segundo Ariès (1981, p. 180) “Duas idéias novas surgem ao mesmo tempo: a noção de fraqueza da infância e o sentimento da responsabilidade moral dos mestres.”.
    Desde o final do século XVII, as crianças são isoladas e distanciadas dos adultos antes de serem lançadas ao mundo, essa espécie de quarentena a que são submetidos os pequenos, compara Ariès (1981, p. 11) no prefácio à segunda edição de sua obra, não é, senão, a própria escola: “Começou então um longo processo de enclausuramento das crianças (como dos loucos, dos pobres e das prostitutas) que se estenderia até nossos dias, e ao qual se dá o nome de escolarização.”. Zilberman (2003, p. 21-23) acrescenta a esse respeito a afirmação de que a escola, instituição imbuída da tarefa de preparar a criança para o mundo adulto e de protegê-la das violências desse mundo exterior,
[...] acentua a divisão entre o indivíduo e a sociedade, ao retirar o aluno da família e da coletividade, encerrando-o numa sala de aula em que tudo contraria a experiência que até então tivera. Em vez de uma hierarquia social, vive uma comunidade em que todos são igualados na impotência: perante a autoridade do mestre e, mais adiante, da própria instituição educacional, todos estão despojados de qualquer poder. Em vez de um convívio social múltiplo, com pessoas de variada procedência, reúne um grupo homogeneizado porque compartilha a mesma idade […] O sistema de clausura coroa o processo: a escola fecha as portas para o mundo exterior […] As relações da escola com a vida são, portanto, de contrariedade: ela nega o social, para introduzir, em seu lugar, o normativo. […] é por omitir o social que a escola pode-se converter num dos veículos mais bem-sucedidos da educação burguesa […] Neste momento, a educação perde sua inocência, e a escola, sua neutralidade, comportando-se como uma das instituições encarregadas da conquista de todo jovem para a ideologia que a sustenta, por ser a que suporta o funcionamento do Estado e da sociedade. […] Desarmada, a criança não reage; e sua impassibilidade é tomada como sinal de aceitação da engrenagem.
    Ainda durante o século XVII, ressalta Ariès (1981), o sentido da imposição do conceito de inocência infantil desembocou numa atitude moral de caráter duplo com relação à faixa etária infantil: “[...] preservá-la da sujeira da vida [...] e fortalecê-la, desenvolvendo o caráter e a razão.” (ARIÈS, 1981, p. 146). Nesse âmbito surge a preocupação crescente com a decência tanto na escolha das leituras adequadas às crianças como no nível das conversas que se pode ter diante delas. “Ensinai-os a ler em livros onde a pureza de linguagem coincida com a seleção de bons temas.” (VARET, 1666 apud ARIÈS, 1981, p. 143).

Fabiano de Oliveira Moraes, A representação da infância em Pinóquio: a propagação
e a perpetuação do discurso hegemônico por meio da literatura infantil e da escola

O Contrato Social Moderno e o Fascismo Social Emergente

    Para Sousa Santos (2008, p. 317), “O contrato social é a grande narrativa em que se funda a obrigação política moderna ocidental, uma obrigação complexa porque foi estabelecida entre homens livres [...] para maximizar e não para minimizar esta liberdade.”. No entanto, a exclusão e a desigualdade, embora aparentemente incompatíveis com os ideais de igualdade, liberdade, fraternidade e cidadania, propagados pelo contrato social moderno, estiveram presentes nas colônias, permeando o tratamento destinado ao “Outro” do Ocidente (Oriente, selvagem e natureza). A contradição fundamental do contrato social moderno está presente no fato de os seus princípios universais de emancipação igualitária e inclusiva destinarem-se às metrópoles, enquanto a regulação excludente e desigual é destinada às colônias.
    O contrato social, pois, ao fundar-se no princípio de abandono do estado natural para que se constitua a sociedade civil e o Estado Moderno, assentou-se em critérios de exclusão que identificaram e mantiveram os espaços coloniais no estado de natureza, justificando assim a regulação destas em contraposição à emancipação nas metrópoles. O limite da inclusão é, portanto, aquilo que é excluído, ou seja, as ilhas de inclusão metropolitanas definem-se a partir da instituição dos arquipélagos de exclusão coloniais. Sousa Santos (2008) destaca ainda que a situação complexa em que vivemos na atualidade com- porta muitos riscos, os quais podem ser resumidos em um só:

A emergência do fascismo social. Não se trata do regresso ao fascismo dos anos trinta e quarenta do século passado. Ao contrário deste último, não se trata de um regime político mas antes de um regime social e civilizacional. Em vez de sacrificar as democracias às exigências do capitalismo, promove a democracia até ao ponto de não ser necessário, nem sequer conveniente, sacrificar a democracia para desenvolver o capitalismo. Trata-se, pois, de um fascismo pluralista e, por isso, de uma forma de fascismo que nunca

existiu. (SOUSA SANTOS, 2008, p. 333 – grifos no original)
    Entre as várias formas assumidas pelo fascismo social, destacamos o fascismo do apartheid social, que promove a segregação dos excluídos por intermédio da divisão da cartografia urbana em zonas selvagens e zonas civilizadas. Se as primeiras aproximam-se do estado de natureza, as segundas definem-se pelo contrato social, sendo constantemente ameaçadas pelas zonas selvagens das quais se defendem por meio da segregação delas. Cabe ao Estado a função de assegurar por duas formas de ação distintas essa exclusão, agindo democraticamente enquanto Estado protetor nas zonas civilizadas e agindo de maneira fascista enquanto Estado predador nas zonas selvagens. “O polícia que ajuda o menino das zonas civilizadas a atravessar a rua é o mesmo que persegue e eventualmente mata o menino das zonas selvagens.” (SOUSA SANTOS, 2008, p. 334).
            Vejamos como se enquadram a infância, a escola e a literatura infantil em seus aspectos histórico e ideológico para que, mais adiante, de posse dos elementos apresentados, possamos proceder à análise do conto de Collodi, que também será devidamente contextualizado historicamente.

Fabiano de Oliveira Moraes, A representação da infância em Pinóquio: a propagação
e a perpetuação do discurso hegemônico por meio da literatura infantil e da escola

A Alteridade do Ocidente: Aspetos Conceituais

    Com o intuito de iniciarmos a fundamentação da análise do conto “As aventuras de Pinóquio”, partimos das considerações de Sousa Santos (2008) acerca da alteridade do Ocidente, em A gramática do tempo: para uma nova cultura política. O autor afirma que o Ocidente, enquanto mais destacado descobridor imperial do segundo milênio, instituiu o seu “Outro”, o seu descoberto, sob “[...] três formas principais: o Oriente, o selvagem e a natureza.” (SOUSA SANTOS, 2008, p. 181).
    No entanto, no mecanismo de descoberta imperial, o nível conceitual precede o empírico, de modo que a ideia ocidental preconcebida daquilo que é descoberto comanda o processo de descoberta e os atos que se seguem a este, fundamentando-se tal ideia na afirmação e reiteração da inferioridade do outro, de forma que este último se reduza a um objeto de violência física e epistêmica: “[...] o descoberto não tem saberes, ou se os tem, estes apenas têm valor enquanto recurso.” (SOUSA SANTOS, 2008, p. 182). Entre os três lugares da alteridade do Ocidente apontados por Sousa Santos (2008), focamos em nosso artigo em dois deles: o selvagem e a natureza, intencionando identificar o quanto à infância são relegados tais espaços de alteridade com relação ao paradigma moderno ocidental. O selvagem, para Sousa Santos (2008, p. 185-186), “[...] é o lugar da inferioridade [...] a diferença incapaz de se constituir em alteridade. Não é o outro porque não é sequer plenamente humano [...]”, constituindo uma ameaça irracional mais do que uma ameaça civilizacional. Tal inferiorização conceitual efetivou-se a partir da identificação dos descobertos com os seres irracionais e da natureza, considerando-se suas culturas inferiores à racionalidade científica. A natureza, por sua vez, é o lugar da exterioridade, tanto ameaçando o homem quanto servindo-lhe de recurso. Entretanto, a natureza e o selvagem, enquanto ameaças irracionais constituídas, podem ser domina- das e utilizadas por intermédio do conhecimento que os transforma em recurso. “O selvagem e a natureza são, de fato, as duas faces do mesmo desígnio: domesticar a ‘natureza selvagem’, convertendo-a num recurso natural.” (SOUSA SANTOS, 2008, p. 188 – grifos no original). O autor considera que as três descobertas do Ocidente — o Oriente, o selvagem e a natureza — “[...] permanecem intactas na sua capacidade para alimentar o modo como o Ocidente vê a si próprio e tudo o que não identifica consigo.” (SOUSA SANTOS, 2008, p. 190).

Fabiano de Oliveira Moraes, A representação da infância em Pinóquio: a propagação
e a perpetuação do discurso hegemônico por meio da literatura infantil e da escola

Introdução ao estudo de "As Aventuras de Pinóquio"

    Visando identificar a representação da infância enquanto um dos lugares da alteridade do paradigma moderno ocidental presente na literatura infantil canônica propagada e perpetuada em âmbito escolar, apresentamos neste artigo uma análise do conto “As aventuras de Pinóquio”, de Carlo Collodi. O levantamento das categorias de análise procedeu-se com fundamento: na definição do “Outro” do Ocidente e nos processos de exclusão desse “Outro”, assim como no anúncio da crise do contrato social e da emergência do fascismo social, delineados por Sousa Santos (2008); nos procedimentos de exclusão presentes nos mecanismos de poder e nos campos de saber modernos, apontados por Foucault (1968, 1987); e nos aspectos históricos relacionados ao surgimento da infância, da escola e da literatura infantil, com base em Zilberman (2003) e Ariès (1981). Buscamos, por meio da nossa análise, respostas para as seguintes questões: de que maneira a educação, a literatura infantil e o conceito moderno de infância perpetuam a exclusão da infância enquanto “Outro” com relação ao saber ocidental? De que modo a teoria social de Sousa Santos e a crítica moderna de Foucault podem nos ajudar a compreender melhor os mecanismos pelos quais são efetivadas as segregações do fascismo social?

Fabiano de Oliveira Moraes, A representação da infância em Pinóquio: a propagação
e a perpetuação do discurso hegemônico por meio da literatura infantil e da escola

Análise de "As Aventuras de Pinóquio"

 I. Introdução

II. A alteridade do ocidente: aspetos conceituais

III. O contrato social moderno e o fascismo social emergente

IV. Infância, escola e literatura infantil: conexões, relações e imbricações

V. Escola e literatura infantil enquanto ferramentas  de controle da infância

VI. Pinóquio na literatura infantil moderna

VII. As Aventuras de Pinóquio

VIII. Pinóquio: da natureza selvagem ao homem civilizado

sexta-feira, 31 de maio de 2024

A ganância e os ideais norte-americanos em Assassinos da Lua Cheia

    Deste os primórdios dos Estados Unidos, os norte-americanos valorizam histórias que se centram em indivíduos que se fizeram a si mesmos (“self made men”), admirando a sua ambição, tenacidade e a fluidez social que permitiram às pessoas fugir da miséria e alcançar a riqueza. Porém, como Assassinos da Luz Cheia deixa claro, estas qualidades nunca foram inalienáveis e, no caso dos acontecimentos que aborda, deram origem a um sentimento de que era direito do indivíduo cometer assassínios se esses fossem do seu interesse. Além disso, deparamos com uma ganância tóxica que teve consequências mais do que nefastas para os nativos indígenas e outros grupos não europeus. O exemplo mais evidente disto é a figura de William Hale, que sugeriu, após a sua condenação, que o seu comportamento era meramente profissional. A sua infância constitui uma prova da sua ética, mas os mesmos princípios conduziram-no aparentemente a crer que tinha o direito de fazer o que quer que fosse para promover os seus interesses particulares. J. Edgar Hoover evidencia traços semelhantes e as duas personagens possuem aspetos paralelos entre si. De facto, tal como Hale, Hoover começou por ter ambições louváveis, porém, com o tempo, foi-se tornando-o um indivíduo cada vez mais egoísta, acabando por usar a sua posição para cometer uma série de crimes bárbaros. O fim do mandato de Hoover à frente do FBI é brevemente mencionado na obra de Graan, mas as características que os dois homens partilhavam indicam a complexidade do problema.
    Por outro lado, a obra de Graan contém referência a relatos de jornais da época, através dos quais os leitores podem constatar que a crença de que a riqueza dos Osage não era merecida – e, portanto, problemática – era amplamente partilhada. Outra crença construída em torno da tribo é a de que ela não sabe gerir a sua riqueza e que é perdulária, o que sustenta o argumento egoísta a favor dos acordos de tutela. Em toda a tragédia, está presente o ciúme de alguns indivíduos por essa riqueza, bem como o racismo, que alimenta uma ideia supostamente partilhada por todo o país de que é necessário fazer algo para controlar essa riqueza. Nas queixas respeitantes à sorte dos Osage, não é mencionada a forma como foram anteriormente defraudados, nem a pobreza e as dificuldades que suportaram antes de ter sido descoberto nas terras que escolheram para se instalarem e escaparem à ganância do homem branco. Com a história da apropriação de terras no Cherokee Outlet, tal como na história dos Osage, Graan revela como o direito e a ambição desmedida moldaram a relação entre os nativos e os americanos brancos.

Personagens associadas aos acontecimentos do condado de Osage

 William K.Hale
 
    Hale foi o cérebro que esteve por trás de muitos dos assassinatos que vitimaram os Osage. Era um pecuarista popular, cuja história de vida constitui uma estrada da pobreza à riqueza. Apresentava um rosto gentil, o que lhe facilitou ser confiável junto dos Osage; no entanto, como provou a investigação, dirigiu uma rede criminosa dedicada a enganar e a matar o povo Osage por causa dos seus direitos a terras que continham petróleo. Acabou por ser julgado e condenado por ter estado por trás de múltiplos assassinatos e passou duas décadas na prisão.
 
Ernest Burkhart
 
    Ernest era o marido branco de Mollie e sobrinho de William Hale. Nascido no seio de uma família pobre do Texas, veio para Oklahoma para fazer fortuna. Apesar de se casar com Mollie e ter três filhos com ela, participou nas conspirações para matar a família dela, conspirações que incluíram a sua esposa e os seus próprios filhos. Acabou por confessar os seus crimes, aparentemente atormentado pela culpa, mas as décadas passadas atrás das grades não o regeneram.

Bill Smith
 
    Bill Smith era o marido de Rita, que morreu após a explosão da sua casa em 1923. Bill casou-se pela primeira vez com Minnie e, depois de esta ter morrido, desposou a irmã dela. Por vezes, era violento com Rita, mas também estava entre os primeiros a suspeitar que os seus parentes estão a ser assassinados.

Bryan Burkhart
 
    Trata-se do sobrinho de Hale e do irmão mais novo de Ernest. Esteve envolvido no assassinato de Anna Brown e mais tarde fingiu lamentar a sua morte e procurar o seu assassino. Mais tarde, Bryan testemunhou contra Kelsie Morrison para obter imunidade durante o julgamento.
 
Kelsie Morrison

    Kelsie era um contrabandista e traficante de droga com um extenso cadastro criminal. Um importante capanga de Hale, trabalhou como informante para a investigação de Tom White, mas mais tarde descobriu-se que disparou sobre Anna. Grann supõe que ele também possa ter cometido outros assassinatos.

John Ramsey

    Ramsey era um ladrão de vacas, capanga de Hale e sócio de Henry Grammer. Foi responsável pelo assassinato de Henry Roan, e acabou por ser condenado por assassinato em primeiro grau.
 
Asa Kirby

    Asa foi um fora-da-lei com dentes de ouro e sócio de Henry Grammer. Era um especialista em explosivos. Durante uma operação gizada Em por Hale, foi baleado ao assaltar uma joalheria.

W. W. Vaughan

    Vaughan era um ex-promotor que foi assassinado por tentar ajudar os Osage. Justo e decente, Vaughan correu para o leito do seu cliente doente, George Bigheart, mas não antes de fornecer à sua esposa, Rosa, detalhes para o apoio da sua família caso algo acontecesse com ele. Desapareceu do interior de um comboio antes de poder compartilhar o que Bigheart lhe contara. O seu assassinato nunca foi resolvido, mas Grann reúne um caso tardio e convincente contra o guarda-costas de Bigheart, HG Burt.

James Shoun

    Shoun foi o médico que realizou a autópsia de Anna e ex-proprietário da casa destruída de Bill Smith. James e seu irmão David, que eram próximos de Hale, estavam ativamente envolvidos na conspiração contra a tribo Osage, falsificando informações e até administrando veneno. James foi nomeado guardião dos filhos sobreviventes de Bill Smith.

David Shoun

    Este foi o médico que realizou a autópsia de Anna. Tal como o seu irmão James, participou ativamente na conspiração contra os Osage, administrando veneno sob o pretexto de prestar cuidados de saúde. Esteve envolvido na conspiração contra a vida de Mollie e provavelmente de muitos outros, incluindo Bill Smith.

HG Burt

    Burt foi o presidente do Osage County Bank e guardião de vários membros da tribo Osage. As investigações de Grann revelam que Burt foi provavelmente responsável por vários assassinatos, incluindo o de W. W. Vaughan.

Oda Brown

    Oda Brown foi o ex-marido branco de Anna, suspeito de assassinar a sua ex-mulher no início da investigação.

Irvin “Blackie” Thompson

    De ascendência Cherokee, era um gangster conhecido como “Blackie”. Em 1923, foi libertado da prisão para trabalhar disfarçado no Bureau of Investigation, para encontrar os assassinos dos Osage. Ele escapou da vigilância e cometeu outros crimes, para desgosto do Bureau. White interrogou-o em 1925, e ele admitiu que foi abordado por Ernest sobre o assassinato de Bill e Rita.

Al Spencer

    Um gangster notório e violento, também conhecido como Terror Fantasma. Ele se torna uma figura criminosa proeminente no imaginário popular e foi supostamente contatado por Hale para cometer os assassinatos de Bill e Rita Smith. 

Dick Gregg

    Gregg era um jovem assaltante que pertencia ao gangue de Spencer que, enquanto estava preso por roubo, se tornou um informante importante no contexto da investigação de White.

Frank “Jelly” Nash

    “JellY” era um membro do gangue de Spencer e foi um dos condenados que acabou por ser transportado durante o Massacre de Kansas City.

Xerife Harve M. Freas

    Era o xerife do condado de Osage em 1921. Embora tivesse a reputação de ser duro com o crime, Freas também era conhecido por permitir que contrabandistas e jogadores operassem na sua jurisdição.

Scott Mathis
 
    Mathis era o proprietário da Bill Hill Trading Company e empresário local. Foi o gerente financeiro de Anna Brown.

William J. Burns

    Burns foi um detetive particular proeminente, conhecido pela sua predisposição para violar a lei. Os detetives que trabalhavam para si investigaram o assassinato de Anna. Em 1921, foi nomeado diretor do Bureau of Investigation, mas seu mandato corrupto foi breve.

A. W. Comstock

    Comstock era um advogado local e guardião de vários membros da tribo Osage. Ele teve um bulldog inglês branco. Inseriu-se na investigação, mas Necia Kenny acusou-o de estar envolvido na conspiração.

Necia Kenny

    Necia Kenny era uma mulher branca casada com um membro da tribo Osage. Kenny destacou que o advogado A. W. Comstock, guardião de vários osages, provavelmente estava envolvido na conspiração. Apesar do seu histórico de doença mental, Hoover sentiu que podia ter a chave do caso como informante para obter pistas e possivelmente como testemunha.

Curley Johnson

    Curley era um homem que Gregg acreditava ter informações sobre o assassinato dos Smiths.

Sargent Prentiss Freeling

    Freeling foi o advogado de Hale e ex-procurador-geral de Oklahoma.

Jim Springer

    Advogado de John Ramsey, foi contratado por Hale. Springer era um “consertador”, um advogado com influência interna no sistema jurídico.

Burt Lawson

    Lawson foi um prisioneiro da prisão estadual de McAlester, que confessou falsamente ter estado envolvido na conspiração para assassinar Bill e Rita Smith.

George Getty

    Advogado de Minneapolis, alugou o lote 50 no território Osage. O seu filho, Jean Paul Getty, fundará a Getty Oil Company.

Boxcar

    Boxcar foi o preso de Leavenworth que disparou sobre White durante uma tentativa de fuga de prisioneiros da penitenciária.

Clyde Tolson

    Tolson foi o diretor associado do FBI e companheiro de Hoover.

LeRoy Smitherman
 
    Este foi o segundo marido de Hattie Whitehorn. Grann encontra evidências de que o homem pode ter conspirado com Hattie e outra mulher para matar Charles Whitehorn.

JJ Faulkner

    Faulkner foi uma personagem sem escrúpulos, que tentou chantagear Hattie Whitehorn. Grann encontra evidências convincentes de que ele também a tentou envenenar, porém a mulher sobreviveu.

Dennis McAuliffe Jr.

    Editor de jornal que pesquisou a morte da sua avó, Sybil Bolton, publicou um livro de memórias, The Deaths of Sybil Bolton (1994), sobre o caso.

Governador Walton

    Walton foi governador do estado de Oklahoma e acabou por sofrer um impeachment em 1923 por ter abusado do sistema de perdão e aceitado contribuições ilícitas de petróleo.

Horace Burkhart

    Irmão de Ernest e Bryan, era o bom irmão. Horace não esteve envolvido nos crimes.

Ernie Pyle

    Pyle foi um repórter famoso que entrevistou White em 1939.

Fred Grove

    Fred Grove foi um escritor de faroestes que trabalhou com White para escrever um livro sobre o caso Osage.

Personagens ligadas ao Bureau of Investigation e/ou Washington DC

 J. Edgar Hoover
 
    J. Edgar Hoover é o diretor do Bureau of Investigation. Hoover usa o caso Osage para estabelecer a necessidade de uma agência mais poderosa e influente e, através dela, acumula um vasto poder em Washington, DC. Figura enigmática e a quem é difícil agradar, nem sempre apoia os seus agentes, especialmente quando decide que eles pode acarretar uma imagem negativa para si enquanto diretor ou para a agência.
 
Charles Curtis
 
    Estamos na presença de um senador dos EUA, eleito pelo estado do Kansas, com ascendência Osage e Kaw. Hoover teme a sua influência.
 
William B. Pine

    William Pine é outro senador dos EUA, neste caso eleito pelo estado do Oklahoma, defensor do sistema de tutela.
 
JC “Doc” White
 
    JC é o irmão mais novo de Tom. Mais rude e ousado do que o mano mais velho, também havia sido Texas Ranger antes de ingressar no Bureau. Ambos faziam parte de um grupo de agentes conhecido como Cowboys.
 
Harlan Fiske Stone
 
    Harlan Stone é nomeado procurador-geral em 1924 e acaba por selecionar J. Edgar Hoover para dirigir o Bureau, primeiro com caráter temporário e depois permanentemente.
 
John Burger
 
    Burger é um agente que participou na investigação inicial de 1923, tendo sido mantido por White na equipa que tomou conta do caso em 1925.
 
Frank Smith
 
    Frank Smith é um Texas Ranger, incluído na equipa de White. O agente foi ferido no Massacre de Kansas City, mas sobreviveu.
 
John Wren

    Wren é um agente com ascendência nativa americana (Ute) que foi reintegrado como investigador para trabalhar na equipa de White.

John Leahy

    Leahy é promotor no julgamento de Ernest, contratado pelo Conselho Tribal Osage.
 
Flint Moss
 
    Moss é o advogado de Ernest Burkheart.
 
Dudley White
 
    Dudley é o irmão mais velho de Tom, que também acaba por se tornar Ranger. Morreu no cumprimento do dever em 1918.
 
Coley White
 
    É o terceiro irmão de Tom, que se torna xerife do condado de Travis.
 
Bessie Patterson
 
    É a esposa de Tom White.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Personagens da tribo Osage

Anna (Wah-hrah-lum-pah) Marrom
 
    Anna é a irmã mais velha de Mollie, desaparecida em 21 de maio de 1921. Alegre e animada, a jovem é a filha favorita da mãe. Gosta de beber álcool e há rumores de que estaria grávida no momento do seu desaparecimento.


Minnie (Wah-sha-ela) Smith
 

    Minnie é a quarta irmã de Mollie. Apesar de se tratar de uma pessoa bastante jovem e de gozar aparentemente de boa saúde, morre súbita e celeremente de uma doença misteriosa em 1918. Embora as circunstâncias que rodeiam o seu passamento sejam suspeitas, ninguém é acusado de a assassinar. Era casada com Bill Smith.


Rita (Me-se-moie) Smith

    Rita é outra das irmãs de Mollie. Casa-se com William Smith, um homem branco, após a morte de Minnie. O casal acaba por ser assassinado quando a casa que ambos habitam explode em 1923. Estamos na presença de uma mulher inteligente e apaixonada pelo marido, não obstante a violência doméstica de que é vítima, dado que ele a agride ocasionalmente


Lizzie

    Lizzie é a mãe de Anna, Mollie, Minnie e Rita. Suspeita-se que a sua morte prematura em julho de 1921 tenha sido causada por envenenamento.


Ne-kah-e-se-y

    Ne-kah-e-se-y é o pai de Mollie. O homem prefere usar o seu nome Osage, mas os comerciantes locais chamam-no habitualmente Jimmy e é assim que é conhecido localmente. A sua morte ocorreu num tempo anterior ao retratado no livro de David Graan, ainda assim a referência à sua pessoa é importante, visto que se tratava de um membro muito importante e influente no contexto da tribo, conhecido pela seu caráter atencioso e inteligência.

 
James Big Heart

    Big Heart é um importante chefe osage multilíngue. No início da década de 1900, adiara com sucesso o esquema de distribuição do governo dos EUA e depois negociou termos que se revelaram muito mais favoráveis aos membros tribais. É tratado por alguns como “Osage Moses”.


George Big Heart

    George é sobrinho de James Bigheart. Enquanto estava no hospital, em junho de 1923, compartilhou evidências cruciais acerca dos assassinatos com W. W. Vaughan antes de morrer por suspeita de envenenamento.


John Palmer

    John é um jovem advogado que auxilia James Bigheart na negociação de verbas com o governo dos EUA. Filho de uma mulher Sioux e de um comerciante branco, Palmer é criado por uma família Osage e casa-se com uma mulher da tribo.


John Flower

    John Flower é o nativo Osage que descobre petróleo nas terras que pertencem à tribo, mais de uma década antes do acordo de regulação negociado com o governo dos EUA.


Charles Whitehorn
 

    Charles desapareceu em 14 de maio de 1921, uma semana antes de o mesmo suceder com Anna, mais tarde descoberta assassinada. David Grann investiga o crime e sugere que a viúva do homem, Hattie, poderá estar envolvida no seu desaparecimento.


Henry Roan

    Henry é um homem de 40 anos, casado e com dois filhos, assassinado em 1923. Desposou Mollie na juventude numa cerimónia tradicional dos Osage, facto que ambos esconderam quando atingiram o estado de adultez.


Rose Osage

    Rose, como o nome indicia, é uma mulher nativa que terá confessado o assassinato de Anna por tentar seduzir o seu namorado, Joe Allen. Mais tarde, foi inocentada das suspeitas.


William Stepson
                
    Pais de dois filhos, foi assassinado por uma injeção de veneno em fevereiro de 1922.


Bacon Rind

    Bacon foi um chefe Osage na década de 1920 que lamentou a ironia de que os colonos brancos terem expulsado os Osage para as terras aparentemente mais pobres e indesejadas dos emergentes Estados Unidos, porém terem ficado extremamente interessados nelas quando perceberam o quão valiosas eram.


Katherine Cole

    Estamos na presença de uma mulher Osage e ex-eposa de Kelsie Morrison. Ela concorda em testemunhar pela acusação e quase morre em virtude de tal. Felizmente para si, o assassino decide não disparar sobre ela no último segundo.


John Cobb

    John é o segundo marido de Mollie, depois de terminado o enlace com Ernest. Parte Creek e parte branco, ele e Mollie mantiveram um relacionamento amoroso que redundou em casamento em 1928.


Kathryn Red Corn


    Kathryn é a diretora do Museu da Nação Osage. Trata-se de uma mulher mais velha e culta, cuja família recebeu um headright em 1906.


Margie Burkhart

    Margie é neta de Mollie e Ernest e está casada com um membro da Creek Seminole Nation. Desempenhou um papel de uma personagem não dançante no balé que representou o Reinado do Terror.


Martha Vaughan

    Martha é neta de W. W. Vaughan e auxiliou o autor da obra a conhecer detalhes da vida e da morte do seu avô.


Melville Vaughan

    Melville é primo de Martha Vaughan. Tem um conhecimento apreciável sobre a vida do avô, que acaba por partilhar com David Graan.

 
Hlu-ah-to-me


    Hlu é um membro do julgamento Osage, que morre de tuberculose quando o seu tutor lhe nega acesso a cuidados médicos.


Eves Tall Chief


    Eves morre também em circunstâncias misteriosas, tendo sido a bebida apontada como a causa da sua morte, o que é posto em causa por múltiplas testemunhas, que afirmaram que o homem não bebia.


Maria Elkins

    Maria é uma figura trágica, como tantas outras, neste caso por ser torturada pelo marido, tortura a que, no entanto, consegue sobreviver.


Sybil Bolton
 
    Sybil é uma bela jovem que morre com um ferimento de bala nopeito.


Marvin Stepson


    Marvin é o neto de William Stepson, que compartilha igualmente informações com Grann.


Mary Jo Webb

    Mary é uma professora aposentada, ansiosa para saber o que aconteceu com o seu avô, Paul Peace, falecido em 1927, por isso pede a Grann que investigue o caso.


Wah'Kon-Tah

Wah é a força vital que envolve tudo e todos no sistema de crenças Osage.
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