O governo de José Sócrates «pensou» que a tecnologia seria uma das soluções para a educação portuguesa, tendo sido o computador «Magalhães» o símbolo dessa modernidade.
O governo de António Costa, na esteira da Estratégia TIC 2020, prepara-se também para fazer submergir o ensino português em nova aposta tecnológica. Santana Castilho, como tem sido seu timbre, não foi suave na sua crítica:
"É
inegável que os tablets permitem
armazenar muitos livros, protegendo do peso das mochilas as colunas vertebrais,
sem abdominais nem dorsais que as sustentem, de crianças obesas, em parte
porque se tornaram escravas sedentárias da “usabilidade” e da
“interoperabilidade” de tablets, smartphones e demais gadgets do século
XXI. Mas já há reflexão que importa e desaconselha a substituição radical do
papel pelo digital.
Nos EUA
fizeram contas e concluíram que o uso de tablets
multiplicou por cinco o custo dos clássicos manuais. Porque são caros,
partem-se facilmente e não se arranjam facilmente. Ficam obsoletos rapidamente,
como convém ao negócio. E há que pagar royalties anuais a editores, custos de infraestruturas
wi-fi e treino de professores para os
usar. E quanto ao ambiente? Desenganem-se os ecologistas porque, segundo o The New York Times de 4 de abril de 2010
(How green is my iPad?), a produção
de tablets é bastante mais destrutiva
e perigosa do que a produção de livros em papel. Mas, acima de tudo, há
evidências científicas de que ler em papel facilita a compreensão e a
memorização por comparação com a leitura digital e que a perda da motricidade
fina que a aprendizagem da escrita com papel e lápis permite é danosa para o
desenvolvimento das crianças. Finalmente, há a certeza de que o preço dos tablets e a ausência de wi-fi na casa das crianças pobres as deixará
ainda mais para trás."