O tema
do sacrifício do filho surge em textos seminais do Oriente, como, por exemplo,
a Bíblia, através de Abraão, e a mitologia grega, através de Ifigénia,
personagem da Ilíada.
Na
Bíblia, no Génesis, Abraão oferece o seu filho primogénito, Isaac, em
sacrifício para provar a sua fidelidade à divindade. Ora, o ritual é
interrompido pelo próprio Deus, que considera que o gesto de Abraão constitui
já prova de amor e adoração.
Há uma
relação entre o gesto de Abraão e a atitude da aia: a lealdade. Tal como sucede
com a figura bíblica, também no conto de Eça se confrontam a fidelidade a um
Senhor e o amor ao filho. No entanto, na casa da ama de leite, a lealdade é
levada ao extremo, tanto que o amor de mãe se torna secundário perante a
submissão à rainha e aos interesses do reino. Ao contrário do que sucede na
narrativa bíblica, o sacrifício do filho da aia não é interrompido por nenhum
Deus piedoso; o seu filho não é substituído pelo cordeiro, antes se torna o
cordeiro que substitui o príncipe.
O
episódio da Ilíada tem contornos semelhantes: o sacrifício de Ifigénia.
Agamémnon provocou a ira de...
Continuação da análise: aqui.
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