1. Registos formal e informal
O
contexto situacional em que se encontram dois interlocutores condiciona as
escolhas linguísticas que ambos fazem. Por outro lado, o tipo de relação social
que mantêm (marcado por fatores como a idade, o sexo, o grau de instrução,
etc.) condiciona igualmente o grau de formalidade da sua interlocução, que pode
oscilar entre um registo mais informal ("Dá-me esse livro!") e um
registo cuidado ou mais formal ("Não se importa de me dar esse
livro?").
2. Formas de tratamento
Cada
falante dispõe de um conjunto de formas de tratamento para comunicar e que
refletem as relações existentes entre si: de familiaridade, de amizade, de
submissão, etc.
A
opção por uma determinada forma de tratamento em detrimento de outra é
determinada por alguns critérios:
. a relação de familiaridade /
proximidade;
. a idade e o estatuto
social dos falantes (em termos de hierarquia social e profissional;
. o sexo;
. o grau de instrução;
. …
As
principais formas de tratamento são as seguintes:
. Familiar (é usado na intimidade, entre iguais e de mais velhos para
mais novos): tu, querido, amigo;
. Nome próprio: o João, a Maria;
. Você: este termo é considerado, pelo português europeu, uma forma
de tratamento menos respeitosa, de nível mais popular. Situa-se entre o tu e o senhor. Por outro lado, em determinados ambientes (citadinos,
classes mais altas), o uso de você é considerado elegante, sendo usado entre
iguais, ou como forma de tratamento íntimo. Porém, nos estratos socioculturais
mais populares de determinadas regiões, o pronome você ainda é usado de inferior para superior como sinal de
respeito, de deferência. Pelo contrário, nos estratos mais cultos, este
tratamento é entendido como muito deselegante e a sua utilização ofensiva. Já
no que diz respeito ao português do Brasil, o você é de utilização corrente e familiar;
. Sujeito nulo subentendido: quando nos dirigimos a uma pessoa com quem não temos
suficiente familiaridade para a podermos tratar por tu e como entendemos o uso de você
como deselegante e ofensivo, optamos por recorrer ao sujeito nulo subentendido
ou, então, à explicitação do nome do nosso interlocutor ou do grau de parentesco precedido de artigo
definido:
. Está bom?
. A mãe foi à missa?
. A avó vai sair com o avô?
. A Joana viu o seu colega no cinema?
. De cortesia: o senhor
/ a senhora: estas formas de tratamento formal mostram maior respeito
ou distância social no tratamento;
. Académico: senhor professor, senhor
doutor, Professor Doutor, etc.;
. Honorífico: Senhor Primeiro-Ministro, Senhor Presidente da República, Vossa Excelência, Vossa Senhoria;
. Eclesiástico: Vossa Santidade (Papa), Vossa Eminência (cardeais), Monsenhor, Vossa Reverência, etc.;
. Nobiliárquico: Vossa Alteza, Vossa Majestade, Sua Majestade, etc.
Estas
formas de tratamento podem surgir conjugadas:
. A
senhora dona Cláudia…
. Senhor
engenheiro…
Fontes:
» Dicionário Terminológico;
» AMORIM, Clara e SOUSA, Catarina, Gramática da Língua Portuguesa, Areal Editores