segunda-feira, 21 de julho de 2025
Relato de viagem: "Em Macau..."
Processos fonológicos * Palavras divergentes e convergentes 1
sábado, 19 de julho de 2025
A origem da pontuação
1. Os
povos mais próximos de quem herdamos muito do que é o nosso modo de vida, a
cultura, a língua, etc., escreviam de forma bem diferente da que hoje usamos.
De
facto, os Gregos escreviam sem espaços entre as palavras, sem pontuação, sem
qualquer diferente entre minúsculas e maiúsculas, ou seja, dispunham as letras
ininterruptamente, umas atrás das outras:
HOJEÉSÁBADOEESTÁMUITOVENTOOCALORABRANDOUPORALGUNSDIASMASDEVEVOLTAREMFORÇANOSPRÓXIMOSDIAS
No
entanto, foi na Grécia Antiga que surgiram os primeiros sinais de pontuação que
conhecemos, porém não passaram de experiências pessoais, provavelmente para
facilitar o processo de leitura, que não vingaram na época e, portanto, não se
tornaram norma. Tanto quanto se sabe, o sistema mais importante e conhecido foi
o criado por Aristófanes de Bizâncio, um gramático, filólogo e bibliotecário
grego, nascido por volta de 257 a.C. e falecido por volta de 180 a.C.,
conhecido pelo seu trabalho na Biblioteca de Alexandria. Aristófanes foi um dos
primeiros estudiosos a realizar edições críticas de obras literárias,
especialmente de poetas como Homero, Hesíodo e os trágicos gregos. Além disso,
desenvolveu um sistema de acentuação e sinais diacríticos (como os
acentos agudo, grave e circunflexo) para o grego, ajudando os leitores a
pronunciar corretamente as palavras. Também introduziu sinais de pontuação
primitivos a apontar diferentes pausas nos textos para facilitar a leitura em
voz alta. Além disso, ajudou a organizar e categorizar obras literárias
na Biblioteca de Alexandria, separando-as por gêneros e autores. Esse trabalho
foi fundamental para preservar muitos textos antigos.
2. Os
Romanos atuaram de forma muito semelhante aos Gregos. Por exemplo, um
dos maiores escritores latinos – Cícero (106 – 43 a.C.) – considerava que a
pontuação era uma cedência indesculpável ao facilitismo. Não obstante, num ou
noutro texto, encontramos um ponto a meio da linha a dividir as palavras. Seja
como for, que Gregos quer Romanos utilizaram a chamada escrita contínua.
3. Na
Idade Média, os monges das ilhas britânicas começaram a pontuar os textos
latinos que liam, visto que o inglês antigo que falavam então era muito
diferente do latim e nem todos possuíam
conhecimentos suficientes da língua romana para os ler sem estarem pontuados.
Note-se que, na época, os monges comiam enquanto ouviam leituras da Bíblia, que
deveriam ser expressivas e sem falhas. Se quem lia cometesse algum erro ou
alguma falha durante a leitura, seria castigado.
Convém
ter presente que a conexão entre a leitura, a pontuação e o domínio do sagrado
eram anterior àquele tempo. De facto, Santo Agostinho (teólogo e filósofo,
nascido em 354 d.C. e falecido em 430) defendera já nos séculos IV e V a necessidade
de pontuar os textos sagrados, de modo a conservar o sentido da Bíblia.
4. O facto
referido no ponto 3 mostra que a pontuação estava ligada à leitura em voz alta,
todavia, com a passagem do tempo, a leitura silenciosa foi ganhando espaço,
pelo que a pontuação permitiu que essa as frases se tornassem mais claras e
mais fáceis de ler em silêncio.
5. Quem
sabia ler e quem possuía hábitos de leitura ganhou consciência da importância e
utilidade da pontuação, pelo que esta se foi espalhando pelo continente europeu.
Assim, quando surgiu a imprensa na Europa, cerca de 1439, graças a Gutenberg
(o seu inventor terá sido um chinês chamado Bi Sheng no ano de 1040), a
pontuação começou lentamente a generalizar-se.
Este
processo enfrentava, porém, um constrangimento. Com efeito, não havia regras
mais ou menos definidas para pontuar um texto, como sucede hoje em dia. Cada
autor, cada revisor, cada editor ou ada tipografia pontuava os textos ao seu
«gosto», o que naturalmente gerava uma grande confusão e incoerência.
Com o
avançar do tempo, o hábito de pontuar os textos foi-se enraizando e a pontuação,
embora continuasse a ser bastante flexível, foi ganhando alguma ordem e coerência.
6. Cada
sinal de pontuação tem uma origem e história definidas. O sistema criado pelo
já citado Aristófanes de Bizâncio usava um ponto superior para marcar uma pausa
significativa, um ponto a meio da linha para marcar uma pausa menos prolongada
e um ponto na parte inferior da linha para marcar uma pausa breve. Este último
ponto constituía, portanto, uma espécie de vírgula, embora se situasse no local
da fase e da linha onde atualmente usamos o ponto final. Com o tempo, este
ponto situado na parte inferior da linha foi o único que sobreviveu dos três
referidos.
7. Por
sua vez, a vírgula
teve a sua origem no uso de barras oblíquas a meio de uma frase para marcar uma
pausa: O meu tio faleceu / mas deixou muitas saudades. Aldo Manúcio (um
impressor e humanista italiano, fundador da Aldine Press, nascido em
Itália, em 1149, e falecido em Veneza, em 1515) diminuiu o tamanho dessa barra
e deu-lhe uma forma curvada, pendurando-a na linha.
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Modelos / Minutas do JNE
Provas Finais e Exames Finais Nacionais 2025
Modelo 16-A – Alegação justificativa de reclamação de prova
Modelo 16 – Requerimento para reclamação de prova
Modelo 15 – Requerimento para reclamação de prova final
Modelo 12-A – Alegação justificativa de reapreciação de prova
Modelo 12 – Requerimento para reapreciação de prova
Modelo 11 – Requerimento para reapreciação não automática de prova final
Modelo 10 – Requerimento para retificação das cotações
Modelo 09 – Requerimento para consulta da prova
Modelo 02 – Requerimento para Alteração de Escola
Análise do poema "Amor, que o gesto humano n’alma escreve", de Camões
O assunto do soneto é simples: o sujeito poético, certo dia, viu a mulher amada a chorar, por isso ele mesmo subitamente começou também a verter lágrimas. Logo após esta descrição, que ocupa as duas quadras, no primeiro terceto, interpreta o pranto da mulher como uma manifestação de benevolência para com ele próprio, todavia não tem a coragem de acreditar nisso, visto que, se se provasse ser verdade, correria o risco de enlouquecer. No segundo terceto, o poeta, dissociando-se do sujeito lírico, chama a atenção do leitor (“Olhai”) para o poder sobrenatural de Amor, dado que é capaz de gerar lágrimas a partir de lágrimas. No primeiro caso, o choro é apenas sinal de compaixão, enquanto, no segundo, é sinónimo de uma felicidade tanto imortal quanto ilusória.
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Análise do poema "Fui criança, indo por um carreiro, a caminho do mar", de Fiama Hasse Pais Brandão
O poema, da autoria de Fiama Hasse Pais Brandão, é constituído por uma única estrofe, constituída por 13 versos livres, brancos ou soltos, e aborda a temática da infância, convocando a memória para a rememoração desse tempo e do impacto que teve na formação espiritual e emocional do sujeito poético. De facto, a experiência sensorial da Natureza molda-o-
O sujeito lírico recorda um passado distante – o da infância –, daí o recurso ao pretérito perfeito do indicativo (“Fui criança.”). Metaforicamente, retrata-o como um carreiro, que simboliza o percurso dessa fase da vida, uma passagem inicial, rodeada pela Natureza. Esse carreiro desagua no mar, um espaço que remete para a ideia de vastidão, de descoberta, de aventura. O mar, de facto, simboliza a vastidão da vida, a liberdade e o desconhecido – o destino para onde a criança caminha, representando a passagem para um mundo mais amplo e complexo – o da adultez. Durante o percurso, o «eu» poético vai de mão dada (supostamente com alguém), um gesto que representa afeto, proteção e cumplicidade: a criança não está sozinha, há quem a acompanhe e guie (talvez um adulto – um pai, uma mãe) através da Natureza – “entre árvores, pedras, insetos e aves” (esta enumeração de elementos naturais caracteriza-se pela diversidade e vida exuberante e evidencia a atenção que o «eu» infantil dedica ao que o rodeia – a Natureza funciona, assim, como companhia e cenário). Resumidamente, o carreiro simboliza o caminho estreito e inicial da infância, o percurso inicial, ainda protegido e embalado pela Natureza, rumo ao mar (a descoberta / a maturidade), em direção à maturidade.
O verso 4 recorda a poesia de Cesário Verde e Alberto Caeiro: “Toda a Natureza me coube nas pupilas”. O sujeito poético capta o mundo por meio dos sentidos, das sensações, nomeadamente, no caso do verso citado, da visão. Além das sensações visuais, nele ocorre uma hipérbole: toda a Natureza «caber» nos olhos do «eu» sugere a sua capacidade de maravilhamento, característica da infância. O verso seguinte personifica-a como mestra, isto é, como «algo» que ensina, e apresenta-se a si mesmo como «discípula», ou seja, como alguém que aprende a lição que a professora ministra. Note-se que o uso do feminino clarifica que o «eu» poético é uma mulher. Quer isto dizer que a infância é uma fase de aprendizagem, concretizada através da experiência sensorial do mundo. A Natureza é, em síntese, representada como uma mestra viva e sensível, que educa o «eu» através do que os sentidos conseguem captar. Através dos seus elementos (som, cor, movimento, etc.) e das suas ausências (silêncio, distância), ela ensina o sujeito lírico a sentir emoções como o prazer, a perda, a dor e a pertença. Neste contexto, as pupilas constituem uma espécie de portal sensorial através do qual a criança absorve o mundo – trata-se de uma espécie de abertura, de aprendizagem. A criança que o «eu» foi é, portanto, a discípula da Natureza, alguém que absorve o mundo com total abertura sensorial e emocional, conduzido e protegido pela mão de um adulto.
Quando o «eu» fechava os olhos e deixava de contemplar a Natureza, esta punia-o “com o silêncio cruel das ondas” (a ausência do som natural – sensação auditiva – é opressiva e dolorosa), com a “mudez imerecida dos insetos” (novamente o silêncio e nova sensação auditiva, representando um castigo injusto e vulnerável) e com a distância das aves, que lhe causava dor. Ou seja, o «eu» lírico relacionava-se com a Natureza, que o deixava maravilhado, através dos sentidos e das sensações, nomeadamente do olhar, o primordial. Fechando os olhos, deixa de poder contemplá-la, de se maravilhar com ela, e isso causa-lhe sofrimento e dor. Como castigo, a Natureza fica em silêncio, impedindo-o de com ela contactar, na ausência de visão, através do sentido seguinte mais abrangente: a audição. Esse sofrimento e essa dor intensificam-se com a distância de outro elemento natural: as aves. Além do corte da visão e do silêncio, a separação física delas – símbolo de liberdade – ampliam a sensação de perda e intensifica, a dor, pois representam a perda da ligação imediata e afetiva com o mundo natural e, simbolicamente, com a liberdade e a inocência da infância.
Quando abria os olhos e voltava a contemplar a Natureza com o olhar, o mundo regressava, abundante, generoso, acolhedor (o contacto com ela através dos sentidos é essencial para a plenitude), apaziguador e dele(a) (nota-se aqui um sentimento de pertenças forte, uma fusão entre o sujeito poético e o ambiente natural que o rodeia. No entanto, quem o guiava no tempo da infância – a “mão que me trazia a mão” (a repetição do nome «mão» reforça a ideia da ligação entre a infância e o amparo proporcionado pelos adultos, mas também o caminho em direção para uma nova fase da existência) – levava-o além da atitude de contemplação da Natureza, puxava-o – a mão que puxa representa o crescimento inevitável – para o crescimento, para a “luz de cada dia”, isto é, o quotidiano, o amadurecimento inevitável, para o qual é conduzido pelo adulto, experiente, conhecedor da vida e que já enfrentou aquele caminho, aquele processo. Assim sendo, a “luz de cada dia” associar-se-á à consciência, à maturação, à entrada consciente no mundo dos adultos. Por outro lado, essa transição da infância para a adultez constitui um movimento gradual, mas inevitável: o «eu», ligado à Natureza, é conduzido pela mão em direção ao futuro.
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Análise de O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos
I. Vida de José Mauro de Vasconcelos
II. Obras
III. Obra
IV. Época
V. Ação
1. Resumo
2. Estrutura
3. Resumo dos capítulos
3.1. Primeira parte
3.1.1. Primeiro capítulo
3.1.2. Segundo capítulo
3.1.3. Terceiro capítulo
3.1.4. Quarto capítulo
3.1.5. Quinto capítulo
3.2. Segunda parte
3.2.1. Primeiro capítulo
3.2.2. Segundo capítulo
3.2.3. Terceiro capítulo
3.2.4. Quarto capítulo
3.2.5. Quinto capítulo
3.2.6. Sexto capítulo
3.2.7. Sétimo capítulo
3.2.8. Oitavo capítulo
3.2.9. Último capítulo
VI. Análise dos capítulos
2. Capítulo I
2.1. Título
2.2. Ação
2.3. Caracterização das personagens
a) Zezé
b) Totoca
c) Mãe
Caracterização de Totoca (capítulo I da 1.ª parte)
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Caracterização de Zezé (capítulo I da 1.ª parte)
Ação do capítulo I da 1.ª parte de O Meu Pé de Laranja Lima
A ação da obra abre com o recurso a uma analepse, cuja função reside em introduzir na narrativa a primeira grande descoberta do narrador: ele revela à família que já sabe ler e que aprendeu a fazê-lo sozinho.
De facto, o capítulo inicial começa com Totoca a acompanhar Zezé e a ensinar-lhe o caminho até à escola. Nesse momento, a narração recua alguns dias, concretamente até ao momento em que a criança dera a entender que já sabia ler, primeiro ao tio Edmundo e, de seguida, a toda a família. Todos ficam incrédulos e testam-no. Confirmada a situação, decidem que, como sabe eu, Zezé deverá entrar na escola rapidamente, mesmo sendo necessário mentir quanto à sua idade (dado que tinha apenas cinco anos) até porque, assim, daria menos trabalho em casa.
Análise do título do capítulo I da 1.ª parte de O Meu Pé de Laranja Lima
O
título do primeiro capítulo é “O Descobridor das Coisas” e remete pra um dos
traços do protagonista: a sua curiosidade, a vontade de compreender tudo o que
o rodeia, desde como atravessar a rua até conceitos tão profundos como “idade
da razão” ou questões do quotidiano como “aposentadoria”. Neste contexto, o
nome «coisas» é propositadamente vago, pois designa tanto um qualquer objeto (uma
rua, um comboio, etc.) quanto o invisível (os sentimentos e as emoções
suscitados pela música, a dor da violência física, o mistério de aprender a ler
sozinho, etc.). Zezé enfrenta uma realidade dura: a violência doméstica, a
pobreza, a falta de afeto e amor, por isso uma forma de sobreviver e enfrentar
essa realidade consiste em transformar tudo em descoberta. Porém, reside aqui
um paradoxo: ele é uma criança que descobre algumas coisas cedo demais, como
confessa nas linhas finais: “A verdade, meu querido Portuga, é que a mim
contaram as coisas muito cedo.”
Título da 1.ª parte de O Meu Pé de Laranja Lima
O Meu Pé de Laranja Lima está dividido em duas partes, dois momentos que caracterizam o crescimento do protagonista, Zezé.
A primeira parte tem o subtítulo “No Natal, às vezes nasce o Menino Diabo”, o qual configura “uma desconstrução satírica da imagem de esperança e redenção que se atribui emocionalmente ao «Menino Jesus»” (Miguel Neves Santos, op. cit., pág. 8). Por outro lado, remete para a imagem de “Menino Diabo» que Zezé vai, ao longo da narrativa, criando de si próprio a partir do modo como os outros se lhe referem, o caracterizam e reagem às suas partidas e travessuras.
Resumo do último capítulo - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima
No capítulo final, muito breve, uma espécie de confissão, é já o narrador Zezé-adulto que se dirige a Manuel Valadares, mais de quarente anos depois dos acontecimentos, e lhe confessa o impacto que ele teve na sua vida.
De facto, Zezé relembra, com ternura e saudade, o vínculo afetivo que manteve com o Portuga durante aquele breve período da infância. Em simultâneo, confessa que, apesar de tantos anos volvidos, por vezes ainda parece sentir-se criança e espera que ele reapareça com presentes simples, como figurinhas ou bolas de gude, os quais simbolizavam o afeto, o cuidado e a atenção que recebia de Valadares. Além disso, reconhece que foi o português quem lhe ensinou a ternura da vida, um sentimento que tenta manter vivo até ao presente, compartilhando afeto com os outros, mesmo quando erra ou se engana, porque, afinal, “a vida sem ternura não é lá grande coisa”.
Por outro lado, num tom melancólico, admite que foi precocemente atingido por detalhes da realidade dura e cruel que chocam com a inocência e a esperança que devem ser preservadas no decurso da infância. É com essa reflexão sobre a dureza de ter conhecido as dores da vida demasiado cedo, relembrando uma frase de Dostoiévsky para expressar a tragédia de uma infância interrompida pela dor e pela perda.
A obra termina, pois, de forma poética e dolorosa, mostrando que as marcas da infância permanecem vivas na memória e no coração de Zezé. É um adeus simbólico ao Portuga e à criança que um dia foi, uma criança que conheceu o peso da vida antes do tempo, mas que também conheceu o valor do amor verdadeiro.
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Resumo do capítulo VIII - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima
Zezé recupera e recomeça a sua vida, apesar do vazio enorme que sente. É já quase restabelecido que escuta a novidade do pai: fora nomeado gerente da Fábrica de Santo Aleixo, o que significa que a situação financeira da família irá melhorar. É precisamente isto que o pai promete: pegando nele ao colo e falando-lhe com carinho, garante-lhe uma vida melhor, com presentes no Natal, viagens e uma nova casa com muitas árvores. Além disso, tenta resgatar o vínculo afetivo, relembrando a medalha do índio e prometendo devolvê-la num novo relógio.
No entanto, Zezé, apesar das palavras otimistas do progenitor e do seu gesto de carinho, de aproximação, afasta-se, confuso e magoado, e reflete que aquele homem não é seu pai – o seu verdadeiro pai, na sua perceção afetiva, tinha partido no dia em que o Portuga morreu, símbolo do afeto e compreensão. Quando seu Paulo tenta consola-lo, dizendo-lhe que, no futuro, poderá escolher novas árvores, acrescentando que não haverá motivo para temer o corte do seu pé de laranja lima, visto que não acontecerá a curto praxo, Zezé desaba. Em lágrimas, assume simbolicamente, sem que o pai compreenda o alcance e o significado das suas palavras, que a sua árvore já fora cortada há mais de uma semana, associando-a, assim, ao desaparecimento do seu amigo Portuga.